Capítulo 74

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- Como é que és capaz de dizer isso?! Como Harry? Como? Explica-me?!

Harry - Tu e eu. Já não somos nada.

As suas palavras entoam directamente na minha cabeça. Perco o fôlego que tinha. Não consigo sequer raciocinar direito e se já tinha ficado mal com a sua boca, pior estou eu agora por não o conseguir entender. Não conseguir perceber  o quão tosco e parvo ele está a ser. Este não foi, de todo o Harry que eu conheci. Não... não é ele....

- Se não somos mesmo nada, diz me isso na cara. Olha-me nos olhos e diz que o que tivemos não foi relevante em nenhum sentido para ti! Diz que tu não sentes o mesmo que eu, diz!

Os seus olhos cercam os meus. Olhos esses completamente gélidos, sem um pingo de carinho ou afecto. Apenas um verde vazio, opaco, sem cor.

Harry - Ana...

- Tu és tão idiota, juro... juro por mim que se disseres o que eu sei que tu não queres que eu... eu nunca mais te falo e podes ficar finalmente em paz ... - Algo molhado percorre a minha cara. Ele mantém-se imóvel, sem sequer mexer um membro olhando para mim fixamente. A enfermeira não continua no quarto.

Harry - Tu e eu. Não. Somos. Nada. Acabou Ana. - Ele mexe-se desconfortavelmente mirando-me sério.

- Espero que tenhas boa memória. Não te esqueças que foste Tu que me deixas-te. Fica bem.

Saio do quarto derrompante batendo a porta com força. Louis ainda tentou me apanhar, algo impossível pois sai tão rápido do hospital como quem foge da morte a sete pés. 

Talvez o deva mesmo esquecer. Talvez seja o melhor. Não posso ficar presa a algo que eu sei que me vai sabotar. Talvez eu e ele não fossemos o casal perfeito de que toda a gente pensava que iria durar para sempre. Não naqueles contos de fadas porque isso é apenas uma cortina que separa o que é pura ilusão do que é realmente uma relação verdadeira.

Ninguém me preparou. Ninguém me disse o que era estar apaixonada. O que eram aquelas malditas borboletas que se sentem quando gostamos de alguém. Aquela ansiedade com que tu ficas quando vez a pessoa diante de ti e, no reflexo dos olhos dele, bem lá no fundo, consegues ver a miragem da tua pessoa, aquela realmente feliz sem preocupações, apenas uma paz de espírito. Ele era, é e sempre será, a calma no meio da euforia e angústia. A miragm de um oásis no meio do deserto. A vida é cruel, mas também possui aqueles momentos genuínos em que tu sabes o quão bem tu te sentes ao lado da pessoa, o que ela te transmite, o que ela significa para ti. E, por muito que tenha custado.. Por muito que que tenha chorado por vezes e me tenha iludido, o que eu e ele tivemos foi isso - Puro e simples.

Com ele, aprendi que não importa de onde és, o quanto sofreste, o que passaste. Tu tens uma hipótese. TU és alguém na vida. TU fazes falta a alguém. TU és especial.

Acredita sempre em ti. No dom que tu tens ai bem lá no coração e nunca, mas mesmo nunca, te deixes rebaixar por alguém. Se formos a ver de outra perspectiva, TU tens algo que os outros sempre querem. Não importa o quão bons eles pareçam ser á frente dos outros, TU irás sempre ter aquela paciência e aquele dom de saber perdoar e ser humilde.

Neste momento vagueio pelos meus próprios pés até ao campus. Sento-me num banco, pegando no telemóvel e ligando para um numero agora conhecido. Depois te falar apenas o necessário, apenas espero.

Agora noite feita, tudo parece acontecer em câmara lenta. As folhas barrem o chão com a força do vento. Os candeeiros pouco ou nada iluminam a rua pouco sombria.

Ele foi a paz que faltava no meu mundo. Foi a luz ao fundo do túnel. Era o ar que eu precisava de respirar e sentir que iria reconstruir as ruínas do que era a minha pessoa. Ergueu a Ana que, possivelmente, nunca antes ninguém tinha visto. Aprendi. Oh.. se aprendi...

Alguém senta-se ao meu lado. O meu corpo é abraçado e escondo-me no meio dos seus braços, largando as lágrimas que até ali não tinham tido a coragem de sair. De divulgar ao mundo a tristeza que assoalha cada célula do meu ser.

Michael - Calma princesa. Eu estou aqui.. 

E neste momento é nos braços dele que eu me perco. Perco cada traço da minhas consciência enquanto o aperto com mais força contra mim. O único sobrevivente no meio desta tempestade que, na minha cabeça não parece ter fim e, não parece que vá acabar tão depressa.

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Acordo com a luz que espreita pela persiana da janela. Uma cama espaçosa ampara o meu corpo agora frágil e com resquícios de cansaço. Aperto a almofada contra mim sentindo o cheiro leve a perfume masculino e, por muito que não queria lembro-me do que era acordar ao lado dele de sentir o seu cheiro mais presente. De tocar nas suas costas abraçando-me contra ele. Dos seus braços a fazerem carinho nos meus quando abraçava a sua barriga quente.

Lembranças.. Torturosas...

Michael - Vejo que já acordaste pequena. Como te sentes?

Acaba por se sentar ao meu lado tocando-me no braço. O seu cabelo está meio agreste, com cara de sono e de uma maneira pouco invulgar, os seus lábios torna-se demasiado convincentes para mim. Algo que.. não deveria acontecer porque... bem porque eu e o Harry... ontem...

- Cansada apenas. São que horas? 

Michael - São 11 e meia da manhã. Preparei o pequeno almoço. Precisas de comer, tu sabes.. não vás apanhar uma fraqueza - Sorri levemente.

- Desculpa eu.. Eu não devia estar aqui. Eu não quero incomodar muito menos..

Michael - Para. Para ai. Tu sabes que eu era incapaz de te deixar naqueles andares e eu faço questão. Eu gosto de ti Ana. Muito. E não me importa se, por ti, tiver de fazer milhões de pequenos almoços ou de te sustentar nos meus braços, para te o provar.

O seu corpo cerca o meu aproximando-se. A sua cara perto da mim reacendo algo imprevisto. Os seus olhos olham para os meus lábios e tempetuosamente me aproximo dele.

- Depois de tudo.. porque ainda estás aqui? - Olho aqueles olhos castanhos cor de mel.

Michael - Porque é de ti que gosto. Deus.. sou tão parvo.. Eu não devia, não devia ter feito aquilo eu sei. Acima de tudo eu não queria destruir algo importante para ti, mas a coisa é que tu do nada... tu entraste como um furacão. Deste a volta á minha cabeça e não existe um minuto sequer em que não pense em ti. E é isso. Eu gosto mesmo muito de ti realmente.

Os meus lábios embatem contra os seus docemente. Algumas caricias são trocadas enquanto ele murmura coisas desconexadas contra mim. Algo como " Deixa-me ser...", "gosto tanto de ti", por ai afora.

E no meio de tanta tormenta, talvez venha mesmo a calmaria para pousar na minha vida. Talvez...


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Hellooooo

Ando meio despistada por causa da universidade, mas eu não me esqueço de voces!!! O capitulo especial secalhar em principio chega no fim de semana, ou talvez mais cedo, ainda não sei.

Que dizem do capitulo? Gostaram?

Quero ver os comentários a baterem assim como esses votos!!

Gosto muito de voces!!

Kissssssseeeeess

«««All The Love»»»

Only Angel |PTOnde histórias criam vida. Descubra agora