89. Na Palma Da Mão

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AVISO: Esse capítulo contém cenas de abuso sexual.

Deslizar colina abaixo costurando por dentre árvores e rochedos e pinheiros e pedregulhos não parecia ser o suficiente para baixar a adrenalina que corria pelas veias da petrichoriana

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Deslizar colina abaixo costurando por dentre árvores e rochedos e pinheiros e pedregulhos não parecia ser o suficiente para baixar a adrenalina que corria pelas veias da petrichoriana.

Dragões!, pensou consigo mesma. O dragão negro que a seguia lhe era um mistério sem resposta. De onde viera, como fora parar no Bosque, estava só? Era um ponto fora da curva? Estariam todos extintos e ele fora uma dádiva divina?

Não, era lá que estavam, escondidos em Cinzas. Ela lembrou-se do que Nero lhe contava quando já era uma pré-adolescente sedenta por histórias do Velho Mundo. Nero contava dos Kinos, dos espíritos maléficos do Bosque das Lamúrias, e a mulher acabou descobrindo depois que eram apenas lendas. Os Kinos eram só um povo livre. Ela sempre quis contar isso ao pai. Esperava que ele estivesse a acompanhando para ver suas descobertas. Entre tudo que Nero lhe contava, ele sempre citava os dragões. Ah, criaturas gigantescas de dentes afiados, cuspidoras de fogo.

Azura finalmente desceu ao vale. Seus pés descalços cobertos apenas por meias cravaram-se na terra cinza e seu peito encheu de emoção. Não se importou com os que pararam suas tarefas para olhá-la. Não se importou com a movimentação atrás de si, seus amigos chegando depois de tentarem acompanhá-la pela floresta. Tudo o que fez foi olhar para o céu, para os telhados das casas, para as copas das árvores. Estavam todos lá, de diferentes espécies. Albinos, avermelhados, cor de mostarda, azuis como as noites estreladas. Apenas um negro, ela percebeu. Sorriu para Tohrak ao vê-lo depois de tanto tempo.

Eles estavam aqui, pai - murmurou para o céu, para si mesma, e para o pai que esperava estar lhe ouvindo.

Azura irrompeu pela reerguida Cinzas e ignorou toda a atenção que chamava. Um rosto novo, mas de histórias conhecidas. As palavras do xamã de Cinzas retornaram à sua cabeça. Suas tatuagens te denunciaram, mas te marcaram para uma geração inteirinha. Percebeu então seus braços expostos, contando a todos quem era a estrangeira que corria por aquela estrada de terra.

A petrichoriana apenas parou quando o alcançou. Tohrak estava sobre uma espécie de depósito, uma construção alta nos arredores daquele lugar que ela chamaria de vila, mais movimentada do que achou que poderia ser. Tohrak se misturava com o céu escuro, mas seus inconfundíveis olhos dançavam com as chamas das tochas. Ela olhou fundo naqueles olhos amarelo-avermelhados e sorriu.

Oi - sussurrou, mais para si que para o amigo distante.

Quase de imediato, viu as gigantescas asas do animal se abrirem. Ele estava maior, muito maior, como se tivesse crescido tudo o que podia naquele pouco tempo em que não o viu. Tohrak mergulhou em sua direção e Azura deu dois passos para trás, dando-lhe espaço. Ouviu a movimentação dos cinzentos ao seu redor, saindo de debaixo do animal, dando-lhe área para pousar em frente a Azura.

Ela arfou de alívio ao vê-lo. Estava majestoso. Os chifres pontiagudos e as escamas afiadas estavam ainda maiores, esplêndidas. A luz que o iluminava reluzia por todo seu corpo, pelas escamas espelhadas como pérolas negras. A petrichoriana esticou a mão em sua direção e habitualmente Torahk encostou seu rosto ali, em sua palma. Ela acariciou sua face.

Chamas de Petrichor {trilogia}Onde histórias criam vida. Descubra agora