Os joelhos de Lírio deslizaram pelo salão até chegarem a rainha. O homem a tomou nos braços, chorando como um bebê, e olhou para cima. Roto gritou com a dor e cambaleou para trás. A faca caiu ao lado do casal desamparado.
O marechal engoliu a dor de forma desumana e olhou para a mão. Arrancou a flecha e fitou o fundo do saguão quando outra veio. Desta, o homem desviou abismalmente rápido.
Azura avançava com outra flecha, pronta.
- Vão! - gritou para Lírio e para a rainha, estirada no chão com as duas mãos em volta do pescoço.
Odile desacreditou. Estava viva. O sangue jorrava de um corte começado em sua garganta, mas não fora profundo o suficiente. Lírio arrancou suas mãos de lá para olhar rapidamente. Chegou à mesma conclusão que ela. Assim, obedeceram à petrichoriana. Antes de se levantar, Odile tomou a faca que antes quase rasgara sua garganta. Lírio arrastou a mulher de lá em direção ao fundo do salão. Quando Roto ameaçou ir atrás deles, Azura disparou de novo. A flecha tinha como alvo seu crânio mas, desse vez, Roto a segurou no ar.
Azura parou. Aquilo era humanamente impossível. Viu aqueles olhos, as veias negras saltadas, e entendeu o porquê de ser guiada até ali. Não era sobre o rei, nem mesmo o marechal, era sobre Pouri. Entendeu, então, qual seu verdadeiro oponente ali. Tanto Roto quanto o Deus das Trevas sorriram o mesmo sorriso. O marechal avançou.
Lírio arrancou-a de lá com tanta voracidade que Odile mal tocava os pés no piso frio. Deixavam para trás um rastro de sangue incontrolável que a mulher tentava a todo custo estancar com uma das mãos.
Quando Nikki atravessou a porta com ela, deixando o saguão para trás, encontraram-se em um passadiço vazio. Ele colocou-a no chão e a rainha repousou as costas na parede atrás de seu corpo. O homem arrancou a camiseta e rasgou um pedaço com os dentes. Tirou as mãos de Odile de seu pescoço e envolveu o retalho ali.
- Não foi profundo - tentou acalmar tanto a si quanto a mulher. - Vai ficar bem.
Odile, ofegante e angustiada, tomou as mãos do homem assim que este terminou de cessar o sangramento.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasyEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...