Capítulo 92

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Ela levou as crianças na escola, eu tomei um suco e a esperei para almoçar. Ela logo voltou, lavou as mãos e sentou para almoçar.

Eu: Está tudo bem com você?

Nat: Sim, e com você?

Eu: Estou cansada, mas estou bem. Está seca comigo, fria. O que você tem?

Nat: Eu nada. Eu deveria ter alguma coisa Priscilla?

Eu: Nossa... Calma... – levantei as mãos.

Nat: Está me escondendo alguma coisa?

Eu: Não. Por que esconderia?

Nat: Por que você é a rainha dos segredos Priscilla. – falou irritada.

Eu: Do que está falando?

Nat: Sarah Elliot. – eu tremi.

Eu: Não tenho nada a dizer no momento. – voltei a comer.

Nat: E nem eu então. Quando você me explicar quem é Sarah Elliot, a gente volta a ser esposa. – saiu da mesa irritada.

Eu: Natalie, espera... – terminei de comer e desci pra o QG. Trabalhei um pouco e subi de novo. A Chloe acordou da sonequinha pós almoço dela, fiquei brincando com ela um pouco e no fim da tarde fui buscar os meninos na escola e a levei comigo. Chegamos em casa dei banho nos três dei o lanche deles e foram brincar. Natalie fazia o jantar e não falou comigo o dia todo. Ela foi dormir sem falar comigo, coisa que não fazíamos. Na manhã seguinte fui para o hospital bem cedo. Natalie não tinha acordado, a babá já tinha chegado. Dei algumas instruções fiz uma bolsa pra mim e fui para o hospital, caso minha filha saísse da UTI antes do combinado. Quando cheguei lá, doutor Rubem chegou a examinou e veio falar comigo. O fígado estava bem, ela estava bem também, estava reativa, responsiva, estava como o esperado e até melhor e isso era ótimo. Fizeram alguns exames nela e estava tudo como o esperado. A vi um pouco e depois fui falar com o medico sobre a doação de medula da criança, e acontecerá em alguns dias. Ela está passando por transfusões está debilitada. A família ainda não sabe que tem uma doadora. Minha filha foi para o quarto após o almoço, acordou, falou comigo, pediu agua, foi examinada e dormiu de novo. Julie foi até lá vê-la, estava na cadeira de rodas. Ficou um pouco e logo voltou para o quarto dela. A noite a Lily teve uma crise de choro sem igual. Aeelyn tentou acalma-la, eu tentei, a Julie tentou e não conseguimos. Foi preciso chamar a psicóloga e depois medica-la. Era normal, ela passou por uma grande cirurgia, a vida dela corria perigo. Eu não dormi a noite toda. Fiquei olhando-a dormir. Logo a Julie apareceu devagar segurando o soro.

Julie: Como ela está?

Eu: Não acordou depois do sedativo, vai dormir até amanhã.

Julie: Precisa descansar, vai passar por um procedimento.

Eu: Eu não consigo dormir. Estou preocupada e ligada demais para dormir. O que faz de pé? E sem um agente com você?

Julie: Minha agente está apagada no sofá, e ela não tem a mesma habilidade que eu, e eu não vou muito longe operada e nem pretendo fugir. Eu só queria ver como ela estava, já estou voltando para o meu quarto.

Eu: Ela vai ficar bem. A psicóloga vai voltar de manhã pra falar com ela. – conversamos um pouco, ela deu um beijo na Lily e saiu. De manhã a psicóloga falou comigo e com a Julie a respeito da Hillary. Ela estava rejeitando o fígado, mas não biologicamente e fisicamente. Ela estava o rejeitando emocionalmente. Minha filha estava entrando em depressão por ter recebido parte de um órgão da mãe que fez tudo o que fez com ela e os irmãos. Julie chorou muito ao saber e eu por um momento me senti mal por ela. A doença da Julie causou tudo isso, a frieza que ela já tinha antes mesmo da doença dela causou isso tudo. E eu me senti mal pela Julie pela primeira vez, porque eu sabia que a doença que fez isso tudo e ela sofria por não conseguir ser como uma mãe como outra qualquer, mas de certa forma, ela foi uma mãe melhor que muitas porque ela não negligenciou os filhos, ela os manteve seguros e saudáveis e com a plena consciência de que ela não poderia ser a mãe que eles mereciam e em alguns anos, isso ficaria pior, porque ela tinha uma grande chance de desenvolver demência. Não era Alzheimer, era demência mesmo e isso acabaria com ela rapidamente. Lily já era uma criança rejeitada pelo pai, pela família do pai e depois a mãe fingiu de morta e ela sofreu muito para depois saber que ela estava viva. Ela viveu muitas situações injustas na vida dela então o que ela estava sentindo era pesado. Julie ia embora em alguns dias e decidiu não ver a Lily mais, para não despertar gatilhos nela, a menos que a Lily desejasse vê-la. Contei a Lily sobre a doação de medula e ela achou uma ação muito bonita. Minha mãe e minha ex sogra ficariam com ela por dois dias para que eu me recuperasse, então o doutor Roward deu a boa noticia aos pais da criança e o transplante foi marcado para o dia seguinte. Eu fui internada, fiquei no quarto ao lado da minha filha. Eu não precisaria de cuidados como a criança ou como a minha filha, mas precisaria de repouso de três dias.

XX: Bom dia, eu vou cuidar da senhora a partir de agora. Eu sou a enfermeira Elizabeth, mas pode me chamar de Beth.

Eu: Bom dia Beth e pode me chamar de você ou de Priscilla.

XX: Ok Priscilla. Você vai sentir náuseas, algumas dores no corpo por causa da medicação que darei agora e após a doação. Vai precisar ficar pelo menos três dias de repouso, mas poderá ir pra casa amanhã ok? Mas fica quietinha na sua cama, sem pegar peso, sem subir e descer escadas.

Eu: Tudo bem.

XX: Sua filha está aqui né? Fez transplante de fígado.

Eu: Sim, fez. Está se recuperando muito bem graças a Deus.

XX: Isso é maravilhoso. Vemos tanta gente sofrendo aqui que as noticias boas mudam totalmente nosso dia.

Eu: É... Não é fácil ver o sofrimento de ninguém ainda mais de crianças. No Bahrein eu vi muita gente morrer sem poder fazer nada para ajudar, principalmente crianças.

XX: É fuzileira?

Eu: Capitã da Marinha, sou médica de trauma.

XX: Obrigada pelo seu serviço.

Eu: Por nada. – sorri de leve.

XX: Ontem a noite uma criança faleceu, tinha 7 meses. Um problema gravíssimo no coração. Precisava de um transplante. Se um transplante em adulto é raro, imagina em um bebê de 7 meses.

Eu: É... praticamente ganhar na loteria.

XX: Sim. – eu fui levada para uma sala, eu não precisava de sedação, fui anestesiada, estava enjoada como disseram. Acabei dormindo com o remédio que me deram depois para dor.

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