Capítulo 39

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Lembro-me de naquele momento não ter chão para sustentar todo o meu ser, foi como se tivesse acabado de levar com um soco bem forte na barriga. Toda aquela informação naquela altura foi difícil de digerir, logo quando tentava me tornar num ser humano melhor. 

Penso todos os dias nela. Naquele ar fragilizado que a mesma sustentava. Em como chorava desesperadamente a tentar pedir-me desculpas. Em como não queria nada daquilo. Em como aquele mero feto que ainda nem sequer tinha nascido, iria afectar toda a sua recente vida, tanto na escola como a nível profissional, e ainda para mais, sem sequer querer pensar na reacção dos pais dela. E eu na minha família.

Deus. Era a única coisa em que conseguia pensar naquele momento que me pudesse ajudar. Mas também, pensando agora nisso, não iria valer de nada pois nem sequer meter os pés na igreja eu metia quanto mais rezar o terço á noite ou ser católico. Enfim.

Naquele momento...Apenas sai do meu lugar e abraçei-a com tanta força que até tive medo de a magoar. Queria dizer que iria correr tudo bem, que iria tentar tudo por tudo para fazer com que desse certo. Apesar de saber que aquilo era um erro, eu já adorava aquele feijãozinho. É estúpido eu sei, mas não há que começar a criar mais problemas onde eles não existem, e ela não o fez com os dedos como é óbvio. Fomos duas crianças irresponsáveis que não usaram proteção e nesse caso a culpa recai em mim, pois fui eu que a puxei para o quarto, não ela...

Talvez seja um sinal lá de cima. O meu primeiro grande teste. 

Aprender a fazer-me homem, encarar com os meus próprios problemas e resolvê-los da melhor maneira possível.

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***4 Meses Mais Tarde***

Hoje era dia de ir a uma loja de bebés para comprar-mos coisas para a nossa pequena. É isso, vamos ter uma menina. Ainda não escolhemos o nome dela mas agora pensando nisso, estou tão ansioso pela vinda dela que ainda nem me tinha ocorrido essa ideia. Ainda está na barriga da mãe e já me perco de amores por ela. De facto é algo inigualável sentir o que ando a presenciar. Todo este misto de sentimentos me dá a tal sensação de borboletas de cada vez que toco naquela barriguinha quando a minha pequena dá um pontapé. 

Muito se passou nestes 4 meses. Aprendi a consertar a minha vida, a torná-la em algo melhor e muito disso é devido á Caroline que me tem ajudado imenso. Ela compreendeu o meu estado e a razão pela qual eu me  tornei naquele ser irritante. Aprendi a ser melhor, a ser mais amoroso, a ser alguém na vida e tanto ela como a nossa bebé mereciam alguém que as pudesse proteger e foi nesse objectivo que eu me foquei em me erguer e lutar.

Podem pensar que é errado mas, foi inevitável a minha aproximação para com a Caroline. Desde o momento em que ela me deu a grande noticia, aquela que me arrebatou por completo, temo-nos vindo a ajudar um ao outro. A vida dela nunca foi fácil e sem querer, nós originámos algo. Um amor profundo que eu digo com todas as certezas do mundo que talvez seja ela, a tal.

Nada passa despercebido e, agora, olhando para tudo o que se tem andado a passar, sei que nada foi por acaso. Deus escreve por linhas tortas, e nem tudo é certo mas acredito profundamente que ela foi colocada no meu caminho para fazer florescer o que faltava no meu ser.

Sem querer ser poético e demasiado lamexas, assumo que hoje tento fazer dela, a rapariga mais feliz do mundo. Posso não ter um carro luxuoso, ou uma casa milionária mas com certeza lhe tentarei dar, não só a ela mas também á nossa bebé, um grande carinho e tudo o que elas necessitem. 

Fazemos hoje 3 meses desde que começamos a namorar e achei por bem termos hoje um dia só dedicado a nós os três. Finalmente uma lufada de ar fresco.

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*** 3 Meses Mais Tarde***

XXX - Vá! Desta vez tem que fazer mais força! Por favor!!

Caroline: Eu não consigoooo - grita em aflição - Eu já não teenho forças....

- Amor por favor, só mais um bocadinho e vamos ter aqui a nossa pequena, vá lá bebé...

Todo o bloco operatório estava ansioso e neste momento não há sequer uma palavra que possa reflectir tudo o que eu estou a sentir. É como se fossem agulhas pequenas a espetarem cada centímetro da minha pele. A minha mão nem vê-la nem senti-la de tanta força que a Caroline faz mas é óbvio que eu consigo perceber o porquê... 

Sinto-me desesperado. Quero fazer algo, quero ajudar mas, não consigo. Custa-me tanto ver a Caroline neste estado. Já está em parto á 5 horas e não sei o que mais fazer. Assim que ela me disse que as suas águas tinham rebentado fiquei estático a olhar para ela. Quer dizer, era a nossa menina que vinha a caminho, não é? Conduzi rapidamente para o hospital e a Caroline desde o inicio que tem estado em aflição. 

Eu compreendo o seu lado. Ela simplesmente não estava preparada para ser mãe mas tanto eu como ela encará-mos a realidade e abraçá-mo-nos a ela. E era incapaz de quer algo a mais neste mundo se não este momento.

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A nossa Matilde simplesmente não quer sair e dizer olá aos papás. Continuamos na mesma labuta. A Caroline a querer fazer força e ela a querer ficar lá dentro. 

Vejo do nada os médicos a correrem para dentro do bloco e imediatamente percebo que algo está mal. 

Caroline: Harry, por favor promete-me que se eu for ,que vais cuidar da nossa pequena.

- Não penses nisso bebé,shhhh. Ela vem comigo e tu também, eu não consigo fazer isto sem ti- encosto suavemente a minha testa na dela, dando-lhe um beijo na bochecha. Sinto o sabor salgado das suas lágrimas e apenas desejo que isto passe rapidamente.

Caroline: E se ela.... - a sua cara de pânico diz tudo.

 - Por favor, não acabes o que ias dizer, eu amo-te e prometo-te que nada irá te acontecer nem á nossa pequena! 

Olho mais uma vez para ela. O suor a correr pela sua testa abaixo. Os seus olhos esbugalhados como se estivesse a encarar a morte de frente. E do nada....

XXX- A paciente está a perder muito sangue preciso de ajuda, rápido!!

Tudo acontece rápido. Olho para a minha namorada, pálida a olhar para mim como que a pedir-me ajuda. Sinto uma lágrima a escorrer rapidamente pela minha cara.
E mal eu sabia que já não haveria Matilde. Que a Caroline e eu acabaríamos, que ela iria se tornar noutra pessoa. Que eu voltaria a ser percorrido por uma dor intensa ao ver a minha menina dentro de um caixão pequeno, a ser enterrado pouco a pouco pela terra.

E foi ai que percebi que na vida não interessa realmente se recebemos aplausos pelos feitos que alcançamos ao longo dela, mas sim se temos coragem de nos aventurar em algo revestido de incerteza.

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Hey Angels

Desculpem mas não me ando a sentir bem. Tenho andado com uma branca sobre o que escrever,como....

Votem e comentem por favor, amanha vou tentar publicar...

Beijinhoss!!

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