32. Sangue Necessário

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O chuvisco gelado era tão fino que penetrava as copas das árvores e recaía sobre aquela meia dúzia de fugitivos de modo que os ensopava e congelava aos poucos, de modo torturante

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O chuvisco gelado era tão fino que penetrava as copas das árvores e recaía sobre aquela meia dúzia de fugitivos de modo que os ensopava e congelava aos poucos, de modo torturante.

Eles apagaram a fogueira por segurança logo antes de decidirem por descansar.

Aos poucos, cinco pegaram no sono. Quatro. Azura se dispôs a ficar acordada por algumas horas antes de acordar o próximo que tomaria seu turno. Não sabia há quanto tempo estava imersa nos livros de bruxaria da avó de Ginevra. Havia se perdido nas páginas e anotações antigas de modo que seu sono estava longe de a acometer.

De soslaio, viu a figura familiar se aproximar.

Ginevra não conseguira pregar os olhos. Todas as vezes que os fechava, a imagem de seu pai morrendo aos seus pés vinha para assombrá-la.

A bruxa abaixou-se de cócoras ao lado da petrichoriana, sentando-se em seguida em sua frente.

Nada disseram. As duas se viram sozinhas como nas noites que passaram em claro a conversar sobre a vida, o passado, o futuro, a magia. Dessa vez, pela primeira vez, tinham um ponto de partida.

Ginevra inspirou o ar profundamente e o soltou com dificuldade. Tinha algo a contar.

- Eu não sei o que está acontecendo comigo, Azura - ela admitiu, sem olhar para a amiga. - Eu sinto que alguma coisa mudou, mas não sei o que.

Azura a olhou sobre o livro, tentando decifrar aquele olhar melancólico que fitava a terra.

A arandiana prosseguiu.

- Desde a noite passada eu estou sentindo um formigamento estranho nas pontas dos dedos, na nuca, atrás dos olhos, e eu não sei se é algo bom. Eu não sei controlar. Eu tenho medo de... de surtar e acabar machucando vocês como fiz com aquele homem.

- Aquele homem ia me matar - Azura a lembrou. - E essa é sua família. Tem uma diferença gritante.

- Eu sei, mas... - Ginevra arfou. - Eu preciso entender isso.

Azura fechou o livro e a estudou, pensando se compartilhava com ela sua nova teoria.

- Eu tenho uma hipótese com base nas anotações de sua avó - revelou, por fim. - Mas não se anime tanto. Não sei como proceder. Talvez só venha a lhe revelar um problema.

- Diga - a bruxa pediu.

Azura se ajeitou no lugar e tamborilou os dedos na capa dura do livro, guardando-o novamente na mochila.

- Você me contou que... começou a dominar o fogo quando se queimou, não foi?

Ginevra concordou. Azura continuou.

- Bom, você desenvolveu suas habilidades curativas logo depois de perder sua avó para uma doença horrenda e ontem... impediu que aquele soldado cortasse minha garganta, já prevendo o que aconteceria.

Chamas de Petrichor {trilogia}Onde histórias criam vida. Descubra agora