Era curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos.
Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...
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Aurèlia nunca esqueceria daquela sensação, prometeu a si mesma. Não conseguiria nem se tentasse.
Quando os seus juntaram-se a ela para lutar uma última vez, Aurélia lutou chorando. Eram lágrimas de uma emoção latente, entretanto, que ela nem ao menos percebeu que escorriam por seu rosto, mesclando com a chuva gelada que não mais a incomodava.
O Vale de Awa inteiro estava lá, lutando pela mesma causa que ela: um amanhã.
Não teve medo quando os dragões mergulharam. Os soldados estavam uniformizados como se rotulados de pedaços de carne para aqueles gloriosos seres alados. A carnificina abriu espaço na até então impenetrável barreira inimiga para que os sobreviventes avançassem.
Avançaram.
Aurèlia avançou e os seus a seguiram. Foi como ser inatingível por um demorado segundo.
- Pra cima! - bradou, como se sua voz pudesse ecoar pelos ouvidos de todos nos quatro cantos de Crisântemo.
Quando a Kino ergueu a voz, uma das majestosas criaturas voou tão próxima a ela que assustou-lhe. Apenas por um instante. Era um enorme dragão negro com uma cabeça navalhada e uma destoante figura nas costas. Aurèlia riu. Azura juntou-se a eles.
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Na frente de todos, amigos e inimigos, Azura voou pelos cantos nas costas de Tohrak. Suas flechas eram certeiras e caíam sobre seus contrários como a chuva caía sobre ela.
A petrichoriana fez seu papel.
Era ela, lembrou-se das palavras de Düran escritas na inconfundível caligrafia. A garota que sobreviveu aos massacres, que instigou-os a continuar.
A pele desnuda dos braços deixava-se ser banhada pela chuva álgida e Azura não escondeu mais por feita alguma os desenhos que orgulhosamente carregava na pele. Eram Petrichor e, por isso, eram também esperança.
Ela olhou para baixo. Gritavam com ela. Gritavam por ela.
Entre centenas, viu seus inimigos caírem um a um. Os que não corriam, fugiam. A impenetrável barreira dos soldados perdia seu título. Entre centenas, Azura encontrou Aurèlia. A Kino ergueu a espada e sorriu. Esta sorriu de volta. Tirou o punhal de Nero do coldre e apontou para frente. Para frente e para o céu. Para o pai e o palacete. Guiou os seus até onde tudo terminaria.