Capítulo 32

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Cheguei lá na hora o almoço, me hospedei num hotel, já almocei por lá mesmo e sai. Era final de semana, era sexta feira. Eu peguei um táxi e fui até a porta da casa dele. Vi um homem saindo assim que cheguei. Fiquei de longe, dispensei o táxi. Tinha uma pequena praça perto. Não demorou muito vi John. Eu segurei o ar... Aquilo doeu infinitamente dentro de mim. Era ele... Era o meu marido, a pessoa por quem eu chorei debruçada num caixão. Ele estava ótimo, enquanto me deixou em pedaços. Não só a mim, mas o filho dele também. Ele se despedia de uma moça com varias pastas nas mãos e falava de toalhas de mesa. Só podia ser do casamento. Ele entrou e ela tentava abrir a porta do carro dela sem sucesso por causa das mãos ocupadas e foi a minha oportunidade. Eu me aproximei.

Eu: Deixa que eu te ajudo - peguei as pastas que quase caiam no chão. Em cima das pastas tinham pequenos convites desses de festa.

XX: Ah... Obrigada – sorriu e virou para carro. Peguei um convite rapidamente e coloquei no bolso. – Muito obrigada.

Eu: Imagina... Tenha uma ótima tarde.

XX: Você também. – sai andando. Tirei o pequeno convite do bolso e estava escrito em dourado "John e Rodrigo" e a data, local e horário do casamento. Era no dia seguinte. Meu corpo todo arrepiou. Eu sai dali, parei numa loja comprei um vestido floral, era o code dress do casamento, cores azuis, verdes, amarelas, e florais. Era curto até no joelho. Comprei uma sandália também para combinar e uma bolsa de mão. Eu não estava preparada para um casamento. Não dormi a noite inteira e estava exausta. O casamento era as 10 da manhã. Eu tomei um longo banho, fiz um penteado básico, um coque bagunçado com algumas mechas soltas, que eu chamo de cabelo de mãe exausta, normalmente. Fiz uma maquiagem leve com o que eu tinha levado e não era muito. Me vesti e desci. Tomei só um café preto enquanto esperava o táxi. Logo chegou fui até o local da festa. Não era muito longe dali, era num restaurante na beira da praia e o casamento era na área verde de fundos para o mar. Estava tudo bem bonito. Eu entrei não tinha lista, apenas pegaram o convite da minha mão. Eu fiquei o mais escondida possível para que ninguém me notasse. O casamento começou. Quando o Rodrigo ia entrar eu o deixei me ver. Ele parecia em choque com a minha presença ali. Eu o olhava como se pudesse mata-lo com meu olhar. Em seguida John sorridente, e brilhando mais que o sol naquela manhã de Los Angeles. Não o deixei me ver. Rodrigo estava sério, aquele sorriso que ele estampava quando ia entrar não existia mais, deu lugar a um medo e um susto sem igual. Ele não falou nada a John. A cerimônia ocorria muito bem até a pergunta...

XX: Acredito que não teremos esse problema, mas vamos perguntar não é? – o cerimonialista falou e todos riram – Alguém aqui tem algo contra esse casamento? Se alguém tiver, fale agora ou cale-se para sempre.

Eu: A esposa do John tem... – falei alto e todos olharam para trás. John parecia um fantasma de tão branco que ele ficou. Conseguiu ficar mais branco que já era. Fui andando lentamente até o altar. – Está sem palavras querido? Eu posso imaginar – tomei o microfone da mão do cerimonialista que estava com uma cara de "o que eu faço? Eu nunca cheguei nessa parte.". – Bom dia aos convidados desses dois safados pilantras. Meu nome é Natalie Kate Smith Colman, eu sou a esposa do John. Até a poucos dias, eu era a VIÚVA do John... - A onomatopeia foi audível naquele momento. – Isso mesmo... Ele se passou por morto. E o pior – comecei a rir – Eu acreditei. Mas óbvio que ele deixou muita ponta solta. Como a aliança intacta, a correntinha. Para quem supostamente se explodiu no ar, estavam em perfeitas condições querido. E mais... A ligação do capitão Mark Jones Tedlake. – ri – Soube que a peça é muito boa Rodrigo. Mark Jones nada mais é que o papel do noivo aqui presente, mas isso todos vocês devem saber, afinal, vocês são amigos deles. Se você tivesse aparecido na minha porta como realmente acontece, a suspeita de que o meu querido marido estava vivo, não teria existido. E se você querido marido, não tivesse mandado me entregar seus pertences, teria ficado mais real, mas você foi amador até nisso.

John: Natalie, por favor...

Eu: Esse casamento não pode acontecer legalmente, porque ele ainda é casado.

Cerimonialista: Mas aqui consta que a esposa dele faleceu. – mostrou a certidão de óbito e eu gargalhei.

Eu: Vocês pensaram em tudo. Para sair do nosso casamento você se fez de morto e para se casar, você me matou. Essa certidão é mais falsa que os dois, porque eu estou aqui vivinha. Eu estava grávida sabia? – ele se assustou ainda mais. - Eu perdi o bebê a pouco tempo. Pouco depois da sua família tentar me matar pela segunda vez. Tentar matar a mim e ao seu filho de 2 anos que sente falta do pai todos os dias. Isso tudo aqui que está acontecendo John, poderia estar acontecendo de maneira correta. Você dizendo que queria divorcio, que se apaixonou por outra pessoa, por um homem e que não estava mais feliz com a gente, com a nossa relação. E por gostar de você eu sofreria, mas eu jamais te prenderia numa relação infeliz. Você me conhece muito bem para saber disso. Eu poderia estar aqui hoje, não contando a verdade sobre você, mas como convidada, torcendo pela sua felicidade, e seu filho poderia estar aqui participando desse momento com você, porque eu jamais impediria nosso filho de conviver com você e com a pessoa que você escolheu para viver desde que ele respeitasse nosso filho. Mas você escolheu o caminho mais difícil. Me fazendo sofrer, fazendo o seu filho de 2 aninhos sofrer. Você foi covarde. Para um piloto da força área americana, você é muito covarde para a vida. Agora tenha a decência de se divorciar e depois dar andamento no seu circo. E por favor... Se você tiver algo a ver com as tentativas de assassinato que sua família está promovendo contra mim, peça-os que pare, não me interessa nada deles, não me interessa conviver com eles, meu filho e eu temos uma vida boa, e estamos muito bem sem eles e sem você também. Babaca. – joguei o microfone nele – E isso, fica comigo – Era o atestado de óbito falso que ele apresentou para anexar na documentação civil dele para que o casamento dele tivesse validade. Eu sai andando. Peguei o primeiro táxi que vi e fui para o hotel. Chegando lá eu vomitei muito, eu estava enjoada, eu estava com raiva daquilo. Chorei... Chorei de raiva, de ódio dele.

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