Tudo que Azura queria era fugir.
Não de Arande, não da família que a acolhera, mas da dor latente que fragmentara seu coração, ainda tão recente. Entretanto, ela parecia persegui-la.
Escondida em uma das escuras vielas de Arande, Azura viu quando eles chegaram à praça central. Aqueles mesmos soldados que tiraram a vida de seu pai, de Ava, de Arin, de Petrichor. Seu estômago embrulhou. Tudo o que a petrichoriana queria era tirar também a vida de um por um, não importavam quantos fossem.
Com uma das mãos ela apertou o xale vermelho enrolado no pescoço, o qual não ousava separar-se. Com a outra, tirou a adaga escondida na calça.
Entretanto, sentiu mãos delicadas e geladas segurarem em seu punho.
Ela olhou para trás. Viorica olhava sobre ela, para os soldados no centro.
- O que foi? - ela ouviu a voz de Alaric indagar.
- Há alguma coisa diferente... - a garota pronunciou.
Azura guardou a adaga e observou.
Os soldados desceram um a um de seus cavalos. Um deles, o que parecia liderar aquela breve expedição à Arande, aproximou-se da catedral. Azura viu quando ele bateu à majestosa porta do lugar. O som ecoou até os ouvidos dos três, escondidos ali.
Um homem abriu a porta, vestido com trajes de dormir. Azura reconheceu como o xamã, a figura mais importante daquelas terras.
Trocaram poucas palavras, o soldado e o xamã. O segundo recolheu-se após pouco tempo de conversa, mas deixou a porta aberta.
- Mas que merda...? - Viorica indagou.
Para respondê-la, o som ensurdecedor do badalar do grande sino da catedral chegara aos ouvidos dos três - e de toda Arande.
- O que significa? - Azura gritou para os dois por entre o barulho.
Viorica suspirou, parecendo aliviada. Seus olhos arregalados, no entanto, a contradiziam.
- Quer dizer que todos devemos ir para as ruas.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasíaEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...