Only Angel |PT

Capítulo 106

Harry permanecia em frente á rapariga que lhe havia caçado o coração. Um sentimento mistico e perdidamente tentador emanava de si mesmo. O de querer fazer melhor. O de querer estar ali para o que desse e viesse. Querer ser a razão do sorriso dela de manhã ao acordar. 

O tempo lá fora era passivo. Calmo. Desalento. Algo imparcial comparado ao que de desenrolava dentro do cómodo confortável á ocasião. Olhava Ana como se fosse a primeira vez que a visse. Rodava a caixinha de veludo azul marinho dentro do bolso da sua calça por entre os seus dedos. O suor a crescer entre eles. O sangue quente arrebitado pelo bater exuberante do seu coração. 

Queria puder ampliar o seu relacionamento. Tinha medo, embora, de se estar a apressar. De estar a correr numa direção oposta áquela a que imaginava e desejava. Ela era tudo o que ele próprio desejara á muito, embora ainda estando numa tenra idade.

Sempre ouvira dizer que jovens não sabiam destinguir um grande amor do que aquele que encontravam em paixonetas de escola. Era algo relativo ao sentimento que presenciavam no momento. Algo simples e em busca de descobertas. Talvez no sentido sexual ou, no sentido de poder identificar o tão chamado sentimento que se adquire quando se ganha o gosto a alguém. 

E era isso diziam. Pobres rapazes e raparigas que sofriam desgostos amorosos e que se moldavam em algo inconcreto. Algo incorreto, mas os hormónios também enalteciam as mudanças e os pensamentos. Tortura. Angústia. O saber ironizar e iludir. O ato de trair e falsificar sentimentos como se estivessem a tratar de dinheiro. Sujo. Desonesto. Transparente. Ilúcido.

Harry não se sentira assim. Em tempos, havia acontecido inúmeros desacatos. Raparigas em guerra umas com as outras depois de mentiras lhe serem transmitidas. Achando serem algo presente na vida de Harry. Era um tanto cómico ao próprio, embora. Mas ai as responsabilidades dos problemas causados pelo próprio não eram algo preocupante. Desistira da vida. Não ostentava a felicidade e a humildade que aparenta atualmente.

Ana - Sabes? - Harry olhara a própria equivocadamente deliciado por ter despertado o lado dócil da mesma - Não precisavas de fazer nada disto. Só precisava de ti. Ao meu lado. Não precisas de muito para me fazer decidir sobre o que eu quero. E todo este tempo que passa desde que me vendaste e me trouxeste a um sitio cheiroso e quente só me deixa com mais fome e sono - A sua voz emoldurava a sala ao mesmo tempo que tateava ás cegas, ainda vendada, tentando chegar até tocar com os seus dedos na bochecha de Harry. Amaciava a mesma com carinho e a lucidez e nervosismo de Harry o torturavam cada vez mais consoante os segundos passavam. O riso predominava, embora. Não deixava de ser a mesma ao lado dele. Algo adorável e que amava nela mais que tudo.

Harry - Antes demais e parar te acalmar, tens um jantar delicioso á tua espera portanto eu prometo não demorar muito agora que me deste a saber que tens fome - Riu-se beijando a sua mão.

Ana - Espelho meu, espelho meu, haverá cavalheiro mais doce que este senhor? - Perguntara em meio ao seu riso apertando a sua mão contra a de Harry que se mantinha entrelaçado.

Harry - Vou tirar a venda e por favor quero que apenas ouças o que te tenho a dizer que apenas fales quando eu acabar de falar, pode ser, anjo? E quando eu a tirar quero que permaneças de olhos fechados até eu dizer o contrário, tudo bem?

Acariciara a pele da sua face com toda a gentileza que possuia ansiando que a euforia se dissolve-se rapidamente para poder dizer o que ambicionava dizer desde o primeiro instante em que percebera que o amor que possuia por aquela rapariga era maior do que qualquer outra coisa que havira presenciado na sua vida.

Ana - Irei ouvir tudo o que tenhas a dizer meu amor - Sorriu docemente.

Harry desatou com mestria o nó da venda que emoldurava a cara de Ana, retirando-a. A mesma fizera o que o seu amado a havia mandando fazer, pensando no que o seu namorado desejava fazer com aquilo.