Capítulo 57

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Ela logo abriu a porta.

Nat: Oi... – me abraçou e me deu um beijo.

Eu: Oi...

Nat: Estava preocupada.

Eu: Eu sei – suspirei.

Nat: Almoçou?

Eu: Não. Estou sem fome. Eu acordei tarde, tomei café.

Nat: Quer comer alguma coisa?

Eu: Não amor, estou bem.

Nat: Que bonequinha – sorriu.

Eu: Ela é perfeita não é? – sorri toda boba. Dei meu celular pra ela ver as fotos. Contei a ela como foi tudo e nem me dei conta que eu estava chorando.

Nat: Hei... – me abraçou.

Eu: Como eu vou contar isso para os meus filhos? A minha filha quase morreu num acidente, meu filho tirou um tumor do cérebro e é a criança mais feliz que conheço. Como vou contar isso pra uma criança que vai fazer 3 anos em algumas semanas? – secava o rosto.

Nat: Precisa procurar ajuda psicológica, pra você e para as crianças.

Eu: Já tenho um contato pra isso.

Nat: Então procura, conta sua historia e peça ajuda. Eu posso te ajudar também.

Eu: Eu pensei em pedir meu irmão para estar presente, mas ele já vai ter ido para o Brasil. Ele vai embora amanhã.

Nat: As crianças ficam com a sua mãe até que dia?

Eu: Até amanhã.

Nat: Eu te ajudo. Conta pra Hillary primeiro. Depois a gente conta para o Nicolas.

Eu: Amanhã vou pra casa da minha mãe.

Nat: Eu vou com você, ok? – me abraçou - Eu te amo.

Eu: Eu te amo. Obrigada por tudo, obrigada por estar comigo sempre.

Nat: Não vou deixar você sozinha nessa. Nunca... – essa mulher é incrível. Ela não me deixava sozinha nunca. Ela é a mulher dos sonhos de qualquer um. Eu fiquei com ela ali o resto do dia e acabei dormindo na casa dela. Na manhã seguinte tomei café da manhã com a Natalie, fui em casa tomei um banho, me troquei e peguei o carro. Natalie pegou a cadeirinha do Aiden e colocou no meu carro o colocou na cadeirinha e entrou também. Logo fomos pra New Jersey. Passei boa parte do caminho pensando como eu diria isso pra minha filha. Foram 2h30 de viagem. – Tem casas lindas aqui.

Eu: Sim. É o melhor lugar para se morar, entre Nova York e Newark. Caro, mas é um excelente lugar.

Nat: Como veio parar nos Estados Unidos?

Eu: Eu nasci aqui e morei até os 5 anos depois fui morar no Brasil e vim pra cá de novo com 10 anos. Meu pai trabalhava aqui a alguns anos já e nos mudamos pra cá. Ele fez o ensino médio aqui, namorou a distancia com a minha mãe e entre brigas e reconciliações se casaram. Meu pai faleceu dois anos depois de virmos morar aqui. Morávamos em Chicago. Meu irmão nasceu lá. Depois da morte dele os negócios do meu pai se expandiu e nos mudamos para Flórida. Eu fui para Washington com 16 anos para terminar o ensino médio na escola militar e entrei já no treinamento para a Marinha. Com 17 entrei na faculdade de medicina e aos 21 eu fui para a minha primeira missão como residente num navio. Minha mãe voltou para o Brasil com meu irmão e eu fiquei. Depois eu voltei e formei em dois anos e fui para a missão novamente onde fiquei até o ataque. Minha mãe voltou pra cá a uns 5 anos e agora meu irmão está voltando também. O resto você já sabe. – chegamos na casa da minha mãe. Descemos do carro e entramos na casa, estava bem frio. – Mãe?

Mãe: Oi... Que bom que chegaram, estou fazendo almoço. – a abracei. – Como você está?

Eu: Nem sei mãe... A Lily e o Nick?

Mãe: Nick está brincando com as crianças do Felipe. A Lily está fazendo trabalho do colégio. Felipe e a esposa estão terminando de fechar as malas.

Eu: Que horas eles vão?

Mãe: As 14 horas. Vão almoçar e eu vou leva-los ao aeroporto de Newark. – Aiden foi brincar e eu fui falar com a minha filha.

Eu: Oi... Posso entrar? – ela estava no escritório da minha mãe.

Lily: Oi mãe, claro – sorriu de leve. Dei um beijo nela.

Eu: Como você está?

Lily: Bem. As dores passaram, sinto de vez em quando, mas não é nada demais. Está melhor para dormir, para me movimentar. Os hematomas estão diminuindo também.

Eu: Que bom. – sorri de leve.

Nat: Oi...

Lily: Oi Nat – sorriu pra ela.

Nat: Parece bem melhor.

Lily: Estou sim, finalmente. Segunda volto para a escola.

Eu: Filha a mamãe tem uma coisa pra te contar. E é muito séria.

Lily: O que houve? – ficou séria.

Eu: Vem, senta aqui... – fomos para o sofá. Ela sentou de um lado e eu do outro e a Natalie na poltrona em frente. – A Nat vai ficar aqui tudo bem pra você?

Lily: Claro.

Eu: Lembra quando você viu aquela mulher em vários lugares em Washington que você achou estranho?

Lily: Sim, ela lembrava a mamãe. Achei estranho. – fez careta.

Eu: Então... Lembra também que o Nick disse que tinha uma amiga grande na escola que aparecia lá para conversar com ele e depois disse que a mamãe ia visita-lo e eu perguntei se era no sonho e ele disse que não?

Lily: Lembro, o que tem isso?

Eu: Olha... – dei as fotos das câmeras pra ela e ela olhou todas assustada.

Lily: Parece a mamãe... Parece muito a mamãe... Quem é essa mulher? Essa aqui, é no hospital quando eu estava lá – me encarou e encarou a Natalie.

Nat: Essa foto foi de um vídeo que eu fiz numa noite que você estava no hospital. Ela estava lá e te deu um beijo.

Lily: Não estou entendendo.

Eu: Essa mulher... É a Julie...

Lily: Como assim?

Eu: A sua mãe está viva Lily...


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