Planos têm margens de erro, planos B's e C's, todos sabiam disso, principalmente Aurèlia. Entretanto, situações como aquela apareciam sem aviso prévio. Situações em que pensar rápido salvaria-lhes as vidas, mais do que um plano bem feito o faria. Nesses casos, não havia margem para erros. Era tudo ou nada, onde improvisações poderiam ser necessárias, principalmente por Aurèlia ter lhes dado apenas poucas palavras e ordens rasas.
A Kino sentiu a palpitação no coração ao separar-se do grupo. De um lado, Caiden, Azura, Düran e Kohan seguiram. Do outro, ela, Ginevra, Frey e Alaric. Queria ter olhos nas costas ou qualquer coisa parecida que lhe ajudasse a dizer que estão todos bem.
Sentiu uma mão envolver a sua com ternura enquanto andavam rapidamente. Olhou para o lado. Frey, segurando as caretas de dor e andando o mais rápido que seu corpo lhe permitia, tentou sorrir, um gesto que Aurèlia não esperava de uma situação como aquela.
- Relaxe - leu dos lábios da quase irmã. - Estamos chegando.
Aurèlia apertou-lhe a mão de volta. Agradeceu mentalmente pela força que um pequeno meneio lhe proporcionou. Olhou para Alaric e Ginevra. Estava na hora de se separarem mais uma vez.
A bruxa a seguiu sem questionar, pisando devagar pelos galhos da floresta como se não pesasse nada. Aprendera um pouco em seu tempo com os Kinos. Alaric, para ganharem tempo, passou um dos braços de Frey por seus ombros e a levantou por debaixo dos joelhos da Kino, deitando-a em seus antebraços. Frey segurou um urro de dor, mas a adrenalina que voltara a correr por suas veias era um anestésico ainda melhor que as ervas de Ginevra e qualquer álcool que ingerira outrora.
À distância, um som fez-se presente, sobressaindo a qualquer murmúrio da floresta até então. Alaric e Frey se entreolharam, reconhecendo os gritos de afronta das iscas que chamavam de amigos e irmãos.
- O que fazemos? - Düran indagou, andando ao lado dos outros e ofegando de nervoso e cansaço.
- Barulho - Kohan respondeu, ríspido, como se a resposta fosse óbvia.
Afastavam-se cada vez mais da ponte e a sensação era de nadar contra a corrente, rumo a um destino que não lhes era o objetivo.
- E quando vierem atrás de nós? - Düran reforçou, frustrado. Não teve tempo de debater.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasyEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...