Capítulo 26

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Nat: Qual sua especialidade?

Eu: Trauma. Geral também, mas eu atendia só trauma na Marinha.

Nat: Por que nunca mais quis exercer?

Eu: Poucos de nós sobreviveram num ataque covarde. Eu vi meus amigos morrerem. Eu quase morri. Nós 7 sobrevivemos porque eu sozinha matei 28 soldados inimigos.

Nat: Nossa...

Eu: Eu recebi duas das maiores honrarias das forças armadas americanas por isso... A medalha de honra do congresso e o coração púrpura.

Nat: Uau...

Eu: A mais nova da Marinha americana a receber. Eu graduei na hierarquia e virei capitã. Eu não quis mais ser médica, eu não conseguia mais.

Nat: Mas para ter ganhado o coração púrpura Pri... É algo astronômico tem noção disso?

Eu: Sim, eu tenho. Se eu não tivesse os matado, não sobraria um médico e o restante da zona verde seria morta e hoje provavelmente estaríamos em meio a uma grande guerra. E eu digo isso, porque naquele dia, o sargento e o major da operação estavam sendo operados depois de um ataque que sofreram. Se os dois morressem, os inimigos tomariam o poder e provavelmente invadiriam os Estados Unidos. Eu atirei sem ver, eu não podia deixar isso acontecer.

Nat: Muita responsabilidade.

Eu: É... Foi a primeira vez que matei uma pessoa. E na primeira vez, matei 28 rebeldes.

Nat: Se arrepende?

Eu: Não. Estão todos no inferno onde deveriam estar. Eles estupravam as mulheres, as crianças, era horrível. Mereceram cada tiro que levaram.

Nat: Que queimem então. – suspirou A primeira vez que matei foi algo parecido. A gente precisou mudar o hospital de base, porque corríamos risco ali, não estávamos seguros. E na mudança fomos pegos numa emboscada. Os soldados que faziam nossa escolta, maioria foram mortos na explosão da granada, eu matei não sei quantas pessoas para conseguir tirar a gente dali. Alguns pacientes não sobreviveram, mas conseguimos salvar as crianças que foram feridas. Muitas crianças chegavam feridas para nós e eram as únicas que atendíamos do outro lado da cerca.

Eu: Era duro ver crianças morrendo e sofrendo. Me lembro de uma garotinha, o nome dela era Haija. Nunca vou esquecer. Ela tinha a idade dos nossos filhos na época. Os pais dela foram mortos, o pai dela era um rebelde, maltratava a esposa e a pequena. Ele a fez de escudo humano. Deram um tiro nela.

Nat: Meu Deus...

Eu: Eu me lembro dos olhinhos de medo dela pra mim. O pai dela morreu, a mãe dela morreu e eu desci do caminhão de comboio e a peguei. Ela estava viva. Eu e mais três médicos conseguimos salvá-la. Quando ela acordou eu dei uma boneca pra ela. Foi difícil encontrar na cidade vizinha, mas fiz questão de comprar. Ela a abraçou com tanta força e os olhinhos dela tão expressivos brilharam. Ela sorriu pela primeira vez.

Nat: Que dó... E o que aconteceu com ela?

Eu: Ela foi adotada por um casal de fuzileiros americanos. Hoje ela é super feliz, mora em Wisconsin, vai a escola, tem um quarto todo cor de rosa, tem muitos brinquedos, é muito amada. Recebo cartões de natal dela todos os anos desde então. Ela teve um final feliz.

Nat: Sim ela teve. Pri... Por que quer tanto acabar com a pessoa que matou sua esposa? Por que não deixa isso pra justiça?

Eu: Por que ele não deixou rastros suficientes para ser pego. – me sentei na cama e ela sentou comigo. – Minha esposa e eu íamos nos separar quando a Chloe nascesse. A Chloe ficaria comigo.

Nat: Por que?

Eu: É uma longa história Natalie – olhei para o nada. – Não estou pronta pra contar ainda. Mas eu prometo que quando eu voltar eu conto.

Nat: Estou insegura com você nessa loucura toda.

Eu: Confia em mim, eu vou ficar bem.

Nat: Promete?

Eu: Prometo. – a beijei.

Nat: Pri?

Eu: Hum?

Nat: O que a gente tem?

Eu: Não sei – rimos. – Mas podemos resolver... Natalie Smith... Quer namorar comigo? – ela sorriu e me deu um selinho.

Nat: Aceito...

Eu: Queria ter um anel.

Nat: A gente providencia depois.

Eu: Agora vamos aproveitar a nossa madrugada, porque de manhã tenho que partir.. – ela sentou no meu colo

Nat: Vamos... Aproveitar bastante. – aproveitamos muito nossa madrugada fomos dormir por volta de 4 da manhã. Acordei as 7 da manhã, eu tinha que estar na base as 9 horas. Fiz um coque no meu cabelo o prendi bem, coloquei o uniforme oficial que era branco, coloquei todas as minhas insígnias, e colei meu nome... Capitã Pugliese. Minhas camisetas de uso do dia a dia da Marinha tinham meu nome nas costas, e já estariam esperando por mim quando eu chegasse lá. Meus jalecos também. – Está linda assim.

Eu: Eu não vestia meu uniforme a anos.

Nat: Queria que não precisasse dele.

Eu: Eu também. – dei um selinho nela.

Nat: Vamos tomar café?

Eu: Vamos... – desci, meu filho ainda dormia. Tomei café com a minha mãe, e dando instruções sobre o Nick, e falando com a babá também. Logo ele acordou e chamou da escada. Eu subi, abri a portinha de segurança e o peguei. – Bom dia meu filho... – beijei.

Nick: Onde vai mamãe?

Eu: A mamãe tem uma missão da marinha filho. Então eu vou ficar fora algumas semanas e a vovó e a tia Nat vão cuidar de você tá?

Nick: Eu não posso ir?

Eu: Não amor, você não pode. Mas a mamãe vai ligar todos os dias pra falar com você tá bom?

Nick: Eu vou ficar com saudade.

Eu: Eu também vou ficar com saudade meu príncipe. Eu te amo, muito. – ele me abraçou com força. – Obedece a vovó, a tia Nat, a Anny e a Lily ok? Se comporta.

Nick: Tá...

Eu: Eu te amo.

Nick: Eu te amo daqui até a lua.

Eu: Eu te amo daqui até a lua indo e voltando – fiz cocegas nele. Lily desceu pronta para o colégio, eu ia deixa-la na escola. Ela tomou o café rápido e entrou no carro. Peguei minha mala coloquei no carro. – Mãe, qualquer coisa, me liga. Esse numero aqui dá no centro de comando, vão saber me encontrar lá. Capitã Pugliese registro 17584

Mãe: Tudo bem. Se cuida filha e tenta não adoecer.

Eu: Não se preocupe mãe. Eu te amo.

Mãe: Eu te amo...

Eu: Transferi 5 mil dólares pra sua conta, pra comprar o que for preciso, o salario dos funcionários cai automaticamente não precisa se preocupar ok?

Mãe: Ok. Se cuida.

Eu: você também.

Nat: Se cuida, por favor... Se cuida muito.

Eu: Eu vou me cuidar. Logo eu estarei de volta. – a beijei.

Nat: Vai com Deus...

Eu: Amém... Fique com Deus.

Nat:Amém... –eu entrei no carro e fui. O peso era maior. Eu estava deixando não só minha mãedessa vez. Eu deixava os meus filhos, deixava a mulher que eu estou apaixonadae meu enteado.


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