30. Primeiro Amor

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Odile ousou cavalgar tão veloz que sumiu do alcance da vista de sua criada

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Odile ousou cavalgar tão veloz que sumiu do alcance da vista de sua criada.

A rainha subiu os mais altos morros de Crisântemo, inspirou profundamente e deixou que o aroma do mar inundasse seus pulmões que sofreram à noite toda com suas lamúrias.

Ela fugiu de tudo, assim como Gaia lhe dissera para fazer. Seu peito ainda doía e hora ou outra um soluço emergia do fundo de seu âmago.

A rainha rumou para a praia e fechou os olhos, deixando que o cavalo a guiasse. Não se importou com as gotas salgadas do mar a saudando. Pelo contrário, sentiu vontade de sorrir pela primeira vez desde o fatídico evento.

Odile abriu os olhos e obrigou seu cavalo a parar. Voltando-se para trás, viu sua criada há quilômetros. A praia deserta lhe trouxe memórias recentes.

A mulher desceu do animal e tirou as botas. Ergueu as calças de linho fino e entrou na beira do mar até as panturrilhas.

A rainha cruzou o braço. Fora ali que secretamente se encontrara com Roto para aprender a manusear uma espada com maestria e defender-se do que fosse necessário. Em vão. Não pôde salvar Kaha.

Ela engoliu o choro mais uma vez.

Gaia a alcançou, a rainha ouviu. A criada desceu do cavalo e sentou-se na areia, distante.

Odile não queria ser a rainha naquele momento. Ela deixou a visão do horizonte por um segundo para voltar-se para trás e sentar-se ao lado de Gaia. Ali as duas ficaram até a rainha quebrar o silêncio.

0 Posso lhe contar um segredo, Gaia? - Odile murmurou, sem olhar a criada. - Um segredo que eu nunca contei nem mesmo ao meu marido?

Gaia engasgou com a própria saliva.

- Minha rainha, eu não sei se sou digna...

- Ah, pelo amor dos Deuses, menina, não me trate assim. Eu não quero isso agora. Finja que não me conhece. Diga o que quiser. Aqui é zona neutra, pode ser?

Gaia concordou com a cabeça.

Odile voltou-se novamente para o horizonte, mirando o sol recém acordado que prometia escaldá-los assim que chegasse sobre suas cabeças. Ainda tinham algumas horas de uma luz dourada e gostosa.

- Quantos anos têm, garota? - a rainha indagou.

- Vinte e dois. - Gaia murmurou, abraçando os joelhos mais perto do peito.

Odile perdeu-se em suas lembranças.

- Eu era mais nova quando me apaixonei pela primeira vez.


- Eu nasci em uma família bastante rica. Nunca me dei bem com meu pai, mas minha mãe... aquela mulher era incrível. - a rainha arfou. - Eu ia todos os dias cavalgar com meu cavalo antes do sol nascer e a minha mãe me encobria. Meu pai odiava. Dizia que eu tinha coisas melhores a aprender e que logo seria uma dama com responsabilidades para com a sociedade.

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