- Fique com eles.
Enquanto vestia uma blusa preta de manga comprida e gola alta, preparando-se para enfrentar o que a natureza pudesse lhes ofertar novamente Bosque adentro, Gisèle ouviu a sugestão de Tereza. Ela voltou-se para a amiga ao descer a blusa pelo tronco, sentindo o calor confortável que o tecido podia lhe proporcionar.
Gisèle cerrou as sobrancelhas em dúvida.
- O quê?
- Fique com Caiden - a ruiva explicou e tomou Cöda nos braços, tirando-o de seu canto na tenda - e Cöda.
Gisèle balançou a cabeça.
- Eu preciso ir, Tereza - sorriu tristemente e tirou os finos fios de cabelo aloirados de dentro da gola da blusa. - Acho que inclusive será bom. Por que não fica?
- Não quero ficar - a ruiva lhe respondeu, dando de ombros. - O que quer dizer com isso?
- Com o quê?
- Que será bom ir.
Gisèle sentou-se em seu colchão e relaxou o corpo. Ela inspirou profundamente. Estava cansada e não queria mais ter que lidar com aquilo sozinha, agora que a bomba de Caiden ter adoecido pesava-lhe mais que qualquer coisa nas costas.
- Preciso te contar uma coisa.
Gisèle contou tudo a Tereza sobre a conversa com Dante meses atrás. A amiga apenas a ouviu em silêncio, não esboçando reação alguma, hora ou outra tirando os próprios cabelos das mãos hábeis de Cöda, que não continha-se.
- Por que não nos contou antes, Gis?
- Não achei relevante - Gisèle mentiu. - Mas, já que isso tem tirado meu sono...
Tereza arfou.
- Seja o que for... vamos descobrir juntas. Juntos. Eu, você e Caiden. Assim que ele se recuperar.
Os olhos azuis de Gisèle reverberaram a luz do sol e iluminaram a tenda - e o inocente coração de Tereza.
- Tenho sorte de ter vindo conosco - Gisèle admitiu com um sorriso ao mesmo tempo emocionado e triste. Suas mãos geladas alcançaram a de Tereza. - Acho que eu estaria surtando agora se não fosse por você.
- Conte comigo, sempre - Tereza tomou-lhe as costas da mão e beijou carinhosamente. Levantou-se em seguida. - Agora, vamos. O dia já começou. Se quer tanto ir, então eu vou também.
- E Cöda?
- Tenho certeza que o xamã não se importará em olhar o pequeno.\
- Boa sorte a ele.
Prepararam-se para partir logo pela manhã, como acordado. Aurèlia os esperava com seu ar imponente, preparada, no centro da clareira.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasyEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...