Capítulo 93

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Quando acordei olhei o relógio da parede a minha frente e era 21:30. Eu dormi tudo isso?

XXX: Oi... – uma moça com aparência cansada estava na poltrona ali do meu lado.

Eu: Oi. Desculpa... quem é você?

XXX: Eu sou Rachel mãe da Nya a garotinha que você doou medula. Achei que seria bom você acordar e ter alguém aqui. A tia da sua filha está com ela no quarto dela e sua mãe está com seus filhos mais novos porque... – pensou um pouco – Está nascendo um dente na Chloe e ela estava com febre, mas está bem – sorriu.

Eu: Eu dormi tanto que aconteceram muitas coisas – ri.
XXX: Acho que você estava bem cansada, precisava de algumas horas de sono.

Eu: É, eu precisava. Enfim... Como está a Nya?

XXX: Está bem. Recebeu bem a medula, está isolada está dormindo. O pai dela foi dormir com os nossos outros filhos em casa, e amanhã vai ser a vez da mamãe dormir em casa.

Eu: Que bom, isso é bom. – sorri. – Deveria ir pra casa também. Ela está isolada não pode ficar com ela.

XXX: Quero estar por perto se algo acontecer. Eu moro a 2 horas daqui, se eu for pra casa e acontecer alguma coisa eu vou enlouquecer. E eu sai da casa da tia do meu marido depois de brigarmos por religião.

Eu: Como assim?

XXX: Ela é testemunha de Jeová e na doutrina deles, não se pode fazer transfusão de sangue ou transplantes nem nada do tipo. Eu estou a um ano ouvindo absurdos dela como "você deve deixar sua filha morrer para o Senhor". Eu respeito a religião dela, eu respeito o que ela acredita, mas não é o que eu acredito. Eu sou católica, meu marido é, meus sogros, meus pais, e nossa filha merece uma chance de viver. O marido dela discutiu com ela por causa disso, inclusive estão se separando, porque o filho deles de 8 anos precisou de uma transfusão de sangue e ela não aceitou. O marido não é Testemunha de Jeová, e nem o filho frequentava a igreja, mas como ela foi o contato próximo, ela não aceitou e o menino morreu. Estão em processo de divorcio. Enfim... Ela disse que já que a minha filha ia receber medula, ela não me queria na casa dela mais. Meu marido foi pra nossa casa após o transplante e eu fiquei.

Eu: Quanta ignorância meu Deus...

XXX: Pois é...

Eu: Rachel, aqui na frente tem um apart hotel, não é cinco estrelas, mas é bem confortável, vou reservar um apartamento pra você lá.

XXX: Priscilla, por favor, você já ajudou demais.

Eu: Eu faço questão. Assim você não precisa dirigir duas horas, nem seu marido. Fiquem o tempo que precisarem, descansem, não vão precisar se preocupar com nada. Vou ligar lá agora e você vai tomar um banho decente, e vai dormir numa cama decente. – ela começou a chorar.

XXX: Obrigada, por tudo... Não tem ideia da alegria que é ter nossa filha de volta.

Eu: Eu sei como é... Sei bem como é... – eu pedi um documento dela e peguei o telefone do quarto. Liguei no apart ali em frente deixei reservado por 40 dias que é o prazo provável da menina no hospital. Deixei o apartamento com café da manhã, almoço e jantar também. Dei meu nome, eu era conhecida já então não teria problema. Faria a transferia bancaria assim que pegasse meu celular. Ficamos conversando até o médico vir me examinar e ela foi descansar. Eu dormi de novo. Natalie não apareceu, ela estava com raiva de mim. Na manhã seguinte tomei um ótimo café da manhã, tomei um banho e recebi minha alta. Fui para o quarto da minha filha. Ela estava no banho, as enfermeiras a ajudavam e minha ex sogra e minha ex cunhada estavam lá.

Lyn: Como está? Já ia subir pra te ver.

Eu: Estou bem. Como ela está?

Lyn: Está bem. Taylor disse que dormiu a noite toda. Acordou com um pouquinho de dor, mas está bem. Sua mãe está vindo pra cá, eu vou ficar com ela até sua mãe vir.

Eu: Obrigada por isso. Eu preciso ficar de repouso três dias, eu sinto dor, mas eu venho vê-la todos os dias.

Lily: Mãe, vai descansar, eu estou bem. Precisa de repouso.

Eu: Bom dia filha – dei um beijo nela. – Como está?

Lily: Bem. Entediada, quero meu quarto e minha cama.

Eu: Em alguns dias vai pra casa.

Lily: Como está se sentindo?

Eu: Cansada e dolorida, mas estou bem.

Lily: Vai descansar, eu estou bem ok? Eu te amo.

Eu: Eu te amo. – agradeci a Lyn e a Taylor. Eu ia deixar a Taylor em casa e ia pra casa. – E ai, Serviço secreto ou FBI?

Taylor: Como sabe?

Eu: A gente tem as mesmas manias digamos assim. Se esgueirando por ai, mais de um telefone, roupas escuras, armada o tempo todo.

Taylor: Serviço secreto.

Eu: Você está vigiando sua irmã não está? Ela soltou uma fala esses dias e deu a entender que a agente dela era você.

Taylor: É. Digamos que sim. Como ela já foi para o hotel e hoje deve ir embora, eu já estou liberada da função então estou cuidando da minha sobrinha.

Eu: Conversou com ela? Com a Julie?

Taylor: Não muito. Sinceramente não achei que a Julie fosse doar.

Eu: Eu também achei que não. Ela é imprevisível.

Taylor: Eu acho que ela está bem, está sã. Mas eu não sei por quanto tempo. Ela tem traços de psicopatia, além da síndrome de borderline. Então por mais triste que seja, é melhor ela ficar longe.

Eu: É... – a deixei no apartamento dela e fui pra casa. Eu subi para o meu quarto, ouvi minha mãe falando no telefone com meu irmão, as crianças não estavam em casa, devem ter saído com a babá. Eu me troquei e sentei na cama. Logo ela bateu.

Mãe: Precisa de alguma coisa?

Eu: Não, obrigada. Como estão as crianças?

Mãe: Estão bem. A Chloe teve febre, é dentinho nascendo, mas está bem agora. Os três estão no parquinho do condomínio com as babás e a Natalie saiu com a Debora. Eu vou para o hospital depois do almoço ficar com a Lily.

Eu: Ok.
Mãe: Aquela mulher me ligou.

Eu: Conversaram?

Mãe: Não, eu não a deixei falar.

Eu: Mamãe...

Mãe: Não Priscilla... Não vamos discutir isso agora. Acho bom falar disso com a sua mulher, porque ela não está querendo te ver nem pintada por causa disso e eu não vou me meter. Ela me perguntou quem ela era e eu pedi para te perguntar.

Eu: Ok, vou dormir, estou cansada e com dor, não precisa me chamar para almoçar. E pede a Anny para levar as crianças pra escola ou a Natalie leva.

Mãe: Ta bom. – saiu do quarto fechando a porta. Eu não demorei a dormir, estava bem cansada e dolorida. Natalie não falou comigo aquele dia.


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