Tinha ciúmes dos meus colegas, de os ver felizes, de os ver a darem abraços e beijos aos seus pais enquanto que eu ficava especada a olhar. Quem me visse naqueles momentos veria o meu olhar vazio, como se estivesse a ultrapassar uma escuridão sem fim perdida nos meus pensamentos obscuros e carregados de solidão. Com o passar do tempo, e estando eu mais crescida, decidi por um ponto final nas vozes da minha cabeça. Com 12 anos e com um novo rumo na minha vida e indo eu para uma nova escola, decidi que seria bom para mim mudar não só no meu aspecto físico como psicológico. Interagir mais com as pessoas que me rodiavam todos os dias seria bom para mim, seria bom ter uma amiga com quem contar para tudo, seria bom desabafar, libertar tudo o que tinha cá para fora.
No meu quinto ano fui vitima de bullying, e quando gozavam comigo ou me batiam eu achava que era normal. Pensei que fosse algum tipo de teste para ser aceite. Chegava todos os dias a casa com um fardo em cima dos meus ombros para além do meu corpo possuido por mazelas, umas piores do que outras, e por isso, decidi fechar-me no meu mundo. Decidi que não iria contar a ninguém nem mesmo á minha irmã , que as pessoas que me rodavam todos os dias naquela maldita escola, eram más para mim, que me agrediam psicologicamente todos os dias, que diziam que era bem feito a minha mãe ter ido pro céu, que me batiam como se fosse um saco de batatas, como se, afinal, no meio disto tudo, eu fosse apenas um fardo na vida de toda a gente.. Quem já sofreu este tipo de abusos sabe qual é o sentimento de ser assim tratada.
Eu cresci e com isso os meus pensamentos também, não consigo contar quantas vezes me tranquei no quarto, de luzes apagadas e com os meus joelhos encostados ao meu peito, a chorar baba e ranho, porque no final de contas eu não pedi a ninguém todo este sofrimento, não pedi a ninguém que me desse razões para deitar estas malditas lágrimas que me atormentam todos os dias à noite, não pedi para ser como sou.
Foi quando entrei para o meu 10º ano que comecei a ter pensamentos suicidas. Sentia me como um papel deitado no chão que de vez em quando vai flutuando com a ajuda do vento, sozinho. De cada vez que me diziam alguma coisa má ou gozavam comigo, era como se a atisa-se mais a chama em mim. As vozes na minha cabeça a dizerem que eu não valia o ar que respirava, que era uma falhada e que nunca conseguiria recompor a vida. As noites eram sempre o mais complicado , via-me num beco sem saída, sem um buraco por onde me pudesse enfiar e sair deste maldito mundo, desta maldita vida. Pensei que a mesma não tivesse remendo, e quando menos esperava, quando eu pensei que nunca poderia ver a luz ao fundo do túnel, um anjo me deu a mão e me puxou para cima.
Acordei com o meu despertador do meu telemóvel querendo atirar o mesmo contra a parede e assim puder dormir mais um pouco. O mesmo apontava 7 horas da manhã e se não me alevantasse dentro de 5 minutos sei que iria chegar atrasada á escola. Finalmente sai da cama e fui logo em direcção á minha casa de banho para tomar banho. Em 10 minutos sai e logo procurei no meu roupeiro por roupas para poder vestir. Depressa desci as escadas e quando apenas me faltava um degrau por descer ouvi logo a voz da minha irmã a chamar por mim.
- Oh Anaaaa se não saíres dessa cama eu juro que vou trazer um balde cheio de água gelada e despejar-te em cima !- disse ela
- Ei calma aí! Eu já estou aqui não é preciso mandares ameaças ahaha - disse eu a rir
-Eu sei mas tu nunca me ouves de manhã e eu sei que ninguém te consegue tirar da cama portanto tinha que te falar assim - disse a minha irmã também a rir-se
- Vê lá se os dentes não te caiem de tanto rir - disse eu pegando numa maçã e encaminhando me para sair de casa
- Então vais já para a escola? Não comes nada a mais sem ser essa maçã?
- Tu própria sabes que de manhã não costumo comer nada por isso já vais com sorte de me ver a sair com uma maçã - disse eu em tom de brincadeira
- Sabes que eu só me preocupo contigo maninha - diz a minha irmã acabando de comer a torrada com manteiga dando- me um olhar meigo
- Eu sei porca, vá vou indo que eu não quero chegar atrasada, tenho aula de português e tu sabes bem como aquela stora manhosa é logo de manhã.
