POV HARRY
Depois da pequena maratona que parece que fiz, pelo bater acelerado do meu coração, saio do divan e agarro numa toalha branca ao acaso. Seco os meus cabelos e pouco depois prendo a toalha ao redor da minha cintura.
Passo a mão pelo vidro do espelho diante de mim que permanecia embaçado, até pelo menos me conseguir vir a vivo e a cores. É perfeitamente visível que o meu físico não está assim tão igual como quando estava antes de entrar em reabilitação. Um pouco mais magro nas coxas, a minha barriga um pouco mais flácida mas, ainda assim, sei perfeitamente que ainda tenho músculos suficientes para aguentar quem quer que seja. Afinal, o Michael tem muito mais caparro do que eu, um pouco mais alto e, mesmo assim, consegui-lhe fazer frente com sucesso.
A única coisa de que me arrependo, no entanto, é de não lhe ter dado mais e com mais força. Por um lado eu percebo a intenção de ela querer falar com ele. O que ela não sabe é que, durante a audiência sobre o caso no tribunal, para além de ele ter sido declarado como culpado, foi dito um breve histórico do "cadastro" daquele nojento.
Michael, 21 anos. Corpo atlético, jogava numa equipa de futebol com alguma importância. Aparentemente dava-se bem com todos e com qualquer um. Aos seis anos, os seus pais divorciaram-se, deixando a pobre criança com a decisão de escolher com quem ficar. A sua guarda ficou com o seu pai que pouco depois se envolveu em negócios obscuros, tais como prostituição e droga. Aos 15 anos, sendo menor, foi para uma instituição onde o acolheram, pouco depois uma outra família, provavelmente os pais adotivos atuais, o acolheram.
E porquê? Perguntam vocês. Seria lógico que o pai dele, dia menos dia, iria ser apanhado. Aparentemente fizeram uma rusga e prenderam-no como sendo o "Cabeçadilha" do grupo delinquente. Foram apreendidos quantidades exorbitantes de dinheiro como igualmente de haxixe, ecstasy, heroína, cocaína, you name it... O próprio tinha um enorme casino apenas só para dar aparências contrárias do seu outro negócio, onde, no piso inferior ou seja na cave, existiam áreas VIP onde bastava largar um bom par de notas e tinha-se acesso a tudo e mais alguma coisa. Álcool, droga, mulheres, assassinatos, homicídios, negócios sujos portanto.
E a mãe? Surpreendentemente nunca mais a viram. Parece que desapareceu do mapa num estalar de dedos. Não me admira nada. Não deixo de pensar no que aquele rapaz sofreu. Nunca teve um lar propriamente dito. Nunca teve uma família normal muito menos amor para receber. No seu cadastro mantinha-se algo como perseguição e uma ordem de afastamento. Quando questionado, o representante do caso que o seguiu apenas recitou que, naquela altura Michael estava muito inseguro quanto á sua vida e, que maltratou uma rapariga com os quais tinha se relacionado.
E é obviamente por estes motivos e também por outros que eu não quero a minha Ana de volta dele. Nem mesmo para falar. Porque nem isso ele sabe fazer. E dizer-lhe? Contar-lhe que o gajo com quem ela namorou alguns meses e que a roubou de mim, tinha um passado catastrófico e que tinha cadastro? Que o que tinha feito a ela, provavelmente também o fez com aquela pobre rapariga, se não pior, e também com outras?
Chocalho a cabeça olhando novamente para o espelho socando ao de leve, a mármore. Saber que cometi loucuras por ela. Pelo que sinto por aquela rapariga que provavelmente está á minha espera deitada na minha cama. Nunca fui perfeito. Nunca serei. Mas uma coisa é certa. Eu fui homem para arcar com as consequências dos problemas que causei. Dos males e danos que provoquei a mim mesmo. E soube lutar contra cada um deles. Eu tratei de um problema ressentido. Eu cumpri com a minha promessa de me livrar de todos os pecados que outrora havia cometido. E juro por tudo o que tenho na vida. Ninguém irá tocar na Ana e no meu filho. Ninguém.
Saber que o que mais amo na vida, leva no seu ventre, o fruto do nosso amor, dá-me voltas á cabeça. De uma maneira tão boa que eu fico especado a olhar para aquela face. A pensar com qual de nós irá puxar das suas feições. Se vai ser malandro como eu, ou se vai ser uma alma tão bonita como a Ana é.

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Only Angel |PT
Romance"A realidade é que não te amo com os meus olhos que descobrem em ti mil falhas, mas sim com o meu coração, que ama o que eles desprezam e apesar do que vê, adora apaixonar-se" Inicio(17-04-2020) Fim (11-09-2021) #229 EM STYLES - 26 de Abril 2020 #2...