63. Juras e Promessas de Logo Voltar

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Foco

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Foco. Era algo que lhe faltava há tanto. Não sabia o motivo, mas desde que botara os pés na Pedreira, meditar tornara-se difícil. Naquela tarde, Azura fugiu de tudo e todos, mergulhando nas florestas ao extremo oeste daquelas terras e obrigando-se a esquecer da vida e preocupações por pelo menos uma hora.

As árvores baixas e bem espaçadas não assemelhavam-se em nada com as do Bosque, um período de sua vida que foi ao mesmo tempo tão bom e tão traumático. Ela encontrou um pequeno córrego que escorregava por pequenas cachoeiras e soava como música aos seus ouvidos. Não tardou em tirar os sapatos e curtir da terra, sentando-se com os pés na água gelada e corrente.

Não importava o quanto fechasse os olhos e focasse apenas na beleza da natureza ao seu redor. Não importava o quanto evocasse as boas lembranças de Petrichor e os tempos bons em que tudo era fácil. Sempre que procurava esvaziar a mente, parecia conseguir livrar-se de todos os bons devaneios, mas não dos ruins, dos angustiantes e aflitivos, das lembranças carregadas de passados não tão distantes.

Um grunhido familiar a fez reabrir os olhos cinzentos. O som das saudações de Torahk sobre sua cabeça lhe fizeram esboçar um leve sorriso. O dragão negro deu uma volta ao seu redor, encobrindo o sol de Sonca que lhe beijava diretamente a pele. Aquele grandioso animal pousou do outro lado do córrego, olhando-a como se fosse um cachorro carente por carinho. Azura pôs-se de pé.

- Apareceu, é? - a mulher riu consigo mesma. Não conseguia entender. Tanto sobre Torahk lhe era um mistério. Como um dragão estava vivo e perdido no misterioso Bosque das Lamúrias, tão só? Onde estava sua mãe, seus progenitores? Ele era o único? O último? - Se pudesse falar seria mais fácil, não é?

Ela atravessou o córrego gelado e a água alcançou suas panturrilhas, beirando a barra de sua calça cor de vinho. Aproximar-se de Torahk não lhe dava mais medo, apesar de sempre sentir um indecifrável frio na barriga ao fazê-lo. Ainda não conseguira subir no dorso daquele animal tão magnífico. Ela estendeu uma das mãos para frente e o animal roçou o topo de sua cabeça ali, arrancando uma risada divertida da garota.

- Nós vamos dar uma volta, Torahk - contou-lhe. - Eu vou voltar lá pra Cinzas - acariciou os afiados chifres do dragão. - Você vai com a gente?

- Se esse animal te responder eu juro que vou cair duro.

A voz veio de suas costas, inconfundível. Torahk bufou ao vê-lo se aproximar, mas Azura sorriu ao olhar para trás. Düran timidamente lhe correspondeu.

- Venha - a garota o chamou. - Ele não morde.

Düran soltou um riso debochado.

- Duvido muito.

- Está me seguindo? - Azura perguntou, voltando-se para o animal que deitou-se ali como se precisasse de um repouso para tomar sol, em paz, assim como ela.

- Talvez - Düran comentou, erguendo os ombros. Tirou os próprios calçados e afundou os pés na água gelada, fazendo uma careta ao sentir o frio perfurar-lhe a pele. - Fiquei preocupado quando te vi hoje de manhã.

Chamas de Petrichor {trilogia}Onde histórias criam vida. Descubra agora