36. Espíritos do Bosque | Parte 1

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Azriel sonhava profundamente naquela noite

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Azriel sonhava profundamente naquela noite. O arandiano gostava do canto que adotou naquele casebre. Era um quarto isolado, pequeno, onde ele jogou um colchão velho que encontrou no quarto do andar de baixo e ali encontrou refúgio. Deixara o quarto de casal para o casal e os outros três não se importaram em dividir o quarto de hóspedes, por mais que Kohan frequentemente reclamasse que a irmã e a petrichoriana não calavam a boca durante a madrugada, trocando ideias e feitiços e teorias da conspiração.

O arandiano despertou abruptamente ao som de um grito. Azriel sentou-se sem hesitação e viu o escuro. Nenhuma iluminação entrava no pequeno quarto.

O garoto forçou o ouvido mais profundamente. Esforçou-se a ouvir algo.

Nada. Nenhum mero som pôde repercutiu na casa. Ele voltou a se deitar. Mal conseguiu fechar os olhos quando ouviu novamente. O grito. Dessa vez, reconheceu perfeitamente. Era Ginevra.

Azriel não hesitou mais um segundo sequer em abrir a porta de seu quarto e sair correndo, ouvindo cada vez mais nitidamente o desespero de sua irmã.

- Gine!

Ele parou aos pés da escada, olhando para baixo.

Ginevra acabara de fechar a porta da casa e puxar um dos móveis da sala para frente, criando uma frágil barricada.

- Azri! - a irmã gritou de volta, olhando-o com olhos desesperados.

Uma investida contra a porta a fez gritar novamente.

Azriel irrompeu as escadas abaixo.

- O que é isso?! Onde estão os outros?

Ginevra estava pálida.

- Eu vi - em choque, ela sussurrou ao envolver suas mãos frias no braço do irmão.

- Viu o que, Gine?

As dobradiças da porta ameaçaram romper.

Quando Azriel voltou sua visão para procurar a de Ginevra, seus olhos depararam-se com o lado de fora.

A cortina da janela estava aberta e, através do vidro, ele teve a visão que nunca esqueceria.


O cheiro de podridão invadiu as narinas dos dois arandianos ali na sala.

Por mais que Azriel quisesse desviar os estupefatos e amedrontados olhos daquela figura, era impossível.

Do outro lado do vidro, viu uma figura afastada há pelo menos dez metros. O corpo acinzentado era completamente nu e não exibia sexo algum. Os membros compridos o deixavam alto, longilíneo, mas magro como um esqueleto. As unhas pareciam querer cravar-se em algo. Seus braços dobravam no sentido contrário das articulações do cotovelo, contorcendo-se ao se movimentar.

Azriel viu uma boca aterrorizante cortar o rosto de lado a lado. Seu olhar se focou na cabeça da criatura. Não tinha nariz e nem sequer olhos. Entretanto, Azriel soube que, o que quer que fosse, o encarava de volta.

Chamas de Petrichor {trilogia}Onde histórias criam vida. Descubra agora