Fui ver minha paciente na manhã do dia seguinte, ela ainda estava em coma, mas estava reagindo bem e provavelmente teria que amputar a perna. Fui ver a garotinha que a Natalie estava cuidando e ela já tinha acordado. – Hei pequena... – falei com ela em árabe e ela respondeu.
XX: Hei titia... Cadê minha mamãe?
Eu: Qual o seu nome?
XX: Anira. Anira Shank.
Eu: Anira, eu sou a tia Pri essa é a tia Nat, a gente vai cuidar de você até aparecer alguém da sua família. Como sua mamãe se chama?
XX: Sumaia e meu papai Jadur.
Eu: Eu vou procurar por eles tá bom? Você morava com mais alguém?
XX: Com a vovó e o vovô. Dahur e Anika.
Eu: Tudo bem querida. Sabe me dizer se você ia a escola e onde morava, qual a vila ou bairro?
XX: Escola para meninas. Moro na Vila do Jadark.
Eu: Você é uma menina muito esperta sabia? – me levantei. – Como ela está?
Nat: Mais forte e lúcida do que esperávamos. Ela vai para o quarto amanhã talvez.
Eu: Essa menina não é daqui. Ela não nasceu aqui, ela é americana.
Nat: Como sabe? Ela se comunicou em árabe com você. Eu entendi poucas coisas.
Eu: O sotaque dela é americano. Ela não nasceu aqui, ela deve ter vindo pra cá a pouco tempo, os pais devem ser daqui. Vou procurar a família dela. – sai rapidamente e fui para o meu escritório. Entrei na internet acessei minha conta governamental e digitei o nome dela. Não foi difícil encontrar dados dela. O passaporte dela abriu para mim, assim como dos pais. Anira é americana, nascida em Boston. Está no Bahrein a um ano e meio. O pai é dono de um grande comercio local e a mãe trabalha no comercio dos sogros. A família dela é bem grande, já a família do Jadur pai dela não é tão grande assim. A família de Sumaia mora toda nos Estados Unidos. Eu imprimi todos os dados que eu tinha inclusive telefone deles no Bahrein. Entrei nos dados do navio para checar se eles tinham dado entrada feridos, e vi que o avô e a avó sim, e foram operados. O avô faleceu e a avó está na beira da morte. Os pais estavam feridos, mas pelos dados estavam num hospital da cidade. Olhei o nome do hospital e pedi que alguém fosse chegar como eles estavam pessoalmente. Eu fui ver a minha paciente novamente e ela tinha ido para a cirurgia novamente, a perna dela estava a deixando muito instável então era melhor amputá-la. A correntinha dela estava comigo. Fuzileira Dhamer. Ela tem 42 anos, se chama Judie Dhamer, mãe de 4 crianças entre 14 e 4 anos, o marido trabalha numa multinacional. Ela mora em New Haven, Connecticut. Algumas horas depois fui vê-la e ela estava melhor e se recuperando no pós operatório. Vi que a família ainda não tinha sido avisada então fui até o capitão. – Capitão?
Capitão: Sim capitã Pugliese?
Eu: Não avisaram a família da fuzileira Dhamer que ela está ferida, acabei de checar no sistema.
Capitão: Sim capitã. Cada fuzileiro preencheu uma ficha sobre como queria que tudo acontecesse caso viessem a óbito ou ficasse gravemente ferido.
Eu: Uma diretiva?
Capitão: Sim. E a fuzileira, na ficha dela pediu que avisassem sobre o óbito dela apenas, ou se ela se ferisse gravemente e tivesse chance de se recuperar, avisassem a família somente quando ela começasse a se recuperar.
Eu: Entendi.
Capitão: Como ela está?Eu: Está reagindo bem. Melhor que o esperado. Acredito que ela vá sobreviver. Ela voltou para a cirurgia, não deu para salvar parte da perna dela, mas pelo que chequei, o ortopedista fez um ótimo trabalho para evitar dor do membro fantasma, e ela com certeza poderá receber uma prótese o mais rápido possível.
Capitão: Isso é ótimo capitã. – conversamos sobre algumas coisas. No dia seguinte soube que avó da garotinha faleceu, o pai estava bem ferido, mas não corria risco de morte e a mãe estava feito louca pelos hospitais a procura dela. Estava ferida, mas não precisou mais que observação. Me avisaram quando ela subiu ao navio.
