A dor que Frey sentia era lancinante. Não só sua perna esquerda doía, como seu corpo inteiro parecia também sucumbir à gritante agonia das lacerações. Agora que os preparados de camomila de Ginevra tinham acabado - assim como a garrafa de gin e sua bebedeira - nada anestesiava seu corpo. Sentia o suor escorrer por sua testa e segurava os grunhidos de dor que ameaçavam vir todas as vezes em que tentava se sentar no sofá.
Caiden rapidamente entrou em seu campo de visão. O amigo ajoelhou-se ao seu lado vendo-a em agonia.
- Estamos indo, Frey - calmamente informou. Lágrimas nervosas escorreram do rosto da Kino, concorrendo com seu suor. - O que foi?
- Eu só vou atrasar vocês, Cai - Frey sussurrou. Percebeu que inclusive sua voz saía com dificuldade. - Eu estou pensando há horas em como resolver isso, mas eu... eu queria ser mais corajosa. Queria dizer para me deixarem aqui e voltarem por mim, mas eu não consigo nem... e aquelas coisas, Cai, eu não consigo nem fechar os olhos sem...
Caiden rapidamente limpou as lágrimas da garota.
- Não vamos te deixar para trás, Frey - tirou os fios de cabelo grudados em seu rosto. - Eu vou levar você.
- E se você precisar se defender, Cai? Eu só vou...
- Vou defender nós dois. E os outros vão nos defender. Estamos juntos nessa e você não é um peso. É minha amiga - determinado, colocou um ponto final naquela conversa. Nada que Frey dissesse o faria mudar de ideia. Ele olhou por cima do sofá onde ela estava. Os outros já estavam com os últimos preparativos, ao lado da porta de saída. - Está pronta?
Não, pensou.
- Sim - exclamou.
Até o último segundo, Frey segurou os gritos de dor quando Caiden ajudou-a a se sentar.
- Como vamos levá-la? - Ginevra, do batente da porta, indagou.
- Vou levá-la no colo - Caiden coçou a cabeça. Não lhe parecia uma boa ideia.
- Não vai ter forças por muito tempo. Vai machucá-la e vai te deixar completamente indefeso - Aurèlia, sem direcionar o olhar para eles, expôs seu ponto de vista.
- Alguma ideia melhor? - Caiden perguntou, impaciente.
- Eu tenho - Düran desceu as escadas rapidamente, pulando degraus. Tinha algo em mãos. Um lençol. Ele o estendeu para Caiden e perceberam que as quatro pontas estavam modificadas. Bem amarradas a elas, alças de mochila despontavam-se quase que perfeitamente reguladas. - Arranquei das mochilas que achei no armário. Revezamos levando ela, de dois em dois. E ainda temos as mãos livres.
Em silêncio, os outros se entreolharam.
- É uma boa ideia - Alaric contornou o sofá e tomou o lençol em mãos. Ele o estirou no chão e olhou para Frey. - Vamos te colocar aí?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasyEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...