Frey correu como se seus pés não pudessem tocar a terra daquela floresta escura. A Kino chegou tarde demais para avisá-los. Quando alcançou a clareira, viu os soldados vindos de todos os cantos. Os gritos de pavor e angústia das pessoas que considerava como a própria família invadiram seus ouvidos e a afoiteza a moveu.
Viu-se sozinha, distante, mas o arco e flecha em sua mão lhe pinicava, como se pedisse para ser usado.
A Kino ergueu a arma e apontou para o meão da clareira, para a cabeça do homem que ousou aproximar-se dos mais velhos, mais novos, dos incapacitados. Sua flecha disparou com uma pontaria certeira e o soldado tombou do cavalo, sem vida. Ela decretou a guerra que ali se iniciou.
Aurèlia e Caiden partiram para a clareira sem esperar por serem seguidos.
Azura obrigou-se a se pôr de pé em um segundo, desprendendo-se do homem que a amparava. Düran viu quando a pressão da amiga caiu e tentou segurá-la novamente, mas a garota não permitiu. Ela abaixou-se e pegou a própria adaga no chão, ao lado do corpo do homem que ousou torturá-la com aquela arma tão preciosa para ela, pertence de seu pai e avô.
Os soluços ainda a acometiam e impensadamente sua mão repousava sobre o abdômen ferido, cuja dor não dava indícios de quando pararia, assim como o sangue quente que escorria. Ela ouviu o som de tecido rasgando e virou-se para trás a tempo de ver Düran fender a camisa que usava sobre uma regata.
- O que está fazendo? - a garota indagou.
- Estanque o sangue - Düran rapidamente estendeu o tecido fino de cor vinho para ela, um bom comprimento. - Sei que é teimosa e vai lutar.
Azura tomou o tecido em mãos e passou-o ao redor do abdômen. Sentiu uma dor aguda onde a faca lhe cortou, apesar da adrenalina que agora corria a mil por suas veias. Ela amarrou firmemente e torceu para que a gambiarra fosse suficiente para sustê-la em pé um pouco mais.
- É claro que vou.
Düran concordou com a cabeça, ofegante, e reacomodou a espada ensanguentada em mãos. Seus olhos pararam na amiga. Seu peito doeu. Queria puxá-la para perto, colocá-la em cima de uma árvore, em segurança, e pedir que ficasse ali até ele voltar e contar que era seguro descer. Entretanto, perdeu todo o direito quando matou o antigo Düran. Sabia também que ela lutava muito melhor que ele e, ainda por cima, era persistente, para não chamá-la de cabeça dura.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasyEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...