Gaia desconheceu a mulher parada que refletia no espelho ornado de ouro puro da rainha à sua frente.
O vestido lhe caíra como uma luva, delineando curvas em seu corpo que ela ao menos sabia que tinha. O desenho das vestes deixou seu pescoço longilíneo. Ela gostou do que viu, como se pudesse brincar de realeza por uma noite.
Viu a rainha aproximar-se pelo espelho.
Odile já estava de tirar o fôlego. Seus cabelos ondulavam-se sobre o peito e a coroa brilhava sobre seus fios castanhos. O vestido vermelho vinho lhe deixava ainda mais intimidadora. O decote em seus seios fora pensado para levantar suas curvas. Os ombros estavam à mostra, mas as mangas do vestido continuavam até esvoaçarem-se em detalhes dourados de tecido fino. Ela já estava maquiada. Optara por um batom escuro naquela noite, em um tom arroxeado que destoava em sua pele branca. Seus cílios estavam maiores e suas bochechas coradas.
Odile sorriu por cima do ombro de Gaia.
- Eu estava certa. - Ela passou as mãos pela saia do vestido que Gaia vestira. A rainha voltou a criada para si, observando-a. - Azul é a sua cor.
Gaia permitiu-se sorrir de empolgação pela primeira vez na noite.
A rainha tomou suas mãos. Gaia estremeceu ao olhar para as próprias unhas. Esperou pelo esporro da rainha, que não veio.
- Temos que cuidar disso, não é?
Odile fitou o rosto de Gaia.
- Você é muito bonita, Gaia. - As mãos delicadas da rainha soltaram o cabelo da criada. - Me deixe deixá-la ainda mais.
Gaia não entendia aonde a mulher queria chegar. A própria rainha colocou uma sombra clara nos olhos de Gaia e um batom nude escuro. Aproveitando dos furos nas orelhas, colocou dois brincos brilhantes e um bracelete fino e prateado no braço direito.
A rainha penteou os cabelos de Gaia e moldou cachos altos, prendendo duas mechas com uma presilha azul que imitava realisticamente uma borboleta.
Gaia sorriu para o espelho.
- Minha rainha...? - A criada perguntou, juntando o pouco de ar que lhe restava.
- Não pergunte. É minha maneira de agradecer por cuidar de meu filho.
Gaia sabia que, apesar de tudo aquilo, o benefício de tê-la por perto era da rainha. Além disso, exibi-la assim, tão bela, como uma criada, deixaria os convidados de queixo caído. Ainda assim, estava sem palavras.
- Me acompanhe essa noite. - Odile a pediu antes de sair do quarto. - Fique perto com o pequeno Kaha. Eu preciso de uma noite de folga, mesmo que vá ser difícil com esses... bajuladores.
Gaia sorriu, passando as mãos pelo vestido.
- Não deixe de curtir a noite, entretanto. - A rainha ordenou antes de sair pela monumental porta de seus aposentos. - Todos precisamos.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasyEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...