Capítulo 113

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Harry - Fodace! Que merda fui eu fazer?! - Repousou o seu corpo á grande bancada da cozinha, escondendo a cara com as mãos.

Harry - De todas as merdas que eu podia ter dito porque fui logo dizer aquilo? Caralho sou tão burro... 

A aflição surgia pela falta da presença dela. Eram já seis da tarde e tentara ligar inúmeras vezes para o telefone dela, todas elas em vão. As mensagens nem vê-las...

Agora sentada no sofá, agarrando os seus caracóis com força, pensava nas várias vezes que a deixara escorregar por entre os seus dedos. Eram palermices. Não era estúpido o suficiente para não entender isso mas a gravidez também fazia das suas. As hormonas mudavam muito o seu temperamento. Umas vezes só apetecia bater em Harry, outras passavam por o apenas desejar beijar e amar e outras se resumiam ao facto de estar sempre a batalhar com ele, quando o que ele mais queria era a sua proteção e segurança. 

Prometera a si mesmo que não iria deixar acontecer nada de nada a ela e ao seu filho. Mesmo que por culpa dessa promessa, o obrigasse a comer certos erros e a dizer blasfémias para ditar a sua posição enquanto pai da criança e homem da sua mulher.

Um foto numa moldura, chamou a sua atenção. Pegou nela mirando-a, o coração a bater mais rápido e a apertar-se cada vez mais. Ana mantinha-se abraçada a ele enquanto tiravam uma selfie. Curiosamente Harry permanecia estranho naquele dia. Enquanto olhava a foto, lembrava-se de como pouco dormia naquelas noites. As tormentas do passado a tocarem na sua alma enquanto se tentava controloar. Naquela altura tinham alguns meses de namoro e não lhe tinha dito o que se andava a passar naquela época com ele embora ela o questionasse. 

Era dificil. Era preciso muita força. Muita vontade.

Dizer que perdera uma filha sem sequer a ter conhecido. Dos traumas. Da história com o seu pai e as mudanças nele..  A tortura psicológica que fazia a ele mesmo... A vontade de querer morrer, a dependência... Cada palavra que saia da sua boca ao falar sobre esse assunto, era como se estivesse a ser esfaqueado por inúmeras facas. Custava imenso.

Fariam dois anos juntos. 24 meses. 730 dias. Todos eles com uma história diferente a cada dia. O momento desde que se conheceram. O primeiro olhar. O primeiro beijo. A primeira vez que se entregaram ao amor que possuiam um pelo outro. O primeiro amo-te.

O resto foi história. Vezes em que acabaram agarrados um ao outro na cama em meio de ternura e paixão, outras em que meio que a perdia pela revolta que transbordava de si ou porque simplesmente as pessoas não se contentam a ver a felicidade das outras sem a estragar...

Era estranho... Sentia um nervoso miudinho enquanto apertava os seus cabelos agora um pouco longos. Algo profundamente estranho. Só não sabia o que era. Um mau pressentimento.

Talvez não passasse disso. De apenas ser um pressentimento.

Todos temos e no entanto é apenas uma impressão.... Certo?


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Ana conduziu estrada a fora com uma dor inquestionável no peito. Fungava alto enquanto as lágrimas desaguavam pela sua cara sem pressa alguma.

Ninguém podia dizer a ela o que ela podia fazer ou deixar de fazer. Era maior e fazia da vida e da sua vontade o que quisesse. Percebia por um lado, a fragilidade dele mas tudo tem um limite pensara. Ninguém era de ferro e só se ajuda quem quer. Sabia e tentava, mas ele não olhava a meios de agradecer, de questionar ou de observar a ela o que pensava.

Sabia perfeitamente que só explodira frente a ele porque assim as hormonas da gravidez andavam ultimamente a empurrar cada conversa para uma discussão, mas eles estavam tão bem...

