Naquele mesmo instante, Gaia soube que algo estava errado.
O confiante Isaac fechou-se em uma carranca carregada de tensão.
- O que foi, Isaac?
- Se lembra que eu disse que íamos fazer uma pequena arruaça?
Gaia fuzilou-o com os olhos. Isaac sentiu as mãos da garota apertarem as suas enquanto bailavam pelo salão.
- Pois é, o tiro saiu pela culatra.
- Eu sabia que ia dar merda! - Gaia sussurrou por entre os dentes cerrados. - Não importa o que seja, tire o meu da reta.
- Acho que você tem o direito de saber, Gaia.
A garota não estava mais furiosa. Estava preocupada.
- Fale logo, Isaac. - ela ordenou.
O homem engoliu em seco, olhando discretamente para os dois lados antes de prosseguir.
- Saiu do controle... uns extremistas juntaram-se à gente. - Isaac prosseguiu. - Eles não queriam seguir nosso plano. Eles têm os próprios.
Gaia ficava cada vez mais tensa com cada pausa que ele ousava fazer.
- Extremistas? - a palavra a assustou.
- É. Olhe... eu não faço parte disso. Mas o alvo não é só uma bagunça na cozinha.
- Fale logo, porra!
- É o príncipe.
O ar de Gaia evaporou-se.
- O quê? - ela sussurrou de modo quase inaudível.
- Eles querem dar uma lição nessa galera, Gaia. - Isaac puxou-a para mais perto, podendo assim sussurrar em seu ouvido. - Eles tiraram a vida de centenas, milhares de bebês inocentes. Então...
Os olhos de Gaia marejaram. Ela entendeu onde aquilo ia chegar.
- Eu tenho que impedir. - a garota tentou soltar suas mãos das de Isaac, mas ele as segurou por mais um segundo.
- Não deixe que a vejam, Gaia. - Isaac sussurrou em seu ouvido. - Se esses caras souberem que salvou a criança... você é o próximo alvo.
Gaia estremeceu. Era ela ou Kaha.
Não.
Não se conseguisse chegar a tempo.
- Me solte, Isaac. - ela ordenou por entre os dentes.
O homem a fitou nos olhos.
- Então corra, Gaia. Se essa for sua decisão, não deixe que ninguém a veja. - Gaia sentiu as mãos do homem afrouxarem-se. - Me encontre na Lore.
Ela não conseguiu respondê-lo. Não conseguiu olhá-lo por mais um segundo.
Tentando não correr, desapareceu pelos corredores do palácio. O cheiro forte de fumaça que entrou por suas narinas a amedrontou - seu coração apertou-se com o medo de ser tarde demais.
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Chamas de Petrichor {trilogia}
FantasyEra curta a lista dos medos que afligiam a pequena garotinha de olhos cinzentos. Primeiro, Azura não gostava do escuro. Ela era nascida de Petrichor, descendente de Sonca e Marama, os deuses do Sol e da Lua. Qualquer ausência de luz causava-lhe um p...