Capítulo 58

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Lily: Mãe, não tem graça. – riu nervosa – O que significa isso?

Eu: Antes de ontem eu fui até o apart que ela estava hospedada. Eu a encarei, eu a vi, a gente conversou... Ela armou toda a morte dela, todo o cenário. Ela foi presa, e foi para a prisão do Pentágono ontem a noite.

Lily: Mãe... – sussurrou – Eu senti uma dor absurda de ter perdido minha mãe, por meses pra saber que ela está viva? – deixou as lágrimas caírem.

Eu: Eu fiquei tão surpresa e indignada quanto você filha... – contei tudo que eu sabia pra ela.

Lily: Meu Deus mãe... que absurdo... O vovô... Como ele pode? A vovó vai ficar arrasada.

Eu: Vai...

Lily: A Chloe? Ela... Ela está?

Eu: Viva... Ela está viva... E virá para minha guarda em duas semanas.

Lily: Que absurdo mãe... Eu não consigo entender... – soluçava e eu a abracei.

Eu: Eu sei amor... Eu sei...

Nat: Lily se quiser vê-la, sua mãe vai entender.

Lily: Não... Eu não quero vê-la. Ela morreu aquele dia. Ela me fez passar por tudo aquilo. Então não... Eu não quero vê-la. – falou nervosa.

Eu: Tudo bem filha, tudo bem. – fiz carinho nela e ela chorou muito. Depois de um bom tempo ali, ela falou.

Lily: E o Nick? Como vai contar pra ele?

Eu: Estou pensando em falar com uma terapeuta para saber como abordar esse assunto com ele.

Lily: É... Ele não vai entender muita coisa.

Eu: Pois é... – depois de um bom tempo ali perguntei. – Quer marcar um horário com a sua terapeuta?

Lily: Eu vou ligar pra ela. A gente vai pra casa hoje?

Eu: Vamos sim.

Lily: Vou marcar para amanhã.

Eu: Se quiser conversar filha, por favor, procura a mamãe. Ou procura a Nat, ou a vovó.

Lily: Eu estou bem mãe. Eu vou ficar bem. – me deu um beijo no rosto. – Vou terminar meu trabalho.

Eu: Ok. Eu te amo.

Lily: Eu te amo. – a gente saiu.

Nat: Foi melhor do que esperávamos.

Eu: Foi sim. Mas isso me preocupa ainda. Hillary é uma bomba relógio. – suspirei.

Nat: Vamos passar por isso ok. – me deu um selinho. Depois de algum tempo fomos almoçar. Hillary quase não comeu, estava chateada, estava pensativa e ela tinha razão suficiente pra isso. Nos despedimos do meu irmão, da minha cunhada e dos meus sobrinhos. Minha mãe foi leva-los ao aeroporto em Newark e logo voltou. A gente foi embora já era noite. A mamãe não ia pra Nova York, a vovó estava com ela, meus tios já tinham ido também para o Brasil e logo voltariam. A gente voltou pra casa, minha filha não abriu a boca o caminho todo, só disse que estava com dor. Chegando em casa ela foi tomar banho, dei um remédio pra ela e peguei meu telefone.

Eu: Quer conhecer sua irmãzinha?

Lily: Tem foto dela?

Eu: Sim. – sorri. Dei o celular na mao dela.

Lily: Oh meu Deus, ela é perfeita mãe – riu e chorou. – Ela tem os olhos azuis.

Eu: Sim, ela tem.

Lily: Ela é linda demais mãe...

Eu: Muito.

Lily: Como vai ser isso?

Eu: Eu não sei. Eu estou com medo, eu estou preocupada.

Lily: Estou tao magoada e com raiva. Ela não tinha esse direito mãe, ela não tinha o direito de destruir nossa vida, de nos fazer chorar como se tivéssemos perdido um pedaço nosso, para estar ai, viva. Meu Deus o Nick mãe? Ela não tinha esse direito. Ela não tinha o direito de tirar a Chloe de nós. – ela estava revoltada.

Eu: Eu sei Lily, eu também estou com raiva, estou magoada, não consigo compreender um monte de coisas, mas ela fez isso. Vão alegar transtorno borderline, mas isso não diminui a gravidade do que ela fez, não vai reduzir a pena que ela vai pegar, porque ela está vivendo uma outra vida, como se não tivesse feito nada de grave. E o pior com a ajuda do seu avô... Eu não consigo parar de pensar na decepção da Aeelyn quando souber disso, dos seus tios.

Lily: A vovó vai ficar arrasada mãe.

Eu: Vai sim filha, ela vai ficar péssima com tudo isso, sem dúvidas. – suspirei – Agora temos que contar para o Nicolas, temos que preparar o quarto pra receber a Chloe, preparar a casa toda né – sorri.

Lily: É – sorriu. – Eu te amo. Obrigada por cuidar tão bem de nós. – me abraçou.

Eu: Eu também te amo filha, muito. – eu não dormia a duas noites. Estava preocupada, pensativa, cansada. Nicolas começou a falar da mãe sem parar parecia saber de tudo. Eu falei com a terapeuta que me indicaram e ela ia contar para o meu filho junto comigo. A Natalie estaria presente, e a minha filha também.

XX: Nicolas, lembra da moça que ia te visitar na escola na hora do parquinho?

Nick: Sim. É a minha amiga, mas ai eu vi que ela é a minha mamãe. A mamãe não mora no céu mais, ela mora aqui. – mexia em alguns brinquedos. A terapeuta me olhava.

XX: Nick, quando você a viu, ela disse que era a sua mamãe? E que não morava no céu?

Nick: Sim.

XX: O que mais ela disse?

Nick: Que eu tenho uma irmã neném. A Chloe.

XX: E como você se sente com isso? Com a Chloe indo morar na sua casa?

Nick: Acho legal.

XX: Você acha legal?

Nick: Acho.

XX: Nick, a mamãe vai ficar longe por muitos e muitos anos agora.

Nick: Eu não vou mais ver ela?

XX: Por muito tempo não querido.

Nick: Um dia ela volta?

XX: Pode ser que sim, pode ser que não.

Nick: Ah... – continuou montando o quebra cabeças. Ela continuou conversando com ele, eu falei também, a Lily falou e ele estava bem com isso.

XX: Olha Priscilla, ele está bem com isso, ele sempre soube pelo visto desde que ela apareceu. O observe e vamos continuar com a sessões, vai ser importante pra ele.

Eu: Ok. – conversamos um pouco e fomos embora. Eu pedi algumas coisas pelo Amazon e já tinham chegado. Fui ao Home Depot comprei tinta, papel de parede para pintar o quarto da minha filha. Natalie me ajudou a esvaziar o quarto, minha filha foi a uma loja de bebês comprar roupas de cama, toalhas, alguns brinquedos e algumas roupinhas também. A gente compraria o resto quando ela chegasse. Minha sogra recebeu o comunicado do FBI sobre a Julie. Acharam melhor ela não saber por mim e eu achei melhor não contar também, eu não queria falar mais sobre isso. Eu queria agora receber minha filha e seguir minha vida. Meu telefone tocou, era a minha sogra. Eu não estava preparada para essa conversa.


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