Era horário do almoço, então paramos num drive trhu compramos algo para comer e fomos pra casa. Descemos as malas depois de comer, tomamos um banho, as crianças foram brincar no parquinho, minha filha foi buscar uma encomenda que ela fez numa loja da Apple e já tinha chegado e a Natalie e eu sentamos no quintal para ver as crianças brincando.
Nat: Que loucura foi tudo isso.
Eu: Nem me fala. – suspirei. - Quando eu vi o carro vindo desgovernado eu tirei a gente da pista senão um dos carros que fossem atingidos nos atingiria também.
Nat: Loucura. Pelo menos quase todos saíram com pequenas escoriações.
Eu: É. O senhor que infartou vai ficar bem, acho que foi o susto.
Nat: Por que não me ajudou no parto?
Eu: Fico me sentindo estranha.
Nat: Nunca fez partos?
Eu: Claro que já. Mas lembro de quando descobri sobre o Nicolas, lembro da minha filha. Ainda me sinto estranha.
Nat: Entendi. Posso te fazer uma pergunta? Se não quiser responder tudo bem.
Eu: Claro.
Nat: Por que nunca tentou engravidar?
Eu: Já tentei. Sete vezes. As duas primeiras não desenvolveram, a terceira eu perdi com 12 semanas, a quarta eu cai da escada com 6 semanas a quinta eu sofri um acidente de carro com 9 semanas, a sexta eu perdi com 5 semanas e a sétima foi uma gestação ectópica.
Nat: Nossa... – suspirei.
Eu: A minha filha não é minha filha, e o meu filho também não é meu filho. Acho que é maldição, sei lá. Eu nunca terei filhos pra falar que é meu bebê, que eu planejei. Quando isso aconteceu, não foi planejado, mas eu estava feliz, foi a Chloe e olha como acabou... – dei de ombros tentando não chorar. Era uma dor dentro de mim, não poder gerar e nem planejar como eu gostaria.
Nat: Você quer ter filhos comigo?
Eu: Você quer ter filhos comigo? – eu devolvi a pergunta.
Nat: Se você quiser eu quero. Eu engravido, ou a gente adota. – sorriu lindamente pra mim e eu a abracei e comecei a chorar. Eu estava cheia de sentimentos.
Eu: Eu queria tanto vê-la sorrir, olhar pra mim, começar a andar. Doi tanto que as vezes parece que vou sufocar. – solucei.
Nat: Eu sei que dói... E vai doer pra sempre, mas com o tempo, vai amenizar você vai ver. É recente, é ferida aberta ainda. Coloca pra fora. – fazia carinho nas minhas costas e eu chorei. Chorei como nunca. Me soltei do abraço e comecei a falar.
Eu: No funeral, eu sentia que estava fora do meu corpo... Eu estava anestesiada. Eu não ouvia o que as pessoas falavam. Eu só sentia um vazio imenso dentro de mim, um vazio nos meus braços. Eu pedi um milagre, mas não aconteceu – solucei. Natalie já chorava me ouvindo – Eu precisava ser forte, pelos meus filhos. Meu filho demorou a processar o que estava acontecendo, perguntou porque a mamãe estava dormindo dentro de uma caixa fechada e quando eu disse que ela foi morar com o Papai do Céu ele chorou muito porque ele dizia que ia sentir muita saudade. Minha filha se sentou num canto, abraçou as pernas e ficou ali por horas, chorando, na mesma posição. Ninguém tocava nela, ninguém podia chegar perto. Ela só queria sentir ali aquela dor absurda que ela estava sentindo. Minha sogra estava intercalando a dor dela com a nossa. O presidente foi ao funeral e eu nem me lembro dele falando comigo. Eu só conseguia pensar que eu não seguraria minha filha no colo, que eu não veria os olhinhos dela abertos, que eu não ouviria o choro dela, não sentiria o cheirinho dela. Eu fiz um quarto lindo pra ela. Eu mesma pintei, montei os moveis, lavei cada roupinha dela e passei. E ela foi embora. A tiraram de mim. A Hillary explodiu num choro descontrolado no enterro e numa revolta dolorosa. Dizendo que a mãe dela não era um tapinha nas costas e uma bandeira dos Estados Unidos dizendo que ela era uma heroína. Era a mãe dela. Ninguém impediu... Eu deixei que ela colocasse aquilo pra fora, meus sogros e cunhados também, minha família. Ela precisava daquilo, não era justo com ela, não era justo com ninguém. Naquele mesmo dia, eu comecei a arrumar tudo para sair de Washington. Em menos de 1 mês eu fui dispensada do trabalho, eu consegui um apartamento aqui, vim pra cá fiquei 3 dias e comprei alguns moveis, voltei pra lá, pedi uma amiga de confiança para desfazer das coisas da casa pra mim, das coisas da minha filhinha, vendi meu carro e da minha esposa e viemos para NY. Eu sabia que o Ian tinha se mudado pra cá, e a policia não tinha ideia de quem tinha feito aquilo com a minha família.Era o que eu pensava.
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PARANOIA
FanfictionMeu nome é Priscilla Pugliese, tenho 35 anos e sou muitas coisas, mas as principais delas, sou capitã da Marinha dos Estados Unidos reformada, ex agente secreta do FBI e agente da NSA, que é a Agência de Segurança Nacional em Washington D.C na Casa...