Por vezes... talvez seja impossível reverter a situação dele. O medo impenetrável que assoalha cada célula dele. E o pior é que Ana sente que é incapaz de puder fazer algo por ele.

Ana - Raios! Mas toda a gente teve a mesma ideia que eu de sair de casa agora?!

O trânsito em Londres era só a pior coisa. Eram quatro e meia da tarde, meia hora fazia desde que saira de casa e ainda nem tinha chegado ao seu destino para beber o seu café e afugentar o nervoso miudinho que a atormentava. Estava parada num semáforo que dava acesso a uma correntesa de estrada onde, jazia o Starbucks's. Mas nesse aspeto havia algo estranho.

Um Mitsubishi preto de janelas fumadas já seguia muito antes o seu carro. Pensara de inicio que fosse pura coincidência mas agora passava a ser um grande equivoco. Tomava apenas alguma distância do carro onde Ana estava, separados por alguns carros.

E por ai esse pensamento se foi como o vento lá fora, quando o semáforo mudara para verde e a correnteza de carros á sua frente prosseguiu. Passado nem dez minutos estacionara o seu carro num dos inúmeros lugares num parque subterrâneo não muito longe do seu destino, e saiu do carro pondo a sua mala a tiracolo e ajustando o seu casaco sentindo o frio da tarde londrino.

Não havia um pio sequer naquele pequeno parque. Não havia uma única pessoa, nada de nada. Olhou novamente o carro preto em que estava de olho há já muito tempo, a fazer o seu caminho entrando no parque e estacionando um pouco afastado de onde Ana estava no momento.

Por um segundo Ana ergueu a sua sobrancelha, questionada. Segurou com uma das suas mãos, a sua barriga tentando protegê-la do desconhecido. Sentia-se ameaçada e com um mau pressentimento. Olhou novamente, esperando ver se saia alguém do carro, mas assim se manteve. Apenas o silêncio existia naquele recinto.

"Acho que as hormonas me andam a estragar o cérebro, só pode. Já estou a ficar maluca e ainda nem cheguei aos sessenta anos" 

Pensou suspirando e rindo nervosamente de si. Ajeitou a pequena mecha do seu cabelo que cobriu a frente da sua cara, e andou até ao elevador. Logo que entrou, pressionou constantemente no botão para fechar as portas e num último instante viu a porta do carro preto a se abrir, por coincidência ou desastre, não viu a figura do desconhecido pois as portas se fecharam.

Tentou se livrar do pensamento mas por muito que quisesse não conseguia. Pensava em ligar a Harry, mas lembrou-se que estavam chateados. Realmente o carma é complicado. Ainda á algumas horas se queixava que se sentia pressionada pelo facto de ele andar sempre atrás dela e de que não tinha paciência para aturar isso. Logo agora quando sai acontece que fica assustada por estar supostamente alguém a segui-la.

Desligou do que pensava e entrou no Starbuck's dirigindo-se até ao balcão onde pediu um  Latte de Baunilha. Esperou apenas alguns minutos passando o dedo no telémovel para responder a um colega que perguntava no grupo quando era a aula de um professor qualquer e, quando a bebida estava preparada, pagou e foi-se sentar em uma das mesas ao canto ficando de costas para a porta do estabelicimento.

Continuava concentrada no telémovel, rindo de algumas respostas que os seus colegas davam continuando completamente distraida quando, uma voz rouca, sorrateira e demasiado nostálgica soou ao pé do seu ouvido, susurrando:

"Olá boneca, saudades minhas?"



A paixão é o rascunho do amor

É a face psicopata da felicidade,

entorpecida pela ansiedade,

embriagada pela vaidade.


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Acho que a foto diz tudo certo?

Logo logo mais um capitulo, penso que o último. Preparem ai os corações e ponham ai umas toalhitas a jeito. 

Vou tentar ver se consigo com que ele seja maior!

VOTEM E COMENTEMM!!

Kisseeeesssss

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Only Angel |PTOnde histórias criam vida. Descubra agora