65. O Sol Não Nasceu

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Celeste não era mais que um pequeno amontoado de cobertores nos braços de seu marido

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Celeste não era mais que um pequeno amontoado de cobertores nos braços de seu marido. Pöli os trouxe para a casa que a rainha ocupara, seguindo as indicações da própria, que o seguiu lado a lado na carroça. Quando os cavalos pararam em frente ao pequeno estabelecimento abandonado e em ruínas, não tiveram como não agradecer. Apesar de qualquer pesar, era um lugar muito melhor que aquela tenda coletiva.

Pöli colocou sua esposa no colchão indicado por Odile, no quarto, e retornaram à sala.

- Nikki chegará logo - murmurou mais para si do que para os outros. Quis ter o que oferecer além de um copo de água. Era o pouco que tinha e logo teria que ir atrás de mais. Ela olhou para a família parada naquela saleta. Lili parecia prestes a congelar, encolhida nos braços de Fin. Pöli estava tão nervoso e apreensivo que parecia não se importar com o gelo que caía do lado de fora quando a noite chegou. - Vou acender um fogo.

- Eu faço isso - Fin logo se levantou, rumando em direção à lareira com as paredes chamuscadas e pedaços de tijolos caídos e desgastados. Alcançou o pouco de lenha que tinham ali.

- Daisy - a pequena Lili a chamou -, estou congelando.

- Ah, querida... - Odile logo procurou por todos os cobertores surrados em seu quarto e deixou a porta do mesmo fechada, isolando Celeste, que parecia dormir como uma pedra. Ela embrulhou Lili com um dos cobertores e deixou os outros para os dois homens da família. Os três. Deco parecera gostar do sofá, apesar de empoeirado e com molas quebradas. - Aqui, se agasalhe.

Lili aproximou-se do fogo que se acendeu na lareira e iluminou o local gradativamente.

- Talvez devêssemos achar alguma coisa para comermos - Fin tirou os cabelos do rosto, limpando o suor que o fogo lhe trouxe.

- Vou ver como está sua mãe - Pöli adentrou o quarto e os deixou na sala.

- Nikki chegará logo - Odile repetiu. - Com Kaha e, com sorte, alguma coisa para comermos.

- Quem é Kaha? - Fin indagou.

- Meu filho - com orgulho, Odile respondeu. Os olhos da pequena Lili brilharam.

- Você tem um príncipe? - a garotinha perguntou, arrancando risadas dos dois presentes. - Como ele é?

- Ele é... - Odile não conseguiu responder de primeira. Podia ser a mãe mais coruja de todas, mas no fundo sabia o quanto seu pequeno era deslumbrante. Entretanto, descrevê-lo era doloroso. A cada dia que se passava, Kaha se parecia mais com o pai. Mas não em tudo. - Ele tem os meus olhos.

Como se tivesse sido invocado, Lírio apareceu na porta. Tinha o corpo todo agasalhado por pelo menos três de suas blusas mais quentes e o rosto coberto por um cachecol que conseguira no mercado por uma merreca. Odile lhe deu uma bronca, dizendo que o dinheiro que tinham era para comida. Ele replicou que não precisaria mais comer se morresse congelado alguma noite daquelas. Olhou para seus convidados e depois para sua mulher.

Chamas de Petrichor {trilogia}Onde histórias criam vida. Descubra agora