Capítulo 110

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Lembro-me de ir ao cemitério visitar-te. Olhar o meu pai de expressão fechada, como se o seu temperamento se resumisse á mesma que o tempo nublado aparentava mostrar naquele dia. Olhava para o nada. Sentia-me encurralada. Mantendo a respiração olhando o céu e questionando.

Nascemos com o propósito de sermos melhores a cada dia, mas o meu pai se mantia ereto frente á tua lápide como se o tempo parasse e ele voltasse àqueles dias em que chorava de saudade por ti. Sem cor alguma nos seus olhos que eram bonitos de cor verde. Quase como o céu espelhado neles. Naquele dia não fora assim.

Inexpressivo, segurava a minha mão e a da minha irmã. Dei um beijo na tua foto, como fazia sempre quando te ia ver. O pai mudava as flores que outrora eram bonitas e coloridas. Agora secas e sem cor, elas refletem o meu interior cada vez que vou á tua campa.

Tento encontrar palavras. Palavras para descrever o que te gostaria de dizer se estivesses aqui. A olhar para mim. A dizer-me coisas bonitas acariciando-me a face como o pai me diz que fazias quando eu era pequenina. O tempo perde-se. As horas passam e, é nisso que tento encontrar pelo menos, alguma calmaria para abrandar a dor que atrofia a mente e o coração.

Pequenina era eu quando fora a primeira visita até ti. Não entendia. Não conseguia formular algo concreto de modo a entender a situação. Olhava para a tua lápide sem tomar a realização de que nunca mais poderia sentir a tua pele contra a minha. O teu sorriso descarado no meu ou as tuas brincadeiras.

Dia ou outro, vi um vídeo gravado pelo pai. Estava enrolada num cobertor. Confortável contra o teu peito. Murmuravas coisas silenciosas ao meu ouvido para que só eu pudesse ouvir. Sorrias. Muito. Um sorriso que ia de um lado ao outro, preenchendo a tua face bonita. A minha mão apertava um dos teus dedos. Com força. Aquela igual áquela que eu daria se te pudesse dar um abraço apertado.

As palavras preenchem a minha mente. Ter-te aqui seria a melhor coisa que poderia acontecer mas ai tudo se desvanecesse quando penso. O que te diria? Como olharia para ti? Como conseguiria reagir depois de tanto tempo longe de mim?

A mente flutua. A dor angústia. A perda é miserável. 

E, no entanto, acaricio a minha barriga pensando se não poderei estar aqui para ver o meu filho a crescer. A dar os primeiros passos. A dizer a primeira palavra ou ver o Harry a mudar a primeira fralda cagada.

Fico a pensar nas inúmeras cenas possíveis que poderiam acontecer caso eu fosse desta para melhor. Uma coisa é certa. Quando dizem que tu estás ai de cima a olhar por mim e a ver as etapas que vou conquistando ao longo desta caminhada a que se chama vida, penso na dor da despedida que o meu pai terá sentido ao perceber que não estarias aqui para ver isso a acontecer.

A crescerem num lar sem o amor da mãe. A viverem na sombra de um pai angustiado pela dor que aperta a cada momento. A cada pessoa que passa por nós e diz que sou a cara dela ou que tenho o gene dela. É difícil. 

Afago mais a minha barriga tentando afastar a lágrima que vai espreitando. Espero algum dia vir a entender o propósito de Deus e das ações que faz. 

E ai fecho os olhos, tocando no corpo do rapaz deitado ao meu lado e pensando no quão melhor a minha vida se tornou depois dele aparecer. A razão do meu sorriso e da motivação que preenche o meu dia. De ambicionar ser melhor a todos os instantes e etapas da minha vida.

Como se ele percebesse o meu pequenino começou a chutar a minha barriga como se chutasse uma bola e, o ser de esmeraldas verdes, acordou de sorriso estampado na cara ainda de olhos fechados passando a mão de volta do filho, a babar nele.

Harry - Filhote é muito cedo ainda para acordares, tens de dormir - Ouviu-se  sua voz rouca a eclodir, dando festinhas na minha barriga e beijando a mesma.

Derreti com aquela cena deliciosa, e ajeitei-me melhor na cama abraçando o seu corpo musculado que depressa reagiu ao meu toque.

Harry - A mamã é chata não é? Ela acordou-te não foi meu amor?

Cutucou a barriga falando num tom acriançado para ela. Eu apenas me ria da ternura dele ainda zombie de sono. Era simplesmente fantástico ver a ligação deles. Bastava apenas a voz dele soar e ele logo se começava a mexer e a chutar. Foi a partir dos seis meses que o nosso pequenino começou a ampliar os seus movimentos e o Harry sempre estava ali para apaparicar.

Era engraçada as brincadeiras que entretanto surgiam entre eles os dois, o mesmo não diria ás minhas costas. Mas o importante é ser feliz e não pensar demasiado. 

Deitei a minha cabeça no vão da curva do pescoço do meu amore lentamente fui fechando o s olhos sentidos as suas caricias constantes no meu corpo. Era quase uma regra que ele havia criado para me adormecer quando não conseguia dormir.

Tudo era mágico. E era ele que o concretizava em mim.

"You're my favorite place"


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Heeyyyyy

Só informar que vou tentar publicar mais um capitulo ainda nestes breves momentos e que a novela de Michael e John vai acabar nos próximos capitulos. Quero também pedir desculpas por alimentar a vossa expectativa mas muito ainda vai acontecer até Only Angel acabar. Pelo menos planeio acabar de um fio ao qual vocês não estam á espera e ai termina a primeira temporada. Já tenho a segunda temporada assim meio pensada e por favor NÃO ME MATEM XD

Gosto muito de vocês e espero que tenham gostado da fanfic até agora. COMENTEM E VOTEM E PARTILHEM MUITO!!! Gosto muito do vosso apoio!!

KISSEEEEEESSSS

«««All The Love»»»

Only Angel |PTOnde histórias criam vida. Descubra agora