6. O Nascimento de Kaha, o Forte

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O reflexo no espelho já não lhe era o de alguém habitual

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O reflexo no espelho já não lhe era o de alguém habitual.

Suas entradas nos cabelos estavam maiores e algumas marcas de expressão desenhavam-se em sua testa e olhos cansados, mas seu corpo ainda era forte. Por sinal, estava mais forte do que nunca.

Rei Sohlon limpou o suor da testa. O calor era tanto na Cidade de Crisântemo que o homem tirou também sua camisa, jogando-a em um canto da arena e tomando novamente a espada em mãos com um sorriso de quem não desistiria fácil.

Seu fiel braço direito e o marechal de seu exército, Roto, riu do cansaço do homem ao vê-lo treinar.

- Não é mais tão jovem, meu rei?

Sohlon não lhe respondeu. Não verbalmente. Ele avançou com a espada, golpeando Roto, que se defendeu, recuando um passo para trás. Os dois travaram aquela batalha como se dançassem uma coreografia friamente executada. Lutavam todas as manhãs, sabendo exatamente o passo que o outro tomaria, o que dificultava que houvesse um vencedor.

Sohlon era bom, tão bom quanto Roto. Os dois cresceram juntos, mesmo após Sohlon ascender ao trono, dando ao braço direito a maior patente de sua guarda.

Cansado de lutar, Sohlon usou da força bruta para desarmar Roto, cuja espada voou das mãos até o outro lado da arena. Sohlon o chutou ao chão e pisou em seu peito, colocando a espada na garganta do amigo, finalizando-o.

- É bom retirar o que disse, Roto. - Ele riu, estendendo a mão para ajudá-lo a se levantar. - Estou cada dia mais jovem.

Os velhos amigos riram.

O Rei Sohlon tomou sua camisa e secou o suor do rosto e do corpo. Pelo canto do olho, viu uma criada aproximar-se.

- Meu rei?

- A criança nasceu? - Ele perguntou, limpando a espada em mãos, sem olhar para sua criada.

- Sim, meu rei.

- É um menino? Saudável?

- Sim, um lindo menino, meu rei, saudável como um touro! - Ela sorriu, mas Sohlon não expressou emoção alguma.

- Dispensada.

A criada o reverenciou e saiu às pressas. Qualquer um temia estar na presença de Sohlon.

- Meu sobrinho vive? - Roto perguntou, despejando a água do cantil goela abaixo.

Sohlon concordou, recolocando a camisa.

- Agora, me retiro, velho amigo. - Ele abotoou o último botão da camisa. - Vou conhecer meu filho.

 - Vou conhecer meu filho

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Chamas de Petrichor {trilogia}Onde histórias criam vida. Descubra agora