Eu: Senhora Sumaia?
Sumaia: Minha filhinha, como ela está? – ela estava nervosa.
Eu: Ela está bem, ela não corre risco de morte, ela foi operada a tempo. – a levei até ela e ela chorou muito, nos agradeceu. Foram perguntar a ela o que ela queria fazer, já que ela tem cidadania americana, juntamente com o marido e a filha é americana, então ela pediu repatriação, queria ir para os Estados Unidos para a casa dos pais dela, e assim que a menina estivesse bem para uma viagem longa e o marido também, eles partiriam para os Estados Unidos.
Nat: Nada ainda da Judie?
Eu: Ela não acorda... Ela está respirando sozinha, mas ela não acorda. Não tem motivo especifico. – suspirei frustrada.
Nat: Fez tomografia?
Eu: Fiz. – mostrei pra ela... – O técnico disse que isso é da maquina, mas não sei. Eu não sou neuro.
Nat: Parece real pra mim. Ela teve um mini derrame e aquilo é acumulo de liquido.
Eu: Sério?
Nat: Sério.
Eu: Dá pra drenar?
Nat: Sim. E ela nem vai precisar de coma induzido depois. – chamei um neuro e ele confirmou e foi fazer o procedimento. Dois dias depois ela finalmente acordou e estava um pouco agitada e assustada, perguntando da garotinha.
Eu: Hei, Judie.. Calma, olha pra mim? – ela me encarou. – Sou a capitã Pugliese, eu operei você com mais um monte de médicos. Você estava apagada a 10 dias.
Judie: A garotinha, jogaram uma granada, eu a peguei na hora.
Eu: Ela está bem. Ela está viva e ela vai para os EUA com os pais dela em alguns dias fica calma. Ela está bem. – expliquei o quadro da garotinha pra ela e ela se acalmou. – Posso falar sobre você?
Judie: Sim.
Eu: Você teve um pneumotórax, um trauma de crânio, e sua perna esquerda foi gravemente ferida por estilhaço da granada.
Judie: Eu perdi a minha perna não perdi?
Eu: Perdeu parte da sua perna. Perdeu pouco abaixo do joelho. – ela assentiu. – Você estava ficando instável por causa da perna então foi a melhor decisão para salvar a sua vida. Não seria feito se não fosse para te salvar.
Judie: Vou poder usar uma prótese?
Eu: Com certeza. Fizeram um ótimo trabalho para que não sinta dor durante a adaptação.
Judie: Pelo menos agora eu posso aposentar de vez e ficar com a minha família. Não vou precisar ver meus filhos chorando na porta de casa enquanto eu saio para guerra sem saber se volto viva ou dentro de um caixão. – falou com ironia. – Desculpa capitã, eu não deveria... – eu a interrompi.
Eu: Tudo bem, você está certa. Acha que eu queria estar aqui? Você tem 4 filhos não é?
Judie: Sim. – sorriu de leve. – Layla tem 14 anos, Jaiden tem 10 anos, Timmy tem 07 e Dayse tem 04. Tem filhos?
Eu: Sim. Três... Hillary tem 17 anos está terminando o High School e quer ser astronauta e tem um potencial absurdo pra isso, ela foi até escolhida para conhecer a NASA.
Judie: Uau...
Eu: Nicolas tem 3 anos, pra ele o mundo é um parque de diversões. Alegre, ama um parquinho, ama desenhar, ama a escola, ama esportes. Os dois acabaram de fazer aniversario, fim de fevereiro e inicio de março. E a Chloe, ela faz 1 aninho em um semana e eu não estarei lá. A outra mãe deles, não vale o ar que respira e não chegará perto deles nunca mais e eu só penso que quero sair daqui viva pra cuidar dos meus filhos.
Judie: Já pode pedir dispensa essa semana. Completa um mês aqui. Chegou na ultima leva não foi?
Eu:Sim. O requerimento já está preenchido. –rimos. Conversei longamente com ela. Devolvi a correntinha dela, falei que erahora de avisar a família dela que ela se feriu gravemente.
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PARANOIA
FanfictionMeu nome é Priscilla Pugliese, tenho 35 anos e sou muitas coisas, mas as principais delas, sou capitã da Marinha dos Estados Unidos reformada, ex agente secreta do FBI e agente da NSA, que é a Agência de Segurança Nacional em Washington D.C na Casa...