Sempre gostei de estar no meu canto. De vez em quando a ler um livro e a ouvir música, ou então apenas a olhar para o céu. Faz bem de vez em quando espairecer e pensar um pouco na vida e de certa forma sinto-me perto da minha mãe mas o problema está ai: eu penso muito, e até demais. Pelo facto de ter crescido sem ela, eu fiquei muito agarrada ao meu pai, como cola. Onde quer que ele fosse eu ia atrás, se ele fosse à casa de banho não valia a pena fechar a porta porque de uma maneira ou outra eu conseguia entrar. Então dormir em casa dos meus avós ainda pior. De dia estava tudo bem mas quando eu via que lá fora já tinha anoitecido não sei o que me dava mas eu largava-me no chão a chorar e só descansava quando me iam por a casa junto do meu pai.Esse é um dos meus problemas que hoje em dia eu enfrento. Eu tenho medo que ele se vá
embora e que nunca mais volte tal e qual como a minha mãe porque se a dor sem ela já é difícil de aguentar então sem o meu pai era a gota de água. Não sei se conseguia dar a volta por cima. É demasiado.Não me cabe na cabeça este tipo de pensamentos porque por muito que eu queira, eu sempre acabo por pensar neles e fico mal. Dormia muitas vezes com o meu pai para ele não se sentir sozinho durante a noite e antes de dormir pedia lhe que, se ele fosse para o céu, que me levasse juntamente com ele pois eu, com 5 anos de idade, já não queria mais nada a não ser o meu pai e de certa forma afugentava a dor, e sem ele nada me daria razões para ficar. E agora pensando nisso, como é sequer possível uma criança com apenas 5 anos pensar sequer nisso?
Sempre fui aquele tipo de pessoa que estaria aqui para os seus amigos.Quem precisasse de ajuda eu estaria lá, eu de certa forma iria reconfortar a mesma, dizer que iria ficar tudo bem, enquanto que dentro de mim, o meu coração ia se despedaçando pedaço a pedaço. Outro problema meu é que apego-me demasiado, ajudo quem precisa, estou lá quando precisam de um ombro amigo, de certa forma estou sempre lá para quem necessite mas... ninguém me ajuda com os demónios presentes na minha cabeça, ninguém repara na máscara que todos os dias eu ponho na cara depois de me alevantar da cama e antes de sair do quarto e, descer as escadas para tomar o pequeno almoço. Não é por não querer contar... Simplesmente não falo sobre assunto nenhum, não dou a perceber que tenho alguma coisa de errado comigo, não digo o motivo pelo qual estou mal, o motivo pelo qual todos os dias adormeço a chorar pedindo a Deus que me tire esta dor e estas vozes que todos os dias me seguem para onde eu vá.
Eu simplesmente não consigo desabafar com ninguém, sinto que ninguém é capaz de me compreender pois sei que de certa forma me acham anormal, diferente de todos. Que achem que eu não sou digna de estar com os pés assentes na terra deste mundo miserável e, na verdade, eu não merecia estar aqui. Dizem que as crianças enquanto pequenas não ligam ao que acontece. Que, não notam o que se passa no mundo dos adultos, os problemas as responsabilidades, tudo.. Isso tudo é mentira. A minha mãe faleceu, a minha família ficou mal quase que partida ao meio, mas eu reparava, sim isso mesmo.. Eu tive problemas que hoje em dia estão parcialmente curados, mas a dor presente no meu coração não... Maior parte da minha infância foi passada no psicólogo pois não acompanhava o desenvolvimento das crianças com a minha idade.
Tive que aprender a crescer rápido, a desenvencilhar-me sozinha apenas com a minha irmã pois o meu pai trabalhava exaustivamente e quase não tinha tempo para nós. Passava os dias na escola triste, ao ver os pais felizes da vida a irem buscar os seus filhos e eu? Bem, eu tinha que ir a pé até á minha casa com a Cláudia sempre meu lado, e de vez em quando eu chutava por entre as valas da estrada, as pedras que se atravessavam no meu caminho cansada de viver em completa tristeza.
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Capitulo bem pequeno mas yhaaaa. Agradecia que comentassem e votassem, para saber as vossas opiniões. Obrigadoooo bjss
All the love «3
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Only Angel |PT
Любовные романы"A realidade é que não te amo com os meus olhos que descobrem em ti mil falhas, mas sim com o meu coração, que ama o que eles desprezam e apesar do que vê, adora apaixonar-se" Inicio(17-04-2020) Fim (11-09-2021) #229 EM STYLES - 26 de Abril 2020 #2...