O meu corpo caminha ao longo de um parque que eu nem sequer sei onde fica. Estou a tremer de frio e agora arrependo-me de não ter vestido algo melhor e mais confortável. O vento sopra suavemente agitando algumas folhas caídas pelo chão.Não sei o que estou aqui a fazer. Realmente sinto que em vez de andar para a frente, a minha vida está a recuar. O que supostamente era para ser tudo para mim, lentamente se vai convertendo a pó. Não sei o que fazer para tirar estas vozes da minha cabeça e a minha cabeça está uma zona.
Tantos pensamentos, tantas ideias sobre o que poderia fazer agora...
Por um lado algo me diz para acabar diretamente com isto e afastar-me o mais rápido possivel. Não ter mais contacto com mais ninguém, não ver a luz do sol sobre os meus olhos mais uma vez... Enfiar-me no álcool e nos comprimidos que me esperam dentro de uma gaveta que nunca mais tive coragem de abrir desde que vim para aqui... Partir sem dizer mais uma única palavra a quem quer que seja... Mas pelo outro lado, tenho a minha família que me adora, ao qual eu era incapaz de incutir qualquer dor provocada pelos meus pensamentos suicidas...
As vozes não param. Levos ecos delas profanam dentro da minha cabeça e sinto que estou novamente a submergir para aqueles tempos.. Aqueles malditos tempos em que não sentia mais nada a não ser uma dor insuportável no meu peito e a ansiedade a atacar continuamente contra a mim, manipulando o meu corpo insuportavelmente.
Sei que o começo do problema tenha sido provavelmente a partida da minha mãe e os problemas que vieram atrás com tudo isso. Sei que nunca tive coragem para falar tão abertamente com alguém sobre isso e que lentamente, isso vai provocando com que eu construa muralhas e muralhas á minha volta, escondendo quem eu sou na realidade. A menina sofrida que apenas precisa de amor próprio, confiança e as pessoas de quem mais gosta, á sua volta.
Eu não quero acabar, mas o medo continua a pernoitar em mim, sem que eu consiga fazer algo contra isso. É mais forte que eu.
Já nada importa se não tivermos compaixão ou amor pela nossa vida. O fantástico é que as pessoas olham para ti na rua como olham para outras pessoas que não conhecem e tu apenas sais de casa com a tua máscara posta, e é precisamente isso que elas vêm. Aquela maldita máscara que apenas mostra um sorriso falso e uma expressão que todos estão habituados a ver.. Nunca pensam que somos pessoas consumidas pela solidão e pela melancolia que te começa a arrastar para um buraco sem fundo, quando as mesmas já estão habituadas a te verem a soltar gargalhadas falsas, e elas habituam-se a isso. Á falsidade, ás muralhas, que eu própria construí á minha volta.
Ninguém ajuda, ninguém fala, ninguém conforta. Só lá estão para dizer que sim, e quando tu precisas mais dessas pessoas é precisamente quando elas te falham.
E tu ai? Nesse momento percebes que a bondade, os conselhos e que tudo o que deste para ajudar essa pessoa, de nada valeram. Apenas um virar de costas e uma porta aberta para o inferno, onde tu vais entrar porque não há mais nenhum lugar onde te possam reconfortar.Ninguém sente as lágrimas derramadas por ti, o sofrimento que corre juntamente com o teu sangue, os pensamentos que voam pela tua mente sem encontrar algo em que te possas emparar.. E depois há outro tipo que apenas assistem á tua queda.
Sou tão nova e já a pensar assim...
És ridicula, não vales o chão que pisas...
Talvez a solução seja essa, talvez...
Antes que pense em fazer algo, sei que pelo menos ele tem que ouvir a verdade saída pela minha boca. Tenho que o fazer se pelo menos quero ir com a consciência tranquila e sem remorsos se, se...
Ponho o GPS da morada da sua casa no meu telemóvel, e vou andado para lá. Não sinto qualquer dor, não sinto nada. Nem sequer um pingo de nervosismo. Estou completamente neutra, não demonstro nada.
É tão errado, mas tão errado acabar assim, mas não vejo pés nem cabeças para continuar o que se chama isto de vida.
E que puta de vida!
Vejo alguns carros a passar pelas estradas agora pintadas de plena escuridão. Sinto alguns pingos de chuva a caírem sobre mim e nem por isso me interesso em correr ou sequer andar mais depressa.