- ya eu sei sis, vai lá até logo - disse ela vendo- me a fechar a porta
Todos os dias de manhã caminhava para a escola que era relativamente perto da minha casa. Demorava á volta de dez minutos para lá chegar e como ainda tinha 20 minutos visto que a primeira aula só começava apenas ás 8:30, decidi tirar do meu bolso do casaco os meus fones e ouvir música enquanto caminhava para a escola, abstraindo-me um pouco do que se passava na rua.
Chego á escola e encaminho-me para a minha sala subindo umas escadas para lá chegar. Entro e sento-me no meu lugar vendo a minha amiga Constância a chegar e a sentar-se ao meu lado.
- Hey bom dia Ana - diz ela com uma cara de sono
- Olá bom dia, então que se passou? Essa cara de sono ui - disse eu achando piada á maneira como ela me olhava cansada
- As insônias não me largam, só adormeci lá pelas 2 da manhã hahaha
- Como eu te entendo... - digo ao ver a stora a entrar pela sala carregando os seus livros e sentando-se á frente da sua secretária
- Anyaways, sabes o que contaram?- disse ela olhando para mim com cara de quem vai dizer merda.
- O quê?
- Disseram-me que vem para a nossa turma um rapaz que acabou de chegar de Londres, e ainda por cima dizem que é todo jeitoso - diz ela com cara de quem viu um unicórnio.
- Asério? hum... - digo eu desinteressada por mais um dia secante
- Não sejas assim Ana, pode ser que ele ainda se apaixone por ti- diz ela a olhar-me com aqueles olhos de gato das botas.
- Sabes que eu e namoros não combinamos - e é mesmo verdade.
Todos os meus colegas de turma já estam na sala e a stora dirige-se á porta logo que batem na mesma, a mesma abre a porta e vejo o diretor a entrar na sala trazendo consigo atrás um rapaz com caracóis cor de chocolate, umas esmeraldas verdes que me despertaram a atenção e uma expressão séria que logo me encara deixando-me envergonhada fazendo com que eu vire a minha atenção para o diretor.
- Bem alunos, em vim aqui para apresentar o vosso novo colega que vai entrar na vossa turma, espero que o recebam bem, obrigado e boas aulas - diz deixando a sala.
A minha stora manda o rapaz apresentar-se á turma e com que nós também o façamos e pelo que eu ouvi o tal rapaz novo chama-se Harry e tem também 19 anos e veio de Londres porque os seus pais se mudaram para aqui.
- Bem Harry podes ir para a secretária ali do canto - diz a stora.
O quê? não acredito o rapaz vem para a secretária ao meu lado ainda por cima e não consigo ainda ficar mais envergonhada. Apenas me consigo lembrar daquele olhar e do quão intimidador ele é.
Ele eventualmente acaba por se sentar perto de mim e não consigo não olhar para o meu lado esquerdo sentido o seu olhar em mim e quando olho o mesmo me dá um sorriso o que por dentro me deixa alegre.
A aula estava a ser secante e a Constância dormia ao meu lado, a sorte dela é que a stora está a escrever um testamento do tamanho da bíblia no quadro e não se apercebe dela porque se não já estava na rua. Á medida que passo as coisas para o meu caderno sinto um papel a voar para cima do mesmo deixando-me alerta e curiosa ao mesmo tempo. Pego no mesmo e vejo que está escrito um olá no mesmo e fico confusa pois não sei de onde veio o papel. Quando olho para o lado vejo o Harry a olhar para mim com um sorriso pequeno com um olhar a sugerir-me para lhe responder no papel e é quando me apercebo que o mesmo era para mim e instantaneamente fico com as minhas bochechas a arder e a sentir o meu coração a palpitar pois nunca antes nenhum rapaz me tinha feito isto.
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All the Love «3
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Only Angel |PT
Romance"A realidade é que não te amo com os meus olhos que descobrem em ti mil falhas, mas sim com o meu coração, que ama o que eles desprezam e apesar do que vê, adora apaixonar-se" Inicio(17-04-2020) Fim (11-09-2021) #229 EM STYLES - 26 de Abril 2020 #2...