- Por que está nervosa?
Gaia sobressaiu-se ao ouvir a voz da mãe.
Distraída, a garota prendia os cabelos castanhos em um coque alto e bem feito, tomando os devidos cuidados para não deixar fios soltos.
Ela viu a mãe pelo espelho, parada ali em sua porta.
O sol já ameaçava entrar pelas frestas das janelas da humilde moradia da família.
- Não estou nervosa.
Rose aproximou-se da filha. A mulher tinha os cabelos aloirados e ralos sempre presos em um rabo de cavalo baixo. Tivera a primeira filha jovem. Ainda era uma bela mulher.
Pelo ombro, virou uma impaciente Gaia para ela.
Rose tomou as mãos da filha e as observou. Suas unhas estavam roídas. Algumas pontas dos dedos estavam enfaixadas, encobrindo ferimentos auto-infligidos. Rose conhecia a menina.
Gaia tomou novamente as mãos para si.
- Como a rainha se sente com uma criada-pessoal tão desleixada?
- A rainha não se importa.
Gaia despiu a camisola e vestiu um confortável e elegante vestido preto. Jogou um xale verde por cima e se olhou no espelho. Rose a observava.
- Devia passar uma maquiagem de vez em quando.
Gaia revirou os olhos.
- O que foi? - A mãe protestou. Ela tomou o queixo da filha e a olhou de frente. - É tão bonita...
- Por que pega tanto no meu pé, mãe? - Gaia bufou.
- Porque o seu trabalho nos sustenta aqui, criança.
- Não sou mais uma criança.
Rose riu uma risada debochada. Gaia preferiu não discutir.
- Não estrague tudo. - A mãe pediu, como se soubesse que a filha escondia algo.
Um barulho alto de panelas caindo no andar de baixo fez a conversa findar ali.
- Por que não implica com Nafré? - Gaia passou pela mãe e saiu do quarto. - É ela quem precisa de atenção.
As duas desceram as escadas uma atrás da outra.
Nafré, a filha mais nova, segurava uma frigideira em mãos enquanto tentava recolher as outras panelas que derrubara no chão.
Gaia e Rose a observaram sem dizer nada, procurando explicações para a arruaça tão cedo.
- Acho que eu vi um rato. - A filha mais nova murmurou.
- E tentou matar com a panela? - Gaia provocou.
- Com a frigideira. - A loira levantou-a como se fosse óbvio.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasyEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...