Ao longe, vejo a casa dele, e um arrepio sobe pela minha espinha. Continuo a andar calmamente deixando a água da chuva absorver cada traço do meu corpo agora completamente molhado.
Eu não o mereço.
---------------------------------------
POV HARRY
O dia começou com algumas aulas de gestão e não podia começar da melhor maneira. O tempo parece um tanto vulgar. As folhas cambaleam consoante a força do vento enquanto me encaminho para a universidade.
Tenho saudades da Ana e mal posso esperar que o fim de semana chegue para estar novamente com ela. Estava a pensar de talvez assistirmos um filme qualquer na sala e encomendar take away, talvez uma pizza ou algo do género.
Beijar infinitas vezes os seus lábios, olhá-la enquanto a mesma dorme coma cabeça pousada no meu peito. Dizer-lhe ao ouvido o quanto a amo, e expressar-lhe tudo o que lhe tenho a dizer quando penso nela. Em nós.
Hora de almoço. Vou a casa comer qualquer coisa enquanto olho para a televisão que passa algo comum. Mais uma vez volto ao Campus para acabar com o resto das aulas de hoje.
Mnadei uma mensagem á Ana a perguntar-lhe se queria jantar comigo. Há provavelmente uma hora que ela recebeu a mensagem e nem sequer a viu. Não me preocupo porque provavelmente ela deve estar como Isaac a estudar ou algo assim. Decido então não a chatear mais voltando me a focar na palestra que o professor careca está a dar.
--------------------------------
Seis horas passaram e nada. Nada de mais. Nada de surpreendente sem ser a a leve preocupação que me vai urgindo no meu peito quanto mais penso no assunto.
Ligo uma, duas, três, quinhentas vezes... e nada, ela não atende e ai fico mais nervoso. Tenho medo que lhe tenha acontecido algo. Tento mais uma vez e, depois de o bip ter tocado pela quarta vez, alguém atende. Alguém que não é ela.
#CHAMADA ON#
- Finalmente Ana! Para que é que tens o telemóvel?
Isaac - Ahhh eu não sou a Ana sou o Isaac, desculpa ma..
- Isaac? Aconteceu alguma coisa com ela? - Sinto o medo na minha voz.
Isaac - Não não, é que passamos a tarde a estudar e-é quando tu ligaste pela primeira vez ela já estava a dormir, desculpa. Só atendi agora porque consegui perceber o teu desespero mesmo sem falares - Riu-se meio retraido. Estranho.
- Há sim, tudo bem meu. Desculpa então. Quando ela acordar podes dizer-lhe para me ligar?
Isaac - Yha Yha tranquilo bro, eu digo-lhe.
- Obrigado, abraço.
#CHAMADA OFF#
A ansiedade foge de mim, a sete pés e relaxo em cima do sofá. Fico contente por ela estar bem e por não se passar nada demais. Desde o acidente que vivo com um pânico ao longo dos dias, pela razão de durante a semana estarmos pouco juntos embora mantenhamos contacto por mensagens e ás vezes, vídeo chamadas. Mas como é óbvio nunca é a mesma coisa do que a ter contra o meu corpo. Onde eu sei que a posso proteger de quem lhe queira fazer mal.
Os meus olhos fecham-se sem que eu possa protestar. O sono alcança-me é eu acabo por me perder nos meus estúpidos desvaneios. Era óbvio que ninguém iria fazer nada a ela, tão óbvio como a cor do céu agora escuro.
Mal eu sabia que ainda tinha que pedalar muito...
----------------------------------Olá Angelsssssss
Como vão?
Espero que esteja tudo bem com todas vocês. Publiquei (só um pouquinho hahaha) mais cedo, e vou pensar no assunto se devo publicar outro daqui ainda hoje.
Apenas preciso que votem e comentem o que acham e o que esperam e se ainda querem mais um capitulo ainda hojeee!
Bem
Kissseeees na bundaaaa
«««All The Love»»»
![](https://img.wattpad.com/cover/221048077-288-k82089.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Only Angel |PT
Romance"A realidade é que não te amo com os meus olhos que descobrem em ti mil falhas, mas sim com o meu coração, que ama o que eles desprezam e apesar do que vê, adora apaixonar-se" Inicio(17-04-2020) Fim (11-09-2021) #229 EM STYLES - 26 de Abril 2020 #2...