Capítulo 31

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A última coisa que queria ser era um fardo na vida de alguém. De todas as vezes que me ia abaixo era nessa pequena coisa que pensava.Ser um fardo. Ser alguém que dependia de outra para viver. Sentir que sou um incomodo na vida de alguém.Eu admito ser fraca de espírito. É a mais pura das verdades. Talvez seja por esse mesmo motivo que sofri pelas mãos de pessoas que não me são nada hoje em dia e que também, nunca o foram para mim. O porquê de sempre pensar no mesmo, vezes e vezes sem conta, ao ponto de me tornar em alguém pessimista. Nunca fui pessoa de acreditar em finais felizes ou em contos de fadas, porque a vida não se trata disso. Se era para acontecer, era porquê o destino assim o quis. A vida é apenas um meio com um principio, um meio e um fim, onde apenas sofremos para nos tornarmos mais fortes, mais do que aquilo que pensávamos ser. Onde a felicidade é apenas algo relativo consoante o que pensamos e achamos. O ato de agir é algo capaz de mudar muita coisa. Temos a escolher entre o bem e mal. O que me confunde, enquanto pessoa e ser humano no meio de tantos, é o porquê de alguém não ver o quão mal fez ou faz. Não importa quantas pessoas magoem no caminho, apenas conseguem ver o objectivo á sua frente. Como se estivessem cegas. 

E eu quero parar de me sentir assim. Indefesa. Fraca. Vulnerável. Quero sentir que consigo me tornar em alguém tão forte para conseguir suportar cada coisa que possa surgir á minha frente. Algo que pensava ser inquebrável. Quero poder olhar para cima sem medo algum. Quero poder dizer que já não sou a Ana frágil que todos conheceram. 


Talvez seja por isso que estou aqui. Presa a uma cama de hospital. Sentido que sou tudo e nada ao mesmo tempo. Talvez porque naquele momento não consegui aguentar tudo á minha volta. 

O médico avisou-me que iria ficar pelo menos esta noite para observação. São comuns os desmaios depois de um ataque de ansiedade. Basicamente disse que era devido ao stress e agora vendo as coisas de uma outra perspectiva, tudo o que se estava a passar á minha volta resolvia a questão de isto me ter acontecido.

Eram apenas cinco da tarde. A Constância, sendo a pessoa que ela é, ficou comigo este tempo todo. Desde que eu entrei neste hospital que ela sempre esteve ao meu lado, para que eu não me senti-se sozinha e para assim eu desabafar e falar. Disse-me que o Harry ficou exaltado e bastante preocupado em ver o meu estado, quando tudo aconteceu, e que desde que eu chegara que, ele esteve sempre na sala de espera em busca de saber por noticias minhas. 

Se fiquei contente?Claro. Mas nada disso evitaria com que eu ficasse menos tensa e irritada por saber que até ali ele tinha estado com aquela loira oxigenada. Ou ainda o motivo pelo qual não me falara.

Neste preciso momento, o meu pai estava a ver se toda eu estava bem, tanto a nível físico e mental, mesmo que o último estivesse ainda meio zonzo. Sei que ele ficou preocupado bem como a Cláudia. Eu sei o quanto custa para ele, voltar a este terrível hospital onde tudo aconteceu. Sei que é complicado controlar as suas emoções, agora á flor da pele, ao ver todas estas máquinas á minha volta, a apitar por tudo e por nada. Voltar a mirar estes corredores sem cor alguma, sem qualquer sinal de vida presente. Consigo sentar o quão tenso o homem diante de mim está. E por alguns segundos, o remorso, de ter deixado isto acontecer, abate sobre mim como quando o céu azul depressa fica coberto por nuvens cinzentas.

Pai: Fiquei tão preocupado quando a Constância me disse que estas aqui - afaga a minha bochecha com o seu polegar.

- O que interessa é que agora eu estou bem, e desculpa por te preocupar pai.

Pai: Não peças desculpa de nada meu amor. Agora o que importa é que já estás melhor. O médico disse-me que irias só sair amanhã. Eles querem-te observar e verificar se está mesmo tudo bem contigo, não vá teres alguma coisa no teu corpo ou algo assim... - diz apreensivo.

Only Angel |PTOnde histórias criam vida. Descubra agora