Caiden despontou quarto afora seguido a menos de um passo por Gisèle.
As luzes da casa estavam apagadas e, quando o homem tentou acendê-las, percebeu que a energia caira junto com a tempestade.
- Merda! - Ele murmurou, seguindo os gritos intensos de dor da mãe.
A única luz que iluminava a casa da família era a dos relâmpagos, que entrava pelas janelas periodicamente como flashes.
- Mãe! - A voz de Carú rebentou do breu ínfimo, fazendo-se ser seguida pelo irmão.
Caiden guiou-se apenas por sua memória e pelas mãos que tateavam incessantemente as paredes.
Gisèle fora mais rápida. A loira atravessou todo o corredor e entrou no quarto de Cida. A princípio a escuridão nada lhe disse. Porém, logo os gritos de dor de Cida uniram-se à imagem que surgiu em conjunto à luz da tempestade - a mãe de Caiden e Carú estava ajoelhada próxima à janela com uma das mãos a segurar a barriga.
O ar de Gisèle esvaiu-se ao ver o sangue que saía de sua região pélvica, formando um rio de sangue que chegava até os pés da loira.
Gisèle não hesitou um segundo sequer em correr em direção à mulher que tanto a acolhera. A loira aparou Cida, recolocando a mulher aos gritos e prantos em sua cama.
A loira viu quando Caiden e Carú chegaram à porta, seguidos logo atrás pela figura apavorada de Coli, que escondeu-se atrás da saia de sua mãe.
- Carú, tire o Coli daqui! - Gis gritou, surpresa consigo mesma por ter tomado as rédeas da situação. - Caiden, ela precisa de um médico!
- Está abortando? - Petrificado ao lado do batente da porta, Caiden quase não pôde ser ouvido, com sua voz sendo obscurecida pela tempestade do lado de fora e pela própria mãe.
- Eu não sei, eu preciso que você chame um médico agora, Cai! - A loira esbravejou em desespero, sem tirar os olhos azuis estupefatos de Cida.
- Vou achar alguém para ajudar. - Carú tocou o ombro do irmão e pegou a mão do filho, já tirando o pequeno Coli do recinto. - Fique com elas!
Caiden não saberia dizer qual das opções lhe parecia melhor. Nenhuma das duas tirava-lhe a vontade de abolçar todo o jantar em seu estômago.
- O que eu faço? - O moreno recompôs-se.
- Pegue panos limpos! - A voz de Gisèle falhou. - Essa criança vai ter que sair agora.
Caiden não hesitou. O homem deixou o quarto e rumou em direção à escuridão de sua despensa, um recinto escondido embaixo da escada, com a entrada quase fechada por um armário grande que não coube bem na cozinha.
O homem não deixou-se abalar por tudo o que derrubou no caminho, tateando o breu.
Ele encontrou os panos limpos e os pegou em mãos, só então percebendo o quanto tremia.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasiaEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...