Aquele dia em especial prometia ser movimentado.
Gaia andava rapidamente por entre a correnteza de criados na fortaleza real que os reis podiam chamar de casa.
Ela atravessou a extensa ponte que, por entre grandiosos e glamourosos arcos ogivais, dava uma vista esplendorosa da magnífica Cidade de Crisântemo.
O dia já correra pela metade. Aquele era seu único descanso, quando deveria estar enfurnada na cozinha comendo uma rápida refeição antes de ter que lidar com a rainha novamente. Entretanto, seu coração ameaçava saltar pela boca. Estava prestes a fazer algo que podia lhe custar tudo.
Se acalme, Gaia, ela vociferava para si mesma. É o primeiro passo de grandes mudanças.
Ela sabia o que tinha que fazer. Era simples.
Seus passos ágeis eram tão rápidos que parecia correr. Obrigou-se a desacelerar.
A jovem mulher atravessou o extenso pátio da fortaleza real e rumou para os portões daquele terreno. Olhava para trás periodicamente para certificar-se de que não havia sido seguida ou estivesse sendo observada. Percebeu estar agindo de modo suspeito.
Ao passar pelos portões principais, inclinou a cabeça para um dos guardas, que lhe deu passagem.
Ela desembocou na praça central, onde tudo em Crisântemo acontecia.
Durante dias comuns como aquele, era apenas um centro comercial movimentado.
Gaia o atravessou, desviando das pessoas e dando pequenos saltitos para desviar de alguns cavalos que atravessavam.
A garota o viu parado ali, assim como estivera próximo à sua casa, horas atrás.
Ela fingiu espiar as vitrines de uma loja de doces antes que Isaac puxasse seu cotovelo para uma viela escura.
Gaia soltou o ar pesadamente.
- Conseguiu? - O homem perguntou.
- Não estaria aqui se não tivesse conseguido.
A jovem tirou uma chave do bolso. Não fora difícil conseguir. O molho de chaves ficava guardado em uma gaveta ali mesmo na cozinha onde ela passava considerável parte do dia.
Isaac pegou o objeto prateado em mãos e sorriu.
O homem tirou uma alicate do bolso, Gaia observou, e usou-o para pegar na ponta da chave. Com a outra mão, alcançou um isqueiro.
- O que vai fazer?
Isaac não respondeu. O homem acendeu as chamas do isqueiro e deixou que queimassem um lado da chave até que estivesse completamente carbonizado, escuro.
- Cacete, Isaac. Isso vai sair?
- Fica tranquila, garota.
Ele apagou o isqueiro e o guardou no lugar, tirando daquele mesmo bolso um rolo de fita adesiva. Isaac arrancou um pedaço da fita com os dentes e o colocou sobre o lado escurecido da chave. Pressionou de leve com os dedos e, quando tirou, o desenho da chave estava perfeitamente desenhado ali, na fita.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasyEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...