Capítulo 117

30 3 3
                                    

Bem vindos ao último capitulo. Custou-me imenso a escrever.

BOA LEITURA!

____________________________________________________

Três dias se passaram. Tudo foi muito rápido. 

Naquele dia, Ana não se levantou mais. Não conseguiu pelas dores no corpo mais pelo facto de que estava praticamente morta. O corpo espezinhado, torturado pelas pancadas e mazelas de nódoas negras cercavam cada traço da sua pele. Sentia-se mais desorientada e fraca do que ao que estava e ficava inconsciente muitas vezes, isso pensava ela, mas apenas era um mecanismo do seu organismo por causa do seu traumatismo que ia recorrentemente piorando a cada hora que passava. Sentia-se fria.

Michael passava por ela várias vezes e de nada fazia. Apenas assistia a sua cara desleixada pelas marcas de porrada. Chegou a um ponto em que se sentara no sofá, olhando o corpo de Ana, ali deitado e completamente imóvel. Nada havia a fazer. O feto possivelmente já estaria morto. Ana não sentia mais dor, porque essa mesma dor passara a ser o seu dia e noite. Já não sentia nada. Apenas as lágrimas que de vem em quando iam escorrendo vez ou outra pelo seu rosto gélido.

"O seu pequeno James."

Tão pequenino. Tão indefeso. Orgulhava tanto os pais de cada vez que ouviam o seu coração a bater. O esforço evidente em crescer a cada mês que passava. A alegria em cutucar a barriga, dando pontapés ao ouvir a voz do pai, a brincar com ele, a rir-se... As vezes em que não a deixava dormir e só adormecia com os mimos de Harry.. Um amor tão pequeno. Mas tão expressivo.

E agora possivelmente não o iria ver a crescer. A dizer as primeiras palvras ou a vê-lo a dar os primeiros passos. A entrar para a universidade e a conquistar as regalias da vida.

Criou um laço com aquele pequeno bebé. Em oito meses, foi a melhor coisa que lhe surgiu. Deu-lhe a esperança que precisava. E naquele momento, em que pensava na vida e nos acontecimentos que a percorreram, percebeu a fragilidade que Harry dizia sentir e não conseguir deixar de lado. Todos aqueles momentos em que chorava ao colo dela, dizendo que a culpa da primeira filha dele ter morrido, fora dele. De que morreu por culpa dele.

A culpa absorvia cada célula dela. Queria dar um filho a ele. Não só porque aconteceu a proeza no momento mas sim para o fazer ver que a vida merece uma segunda oportunidade. Que merece ser vivida. Que por todas as consequências dos seus atos e que por muito que doa às vezes, as coisas acontecem porque têm de acontecer.

Ia morrer sem pedir desculpas a ele. Sem lhe dizer que tentou proteger o seu filho mas que não foi o suficiente. E ai percebeu a sua derrota. A derrota de Harry. Sentia cada palavra dele como se o próprio estivesse ali a sussurrar-lhe ao ouvido.

" Eu sei que podes não sentir o mesmo que eu. Eu sei que podes não ter gostado do nosso momento de há pouco ou do nosso beijo de há segundos atrás, mas eu precisava que soubesses que, desde que entrei naquela maldita sala e te olhei nos olhos, nada mais me importava, nem mesmo o chato do diretor, apenas tu. Não tenho muito jeito com estas coisas e pode até soar cliché, mas é a primeira vez que faço isto, é a primeira vez que exponho os meus sentimento. Ana, eu gosto de ti - enconsta-me ao seu peito de novo apertando-me ligeiramente, de forma a demonstrar o seu carinho por mim e, não poderia desejar mais nada neste maldito mundo. "

E foi na lembrança de ouvir a sua voz a murmurar contra a sua mente que desmaiou mais uma vez, perdendo-se em meio de sonhos e recordações. Talvez seja o seu fim.

Tudo em vão... Por um amor obsessivo e doente...

__________________________________________________

Only Angel |PTOnde histórias criam vida. Descubra agora