Com Crisântemo mergulhada no caos, Gaia correu em direção ao portão da frente.
Os gritos de Kaha não mais podiam ser ouvidos, encobertos pela barafunda crescente.
Gaia viu quando os soldados passaram por ela, rumando em direção ao fogaréu na torre principal. Nem ao menos lhe deram atenção - e ela agradeceu.
A garota rumou para os portões, vendo então a multidão de crisantianos que reunia-se ali para assistir a tragédia.
Gaia correu sem olhar para trás. Ela precisava fugir dos olhos de todos.
Em meio à multidão, uma figura destacou-se. Nafré também a vira. A irmã mais nova correu em direção à ela, seguindo até o beco onde, horas mais cedo, Gaia entregou a chave da cozinha para Isaac, provocando aquela baderna desenfreada.
A garota permitiu-se mergulhar em lágrimas quando viu a irmã mais nova parada bem à sua frente. A adolescente estava pasma.
O caos ao redor delas as encobria.
- O que aconteceu? - Nafré gritou para fazer-se ser ouvida em meio à arruaça.
Gaia não conseguiu responder. Ela apenas abriu o casaco e mostrou o pequeno príncipe aconchegado em seus braços.
Nafré levou as duas mãos à boca.
- Que merda você fez, Gaia? - ela murmurou. - Diz que não é quem eu estou pensando.
- Eu salvei a vida dele, cacete, Nafré! - Gaia descabelou-se.
Ela pensou rápido. Precisava voltar. Precisava estar lá dentro.
- Tome. - a garota colocou o bebê nos braços da irmã.
- O que quer que eu faça com ele?! - Nafré indagou. Parecia ainda mais desesperada que a irmã mais velha.
- Corra e não deixe que o vejam, entendeu?
- Correr pra onde? - Nafré se viu à beira das lágrimas.
Segurando os gritos de dor, Gaia tirou o agasalho do soldado e cobriu Nafré e Kaha. Ela viu as queimaduras em sua pele pela primeira vez. Seu braço esquerdo estava em carne viva.
- Vá para a rua Martina Vilante, é um beco próximo ao Porto das Rosas. Na única porta da rua, bata e peça abrigo para Lore. Diga que é minha irmã.
- O que vai fazer? - Nafré deixou as lágrimas de pavor escorrerem.
- Encobrir a mentira. - Gaia respondeu, determinada. - Corra, criatura, vá!
Nafré, aos prantos, correu em direção à onde a irmã lhe mandara, descendo a ladeira em direção ao Porto das Rosas com o coração - e o príncipe - nas mãos.
Gaia margeou a praça e misturou-se às figuras bem vestidas e desesperadas que saíam de dentro do salão.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasyEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...