Era curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos.
Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...
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- Qual é a do toque de recolher aqui?
Azura esforçava-se para acompanhar os passos de Kohan. As vestes emprestadas de Ginevra lhe cobriam as tatuagens até a altura do pescoço enquanto andava pelo movimentado centro comercial de Arande.
- Temos faz um certo tempo já. - Kohan a respondeu sem voltar-se para trás. O homem olhava as frutas e mercadorias expostas lado a lado pelos corredores, escolhendo o que mais lhe agradava dentre as opções. - Acho que faz uns dez anos, por aí.
- Dez anos? - Azura ergueu as sobrancelhas.
- É. Começou como um jeito de evitar os arruaceiros da madrugada. Imagina o que era esse centro aqui antes dessas regras?
Ela olhou em volta. Os arandianos a assustavam.
- Não tínhamos isso em Petrichor. - Ela sussurrou ao ouvido do homem alto.
Ele riu e voltou-se para ela, entregando uma sacola de laranjas que acabara de comprar.
- Aqui não é sua terra. Essa gente não é seu povo. Vai precisar de garra pra ficar aqui.
Azura sentiu uma leve alfinetada.
- Acha que me intimido com isso aqui?
Kohan deu de ombros.
- Só estou te alertando.
Dois dias haviam se passado desde que ela chegara ali, sobrevivendo em terras novas. Pouco conhecia sobre a família que a acolhera, entretanto. Conhecia Ginevra de conversas da madrugada e tentativas falhas e frustrantes de despertar sua magia adormecida. Conhecia Honda de horas que passava na cozinha ajudando a mulher a cozinhar para aquela família de coelhos. E, por mais que se intrigasse com Kohan e os outros homens da casa, não tinha tido oportunidade de conhecer bem nenhum deles.
- Pois saiba que...
- Espere aí. - Kohan a interrompeu. O homem viu o irmão se aproximando. Alaric costurou as pessoas para chegar até eles com um sorriso travesso no rosto. - Aposto que tem coisa aí. - Sussurrou para Azura, que também o viu aproximar-se.
Estava certo.
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