23. Encontrados

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Gaia desconheceu a mulher parada que refletia no espelho ornado de ouro puro da rainha à sua frente

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Gaia desconheceu a mulher parada que refletia no espelho ornado de ouro puro da rainha à sua frente.

O vestido lhe caíra como uma luva, delineando curvas em seu corpo que ela ao menos sabia que tinha. O desenho das vestes deixou seu pescoço longilíneo. Ela gostou do que viu, como se pudesse brincar de realeza por uma noite.

Viu a rainha aproximar-se pelo espelho.

Odile já estava de tirar o fôlego. Seus cabelos ondulavam-se sobre o peito e a coroa brilhava sobre seus fios castanhos. O vestido vermelho vinho lhe deixava ainda mais intimidadora. O decote em seus seios fora pensado para levantar suas curvas. Os ombros estavam à mostra, mas as mangas do vestido continuavam até esvoaçarem-se em detalhes dourados de tecido fino. Ela já estava maquiada. Optara por um batom escuro naquela noite, em um tom arroxeado que destoava em sua pele branca. Seus cílios estavam maiores e suas bochechas coradas.

Odile sorriu por cima do ombro de Gaia.

- Eu estava certa. - Ela passou as mãos pela saia do vestido que Gaia vestira. A rainha voltou a criada para si, observando-a. - Azul é a sua cor.

Gaia permitiu-se sorrir de empolgação pela primeira vez na noite.

A rainha tomou suas mãos. Gaia estremeceu ao olhar para as próprias unhas. Esperou pelo esporro da rainha, que não veio.

- Temos que cuidar disso, não é?

Odile fitou o rosto de Gaia.

- Você é muito bonita, Gaia. - As mãos delicadas da rainha soltaram o cabelo da criada. - Me deixe deixá-la ainda mais.

Gaia não entendia aonde a mulher queria chegar. A própria rainha colocou uma sombra clara nos olhos de Gaia e um batom nude escuro. Aproveitando dos furos nas orelhas, colocou dois brincos brilhantes e um bracelete fino e prateado no braço direito.

A rainha penteou os cabelos de Gaia e moldou cachos altos, prendendo duas mechas com uma presilha azul que imitava realisticamente uma borboleta.

Gaia sorriu para o espelho.

- Minha rainha...? - A criada perguntou, juntando o pouco de ar que lhe restava.

- Não pergunte. É minha maneira de agradecer por cuidar de meu filho.

Gaia sabia que, apesar de tudo aquilo, o benefício de tê-la por perto era da rainha. Além disso, exibi-la assim, tão bela, como uma criada, deixaria os convidados de queixo caído. Ainda assim, estava sem palavras.

- Me acompanhe essa noite. - Odile a pediu antes de sair do quarto. - Fique perto com o pequeno Kaha. Eu preciso de uma noite de folga, mesmo que vá ser difícil com esses... bajuladores.

Gaia sorriu, passando as mãos pelo vestido.

- Não deixe de curtir a noite, entretanto. - A rainha ordenou antes de sair pela monumental porta de seus aposentos. - Todos precisamos.

Chamas de Petrichor {trilogia}Onde histórias criam vida. Descubra agora