Mesmo que por vezes sentisse que sua presença não era bem-vinda, Viorica desfrutava da companhia dos frutos daquela família. Além disso, quem tinha problemas com ela era Honda que, por algum milagre divino, sorria ao conversar com o marido em um canto.
As noites com a fogueira eram as melhores. Pelo menos uma vez ao mês, Tron lançava fogo nas toras de madeira que colhia esporadicamente.
A trepidação das chamas parecia tocar os céus e toda a família reunia-se em volta do calor confortável do fogaréu.
Viorica rodou um copo em mãos - o rum caseiro de Alaric que nunca falhava desceu queimando por sua garganta.
Talvez por isso Honda sorria, ela pensou. Assim como Tron. E Ginevra e Azriel. Alaric também. Nada como um copo cheio de álcool destilado para levantar os ânimos da família que parecia entrar em crise horas antes.
Viorica olhou para o céu. Não tinha noção das horas. Sabia apenas que a noite recém anunciada pela presença de Marama sobre suas cabeças significava que logo o toque de recolher a prenderia ali.
- Minha mãe vai me matar. - A garota cruzou as pernas e ergueu as sobrancelhas, sentada em um dos degraus da área externa da casa dos sogros.
- Não parece preocupada. - Alaric riu, sentando-se ao seu lado com uma garrafa marrom em mãos.
- Não estou. Amanhã eu fico, mas hoje... - Viorica deu de ombros e encarou seu namorado banhado pela luz das chamas. - Hoje eu quero só ficar com você...
- Está bêbada, Vio. - Alaric, mais resistente que ela, riu da baixa resistência da namorada para bebidas.
- Estou mesmo. - Ela cochichou, como se lhe contasse um segredo aos ouvidos.
Alaric sorriu e roubou-lhe um beijo. O homem quase esqueceu-se do drama familiar, recordando-se apenas ao ver Kohan voltar para o quintal da casa após um longo dia fora - sozinho.
- Onde ela está? - Ginevra passou as mãos por uma das pernas, afastando os insetos que a rondavam. Sua saia arroxeada e comprida deixou suas canelas à mostra quando ela cruzou-as.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasyEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...