A pedido da pequena Ava-Lee, Azura trançou os cabelos loiros da menina como os da princesa Marama, na história.
Ela ouviu a movimentação na casa, os passos no piso de madeira se aproximando do quarto da menina.
Não demorou muito para que uma mulher de cabelos castanhos encaracolados aparecesse na porta. Seus volumosos cachos delineavam um rosto jovem. A mulher sorriu ao vê-la ali. Azura quase não percebeu o pequeno ser vivo que ela carregava nos braços - um bebê recém nascido, pequeno e quieto, que mal conseguia abrir os olhos.
- Oi, tia Marin! - A pequena a cumprimentou, colocando suas melhores vestes na cama para que Azura a ajudasse a escolher. - Essa é a Azura, a minha amiga.
Azura se levantou rapidamente e a reverenciou com as palmas das mãos unidas.
- É um prazer conhecê-la, Marin.
- O prazer é meu, Azura. Seu nome é familiar... Você não é filha de...?
- Sim, de Nero.
- O curandeiro! Aquele homem é fantástico. - Ela tirou o pedaço de pano que cobria o rosto da criança embrulhada, mostrando-lhe o bebê em seus braços. - Esse é Arin.
- Arin, filho de Marin. - Azura acariciou a cabeça da criança, que tentou erguer as sobrancelhas, mas foi impedido pela luz forte que entrava pelas janelas. - Muito prazer, Arin.
Marin sorriu para Azura, vendo a garota fissurada por seu filho.
Sentiu confiança em pedir-lhe um favor.
- Azura, filha de Nero, sei que não é de sua obrigação... Inclusive já está aqui ajudando minha sobrinha a se vestir, mas...Se importaria em olhar Arin por alguns minutos? Eu preciso muito tomar um banho e comer alguma coisa...
- Não me importaria nem um pouco! - Azura exclamou. Ela era fascinada por crianças, desde as do tamanho de Arin até a pequena Ava. - Mas eu estou suja...
- Não tem importância, querida.
Azura ajeitou o xale vermelho ganhado por seu pai de modo que ficasse em seu colo. Com cuidado, tomou o pequeno Arin nos braços. Marin parecia cansada.
- Aceita um chá, Azura? - A mulher ofereceu antes de sair do quarto.
- Não, muito obrigada, não quero incomodar.
- Não me incomodará! Pelo contrário. Vou colocar a água no fogo antes de entrar no banho.
Azura sorriu em agradecimento, sendo deixada no quarto com as duas crianças. Ela sentou-se novamente na cama, fascinada pelo pequeno Arin em seus braços.
- Ele é lindo, né? - Ava debruçou-se sobre ela nas pontas dos pés, procurando o rosto de seu primo.
- É mesmo, Ava.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasíaEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...