Mesmo que a sonhadora Azura nunca tivesse botado os pés em território externo a Petrichor, ela era convicta de que não havia lugar mais bonito em toda a extensão do Vale de Awa.
Confiando às cegas em Shiro - que trotava a toda velocidade - ela observou as árvores frutíferas ao seu redor. Eles tinham fartura o ano inteiro, com as bênçãos de TeAo, o Deus da terra fértil.
Ela deixou que Shiro a guiasse, fazendo o caminho que seus instintos lhe mandavam.
Não demorou muito a Azura compreender para onde o companheiro a levava.
Mesmo que ela não gostasse de adentrar as águas do mar, a praia lhe trazia certa paz, ainda mais quando o sol estava beijando suas areias brancas com seu tom alaranjado pela manhã.
Ela fechou os olhos, sentindo o cheiro característico de Petrichor - o cheiro da terra molhada - invadir suas narinas. A garota sorriu.
Quando abriu os olhos novamente, viu quem a esperava com um sorriso na extremidade da praia, com um chapéu a proteger seu rosto dos raios de sol e uma cesta com dezenas de maçãs recém colhidas.
- Bom dia! - Durän a cumprimentou com o sorriso travesso de todos os dias.
Respondendo à saudação com um sorriso, Azura desmontou de Shiro, que imediatamente avançou na maçã que Durän segurava.
- Bom dia pra você também, Shiro. - O garoto dos cachos claros acariciou a face do cavalo.
Durän era como o irmão que Azura nunca teve a oportunidade de ter. Eles eram amigos de berço, nascidos com horas de diferença. Durän completara seus vinte anos no dia anterior.
Alguns diziam que eram tão parecidos que os Deuses apenas os dividiram nas barrigas das mães. Não, eles não eram parecidos na aparência, mas no jeito de andar, de falar, de viver e ver o mundo. Com todas as semelhanças que criaram entre si, a maior fora os planos que bolaram juntos durante toda a vida - sair de Petrichor e conhecer cada canto do Vale de Awa.
Durän sentou-se na areia fofa e quente da praia, acompanhado de Azura.
Lado a lado, não falaram nada por demorados minutos, até que o garoto cortou o silêncio.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasyEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...