Os crisantianos viram quando a realeza conheceu o caos.
Andando pela Cidade como baratas tontas e rumando para o ponto em chamas no acume da cidade, o povo costurava as ruas no sentido contrário daquelas duas figuras.
Isaac sustentava o peso de Gaia. A adrenalina que ainda corria pelas veias da garota a mantinha sã, mas seu coração parecia pesar o dobro.
Eles rumaram para as partes sombrias de Crisântemo, para a periferia onde a fome e a pobreza reinavam.
Andaram por demorados minutos e o sino da catedral ainda fortemente batia em seus tímpanos.
Quando Gaia se deu por si, já estava em uma rua conhecida.
Isaac a puxou para a ruela onde morava Dona Lore e desesperadamente bateu na porta. A senhora demorou míseros segundos para atendê-los.
A visão dos dois naquele estado despertou-lhe uma simpatia há muito adormecida.
- Minha criança... - a mulher serviu de colo para Gaia, que rumou dos braços de Isaac para os da senhora, permitindo-se voltar a chorar.
Isaac fechou a porta logo que a atravessou e os berros da criança puderam ser claramente ouvidos sem os ruídos do lado de fora.
Lore também fazia parte daquilo, querendo ou não. Os planos de adentrarem o palacete foram feitos sob seu teto e consentimento. Ainda em vida, queria lutar pelo direito daquele povo. Mas não assim.
Isaac despontou na frente, para os fundos da familiar casa de Dona Lore. Assim que ultrapassou o corredor escuro, encontrou-se na sala pouco iluminada da mulher.
Uma garota loira tinha os olhos inchados e vermelhos - e um príncipe nos braços. Ela trocou olhares assustados com Isaac antes de voltar-se para trás dele.
- Gaia! - Nafré gritou assim que a irmã adentrou a sala ao lado de Lore.
Gaia, ainda aos soluços, jogou-se no sofá. Não sabia porque chorava - se pela dor latente em toda a extensão de seu braço ou o pavor de ter que tomar uma decisão quanto àquela criança.
As batidas na porta não demoraram sequer um minuto para sucederem. Os quatro se entreolharam.
- Nos seguiram? - Gaia indagou por entre os suspiros.
Isaac nem mesmo a olhou. Ele tirou algo de dentro da camisa - uma faca.
Nafré juntou-se à irmã nos lamentos.
- Eu vou ver. - Lore comentou, calmamente, voltando-se em seguida para a garota loira - E cale a boca desse bebê!
Nafré arregalou as sobrancelhas.
- E como espera que eu faça isso, porra?
- Me dê ele aqui. - Gaia pediu.
Dona Lore sumiu de volta para os arredores de sua casa.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasyEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...