7. Sozinha

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A casa de Caiden era maior que a de Gisèle, mas não melhor estruturada

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A casa de Caiden era maior que a de Gisèle, mas não melhor estruturada.

Ele morava em um sobrado que caía aos pedaços com a família que lhe restara - a que não fugira da cidadezinha assim que tivera a oportunidade, como seu pai.

Ele empurrou o portão de metal enferrujado e barulhento que dava para a pequena varanda de sua casa, já tomada pelas árvores e vegetação rasteira.

Seu sobrinho correu em sua direção quando o viu entrar, acompanhado de Gisèle.

Coli, filho da irmã mais nova de Caiden, Carú, tinha quase suas cinco primaveras completas. Carú o gerara muito cedo, com seus dezoito anos.

Apesar de ter sido uma gestação indesejada, apenas pelo fato de que Carú não queria criar a criança sozinha e muito menos em um mundo como aquele, Coli chegou para receber todo o amor daquela pequena família.

Caiden o pegou no colo quando o garoto se aproximou.

- Tio Cai! - O pequeno gritou, abraçando seu pescoço. - Você saiu cedo! A gente ficou preocupado.

Gisèle riu da pequena criança que, daquele tamanho, já tinha um vocabulário tão rico.

Caiden o botou no chão.

- Eu tive que salvar a pele da sua tia Gisèle, como sempre. - Caiden cochichou para o sobrinho.

Gisèle socou o ombro do amigo, o que fez a criança rir.

- Vêm, a vó fazendo um chá de erva cidreira, ela disse que a Gis gosta!

A criança correu de volta para a casa, deixando a porta aberta para eles.

- Sua mãe me mima demais. - Gisèle comentou, adentrando a casa como se já fosse sua.

- Ela gosta mais de você do que de mim. - Caiden brincou. Piadas à parte, Gisèle fora acolhida pela família como se fosse sangue deles. Era mais uma das filhas da dona Cida.

Subindo as escadas estreitas habituais da casa, Gisèle e Caiden chegaram à cozinha logo após Coli, que correu para seu quarto em busca de algo para brincar.

Na cozinha, Carú discutia com a mãe, Cida. A irmã mais nova de Caiden tinha os cabelos mais negros e encaracolados que todo o Vale de Awa já vira e ela os exibia com orgulho, soltos, pendendo sobre os ombros.

Dona Cida já tinha certa idade. Com um avental preso ao corpo e os cabelos castanhos esbranquiçados presos em um coque, ela despejava o líquido fervente com cheiro de erva-cidreira dentro de uma garrafa.

Quando os viu entrar, Cida se virou para eles, sustentando a barriga de grávida com uma das mãos. O terceiro filho estava por vir.


- Por que está enchendo o saco da mãe, Carú? - Caiden se sentou na mesa em frente à irmã, soltando os cabelos escuros e lisos.

Chamas de Petrichor {trilogia}Onde histórias criam vida. Descubra agora