Capítulo 90

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- Por favor Harry. Nós não estamos a ter esta conversa...

Sento-me na cama tapando mais uma vez, a cara com as minhas mãos. Por que é que ele não compreende de uma vez por todas que isto é importante para mim!? Eu preciso de respostas e neste momento não existe mais ninguém á face da terra capaz de me as dar a não ser o Michael.

Harry - Não! Nós estamos a ter, é bem diferente! Como és capaz de pensar em sequer voltar a olhar para aquele monte de merda depois de todo o mal que ele te causou!? Como Ana? Como!? - Ele exalta-se subindo o tom da sua voz. A sua veia na sua garganta ressalta e sei que ele está furibundo comigo.

Mas o que hei de fazer? Nem sempre podemos agradar a toda a gente.

- EU PRECISO DE RESPOSTAS POR AMOR DE DEUS! - Alevanto-me andando até ele já com os olhos em bico. A sua altura em nada me assusta.

Harry - Vais voltar para ele!? É isso?! Depois de todas as noites mal dormidas que passei naquele hospital e da tortura psicológica que me causaste, é isto que eu recebo!?

Os seus olhos fecham-se enquanto os seus punhos se cerram com alguma força. Ele está levemente vermelho, sinal da sua irritação e, por muito que me custe estar assim novamente com ele e que talvez eu possa estar equivocada com o que estou prestes a fazer, sei que sou demasiado teimosa para estar quieta.

- Harry... - Estendo a mão para lhe tocar mas o mesmo anda um passo para trás.

Harry - Não. Só não me toques. Se essa é a tua decisão, que fique esclarecido que não a apoio e que não vou estar aqui para ti caso chegues a chorar pelas verdades que ele te irá dizer. Não te vou apoiar nesta, Ana.

Os seus olhos escuros olham-me penetrantemente e, neles, a ira é perfeitamente visível. Ele está possesso. Irritado. Eu percebo. A falta de confiança que ele sente foi feita por mim. Pelos meus erros. Pelas minhas desconsiderações que gerei por falsas aparências. Só tenho pena de as pessoas não conseguirem perceber, ou não quererem, a necessidade que eu tenho de precisar destas respostas para, finalmente, talvez, ultrapassar este mau tempo. 

Pelo menos assim espero.

- Por que és assim!? Porque acabamos sempre a discutir!? Porque é que sempre que voltamos, nunca conseguimos falar sem discutir por um único segundo!? - A minha garganta fica seca assim que expelo aquela maldita frase. E eu sinto a dor naquelas esmeraldas que já não estão daquele verde que eu tanto amo. Agora com uma frieza transparente, ele cita.

Harry - Porque assim tu quiseste - Desvia o olhar - A minha mãe está a chamar para ir jantar.

Ninguém entende a falta de confiança e o menosprezo que ganhei por mim. Pelo meu corpo. A repulsa que sinto de cada vez que os meus dedos infligem a minha pele. Da forma como me olho no espelho e vejo as marcas do seu toque asqueroso. De como ainda recordo do peso do seu corpo acima do meu, e da força que o mesmo exercia contra mim.

Vezes e mais vezes.

O seu corpo volta-se para trás saindo pela porta e descendo as escadas que dão acesso ao piso inferior. Eu sigo o seu corpo mantendo uma certa distância. Assim que entro na cozinha, uma mesa está posta e todos os olhares voltam-se na nossa direção assim que me vêm.

Anne - Ana! Que boa surpresa! Como estás querida? - Alevanta-se para me vir abraçar ao qual eu retribui-o com o mesmo sentimento. 

- Melhor. Dentro do possível - Tento sorrir um pouco cumprimentando de seguida o Robin com um pequeno abraço e um beijo na cara. O Harry apenas olha sério para mim, já sentado no seu lugar habitual ao lado de Robin.

Only Angel |PTOnde histórias criam vida. Descubra agora