Capitulo 107

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Foda-ce!!!

Grunhiu John á medida que pisava para dentro da cela onde estava Michael que o olhava apreensivo. O mais velho manteve o seu olhar discreto e o seu corpo escondido atrás da parede rugosa e manchada de tinha cinzenta e velha, enquanto mirava o corredor como se estivesse com medo de que alguém o atentasse.

Michael - Que foi? O que se passou? - Levantara-se autoritário indo na direção do mais velho que continuava apreensivo.

John - Nada! Eu consegui a porra da lanterna!

Deixou a sua atenção assente em Michael sorrindo torto quase como um maníaco. No intimo, toda a podridão que pousava na sua mente e que lhe dera pesadelos fora o homem que captava de momento a sua atenção. Mas mesmo sabendo desse facto tinha que manter o foco. Ele sabia que, lá fora, Ana o esperava. Ela simplesmente estava á espera que ele voltasse para ele. Iria correr contra ele, que por si já chorava a potes, e abraçaria o seu corpo com uma força desmedida assim como a rapariga a quem pertencia o seu coração. O seu objetivo era esse. Apenas esse, pensara mais uma vez antes de olhar na direção de John, com um sorriso de igual expressão ao mais velho.

Michael - Quanto?

John - 100 libras - Andava de um lado para o outro, vagueando pela cela tentando encontrar respostas a perguntas que se iluminavam inquestionavelmente na sua cabeça. Michael franzia o cenho tentando pensar novamente no quão rigoroso todo o processo do plano deveria ser executado. 

Michael - Tanto?! A porra da lanterna deve ser banhada a ouro só pode.. - Exclamou dando as costas para longe de John que o encarava esbaforido. Tinham juntado algum dinheiro, fazendo pequenos trabalhos na serralharia da prisão onde, para além de terem de cumprir o seu dever e onde ganhavam dinheiro por isso, mantinham contacto com pessoas que tinham algum poder em conseguir arranjar certos objetos. John achou um rapaz que tinha como alcunha "rato". Estranho claro, mas realmente a alcunha cabia na perfeição pois ele conseguia enfiar-se em qualquer sitio sem ser visto ou sequer identificado por outros reclusos que poderiam ver assim por acaso os delitos.

Bastava um dos guardas responsáveis pela vistoria das celas e da contagens de reclusos falhar, demorando a vir ou até mesmo a ir e o plano ia literalmente pelo esgoto. O problema era pelo facto de ter que andar tanto em tão pouco tempo apenas com a ajuda de uma lanterna minúscula que poderia acabar com a bateria em instantes. Por outro lado, havia outra carga para cima dos ombros dos dois que era ainda mais problemática: o esgoto servia para acarretar produtos inflamatórios cujas funções eram devastadoras para os pulmões, e para certos órgãos e como não havia nada que confirmasse nada de nada relativamente aqueles esgotos, era como estarem a nadar numa fossa sem saberem para onde ir. Por isso seria vital correr tudo dentro dos planos e ser o mais ágil e rápido possível.

John - É estúpido mas as coisas aqui são mil vezes mais caras do que lá fora pelo facto de não teres liberdade. Aqui aprendes a viver, a respeitar, a lutar por ti principalmente. Uma faca, droga até, vale muito dinheiro. Se tiveres algo poderoso e caro és o rei aqui, caso contrário não passas mais do que um simples servo.

Michael - E achas que ele levantará suspeitas?

John - A questão é essa. Ameacei-o dizendo que se conta-se a alguém do nosso pequeno negócio, que iria fazer com que ele sofresse um pequeno acidente - Sentara-se ao seu lado mirando o chão ainda pensativo.

Michael - Deus. Podes arranjar uma lamina, gesso a partir da pasta de dentes, mas uma lanterna? 

John - Na quinta feira houve uma rixa no pátio sul. A partir dai houve alguém que agrediu um dos guardas e o deitou ao chão. Foi considerado muito fácil. Bastou ir lá ao meio da confusão e pegar nela.

Michael - Fica tudo confirmado então? Não precisamos de mais nada? 

Alevantara-se indo de encontro á entrada da cela, olhando discretamente para fora, tentando reparar em todos os reclusos que se mantinham nesse mesmo corredor a falar uns entre outros. A calma era essencial naquele lugar. Uma pinga de nervosismos era o quanto bastava para corroer tudo aquilo em que trabalhara em conjunto com John até aquele momento.

John - Apenas um pouco de sorte. Está quase. Amanhã á noite seremos homens livres longe deste ninho de merda - Repudiou cuspindo ao chão.

Embora Michael não gostasse, teria de admitir que sem a ajuda dele seria imprescindível tudo o que haviam alcançado. Michael era o cérebro, John apenas completava com a força física.  

De noite, o guarda inspecionaria todas as aulas confirmando o número de reclusos, fechava a porta que daria acesso á ala, indo embora e ai, com toda a rapidez e silêncio, iriam retirar os lençóis da cama prendendo os mesmo contra a cela. Iriam retirar a sanita do sitio e escapulindo por ali com um pouco de lençol preso á cara tapando a boca e o nariz escapando rápido. Era isso. Só podia. Se não o fosse seria um homem morto. Queria Ana. Mais que nunca. A roubaria daquele badameco que a havia retirado dele. Ele sabia perfeitamente que Ana o amava. E por ele, seria sempre assim até ao fim dos dois.

Michael - Assim espero - Sorrindo de soslaio pensava novamente na rapariga que lhe havia roubado o pensamento assim como em todos os segundos, desde que entrara ali. Em como estava perto de sentir novamente o seu calor e aperto contra si. A maciez suave da sua pele contra a dele e principalmente da sua voz que agia como uma melodia descompassada de Mozart. 


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Only Angel |PTOnde histórias criam vida. Descubra agora