As ruas de Petrichor exibiam os mais felizardos cidadãos de todo o Vale de Awa, principalmente no sagrado dia das Bodas de Sonca e Marama.
A lua estava ainda mais majestosa do que o habitual, como se a Deusa Marama iluminasse seus descendentes em terra.
Com um sorriso cortando o rosto de orelha a orelha, Azura atravessou todo o lugarejo. Era cumprimentada por todos e cumprimentava a todos.
Estava deslumbrante, assim como a cidade à sua frente, repleta de balões que rumavam aos céus com o fogo aceso a espalhar luz por todos os cantos. Quando aqueles pequenos balões caíssem, germinariam árvores e perpetuariam a vida que continuaria depois deles. Azura empurrou um para cima quando o mesmo chegou ao seu alcance, o que o fez flutuar para o Universo e juntar-se aos outros.
Ela caminhou extasiada por todo o vilarejo até finalmente atravessá-lo por completo, pisando na grama que dava origem ao extenso Campo.
O Campo era um lugar aberto, vasto, que estendia-se por quase um quilômetro morro acima. Era o ponto mais alto de Petrichor, onde todas as festividades aconteciam, onde eles estavam mais perto dos Deuses.
Azura tirou as botas e as tomou em mãos, sentindo a grama sob os pés descalços.
Quando o terreno voltou a planificar-se, ela viu seu povo reunido no Campo. Crianças corriam e famílias se reuniam, conhecidos se abraçavam e desfrutavam das comidas tradicionais espalhadas pelas fartas mesas.
Com um sorriso, o Velho Nero recebeu a filha. Ele estendeu-lhe um colar de flores das mais lindas gérberas, o qual colocou em volta do pescoço da filha, como tradição. O perfume das flores alastrava-se por toda a extensão do Campo.
- Feliz Bodas, minha filha. - O homem uniu as mãos e a saudou.
- Feliz Bodas, meu pai. - Ela o imitou, sentindo-se grata.
Azura viu a pequena Ava-Lee correndo com seu vestido lilás e a trança que havia feito nos cabelos loiros e compridos. Ela brincava com as outras crianças. Mais para frente, viu Vera e quem acreditou ser Bru, seu marido, abraçados e experimentando o pão-de-mel que pegaram disfarçadamente de uma das mesas, rindo como crianças. De outro lado, ela viu Marin segurando Arin nos braços. Ela o balançava enquanto conversava com os outros, rindo e apresentando seu filho. Sorriu para Azura ao vê-la ali.
Para completar a noite perfeita, Durän caminhou até ela. Seu amigo estava com o peito nu e uma calça vinho. A faixa de seus olhos estava pintada com o vermelho do urucum e um pouco da tinta estava espalhada por seus cabelos, como se ele tivesse limpado suas mãos ali depois de pintar o rosto.
- Está linda, Azura. - Ele a saudou, estendendo a ela o licor de menta servido em meia casca de uma laranja.
- Digo o mesmo, Durän. - Ela ergueu uma das sobrancelhas ao aceitar a bebida.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasíaEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...