14. Justiça

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Quando o primeiro raio de sol surgiu sobre as cabeças dos conterrâneos de D'Ávila, Caiden e Gisèle já estavam longe do mundo que conheciam

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Quando o primeiro raio de sol surgiu sobre as cabeças dos conterrâneos de D'Ávila, Caiden e Gisèle já estavam longe do mundo que conheciam.

Não saberiam dizer o quanto andaram nem em que direção seguiram, apenas que a paisagem pouco verde da cidade se transformara gradativamente em um extenso bosque, com árvores altas que os protegiam do sol que nascia impetuoso.

Os pés de Gisèle doíam, mas não tanto quanto seu coração.

Uma gota de chuva escorregou pelas folhas das árvores e respingou em seu rosto, fazendo-a fechar os olhos.

A loira despertou de seu estado catatônico. Um soluço ardeu-lhe na garganta, mas ela não ousou abrir os olhos. Seus pés cravaram-se no chão.

Caiden parou, olhando para trás com a feição impassível de quem não tinha mais nada a perder.

Gisèle chorou.


Caiden não soube reagir. Gisèle era a mulher mais forte que ele conhecia, logo ao lado de sua mãe e irmã.

Com cuidado, como se pisasse em ovos, o homem aproximou-se da amiga e tomou o irmão nos braços, que resmungou. Caiden tirou-lhe os tecidos que cobriam seu corpo. Estavam encharcados.

A criança, que mal conseguia abrir os olhos, estava quieta e minúscula nos braços do irmão.

A visão periférica de Caiden viu quando os olhos azuis de Gisèle se abriram, ainda mais claros que o costume, banhados em lágrimas sentidas. Ela olhava para a criança, e Caiden a olhava.

Ela engoliu um soluço e tirou os cabelos do rosto.

- O que vamos fazer, Cai? - Sua voz embargada perguntou. Gisèle era forte. Já havia sentido a dor do luto ao perder os pais. Agora, deixara a amiga e a mulher que cuidou dela como filha. Lhe restavam o melhor amigo e um ser humano tão novo que nem nome possuía. - Não temos nada. Não temos nem como alimentar essa criança, Caiden...

Caiden não conseguiu sustentar o olhar de Gisèle. Ele apenas apressou-se em tirar a jaqueta e admirou-se com o interior da mesma já seco. Embrulhou o irmão no agasalho e o contemplou. Aquela pequena criança deveria estar aos prantos, chorando de fome e desconsolo, mas parecia entender. Entender que nascer era a primeira de muitas dificuldades que enfrentaria pela vida.

- Gis? - O amigo a chamou, sem tirar os olhos do pequeno ser humano que encontrava conforto em seus braços.

- O que foi?

- Ele precisa de um nome.

Quando Caiden levantou os olhos para Gisèle, estavam banhados de lágrimas que teimavam em se conter nos globos oculares, deixando a visão do homem embaçada e turva.

Gisèle deu um passo à frente, sentindo-se egoísta. Caiden precisava mais dela agora do que ela precisava dele.

- Pensou em algum? - Disse, de modo doce, escondendo toda sua preocupação com o momento.

Chamas de Petrichor {trilogia}Onde histórias criam vida. Descubra agora