Capítulo 89

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Desci, fui ver como estava o almoço, tinha que levar os meninos pra escola. As babás estavam dando comida para as crianças, logo eu os levei para a escola, levei a Chloe também e ela não quis ficar. Não adianta insistir, ela não queria, era muito abstrato pra ela. Ela não parava de chorar, teve até febre. Fiquei morrendo de pena. O Jordan e a Lily estavam almoçando quando eu cheguei.

Lily: Não quis ficar né?

Eu: Está até com febre.

Lily: Que dó mãe. Deixa ela. A Anny está aqui, ela pode ficar em casa mais um tempo, não tem necessidade de coloca-la na escola assim tão novinha. Está torturando a garota. Melhor não fazer mais isso.

Eu: É, eu não vou insistir mais, já falei com a diretora. Ano que vem a gente tenta de novo, ela um pouquinho maior, mas agora não vou insistir não. – subi coloquei a Chloe na caminha dela, desci para almoçar e logo subi de novo. Eu estava querendo deixar a Inteligência, já tinha cogitado pedir minha aposentadoria, eu podia fazer isso por causa dos trabalhos que já fiz. Eu estava correndo muito risco e minha família precisava vir em primeiro lugar. No fim da tarde a Nat chegou e depois do jantar colocamos as crianças na cama e fomos conversar com a Lily. Eu sou médica, eu conheço todo o processo, mas aquilo tudo estava acontecendo com a minha filha. Então eu ali era a mãe, e me sentia leiga no assunto, e não queria tirar as duvidas dela com a naturalidade de um médico enquanto meu coração de mãe estava aflito.

Nat: Quer falar sobre isso tirar duvida?

Lily: Eu vou morrer?

Nat: Esperamos que não. Ainda não sabemos como será seu tratamento que tipo de câncer é, se é benigno ou maligno se a cirurgia será suficiente, se precisará de transplante. Com certeza apareceu nos últimos 7 meses pra cá, então é recente.

Lily: Você vai estar lá? Na biopsia?

Nat: Eu não posso participar, por causa do nosso vinculo, mas vou esperar com a sua mãe. Deve demorar cerca de 1h30. Dependendo do resultado, você já começa a quimioterapia no dia seguinte ou já vem para casa.

Lily: Eu vou ter que sair da faculdade um tempo?

Nat: As vezes não. Dependendo de como vai ser seu tratamento.

Lily: A minha mãe já sabe mamãe? – me olhou.

Eu: Não filha. Eu não falei nada. Por mim nem saberá, a menos que você queira ou você precise de um transplante. Eu não sou sua mãe biológica. Se precisar de um transplante eu não serei compatível, não temos o mesmo tipo sanguíneo. E tem a família do seu pai, alguém deles pode ser.

Lily: Eu nunca me aproximei deles, eles jamais vão querer me doar parte de um fígado. Eu não quero que a minha mãe saiba agora.

Eu: Tudo bem, ela não vai saber agora. Mas filha, estamos aqui para o que você precisar.

Lily: Eu te amo mãe – me abraçou.

Eu: Eu também te amo filha, mais que tudo.

Lily: Te amo Nat, obrigada por tudo.

Nat: Eu também amo você minha linda. Estou aqui para você sempre que precisar ok? Não tenha medo. – a abraçou junto comigo. Fomos para o nosso quarto, resolvi não falar com mais ninguém da família sobre isso até ela fazer a biopsia. Coloquei um pijama e me sentei na cama. Natalie sentou atrás de mim fazendo massagem nos meus ombros. Eu comecei a chorar. – Vai ficar tudo bem amor. – beijou meu pescoço. – Ela vai se sair bem fica tranquila ok?

Eu: Eu estou com medo. Nunca senti tanto medo na vida Nat. – solucei.

Nat: Eu sei amor, eu sei. Mas ela é forte, ela é nova, vai se recuperar rápido, vamos passar por isso junto com ela ok? Olha pra mim... – virou meu rosto – Você precisa ser forte pra ela. – me beijou e me abraçou. Ela deitou comigo e ficamos conversando um bom tempo até eu dormir. Acordei cedo, fiz o café da manhã, era sábado. Coloquei a mesa, logo o Nick desceu, em seguida o Aiden desceu e a minha pequena chamou na portinha da escada. Eu subi, troquei a fralda dela e desci a colocando no cadeirão. Servi os três e me servi. A Natalie logo desceu também seguida da Lily se juntando a nós. Eu li as instruções do Jejum para a minha filha e ela poderia comer até as 16 horas. O Jordan foi lá pra casa e ficou o dia todo lá. No dia seguinte, saímos bem cedo, eu fiz a internação dela, a Natalie e o Jordan subiram com ela para o quarto. Logo eu subi e ela estava sendo preparada. Fez uns exames primeiro e em seguida o doutor Rubem veio falar com a gente. Pedi para ver o prontuário dela e eu li tudo que eu podia. Ela logo foi levada.

Eu: Vai ficar tudo bem ok? Eu te amo.

Lily: Te amo mãe. – eles a levaram. Fomos para a sala de espera e ficamos ali. A mãe do Jordan logo chegou, Katherine. A gente tinha uma amizade muito legal com os pais dele. Depois de quase 2 horas o médico veio.

Eu: E ai?

Rubem: Retiramos parte do tumor, mas ficou 20% dele que vamos ter que tentar retirar com quimioterapia.

Eu: Transplante não é? Independente do resultado da biopsia minha filha vai precisar de um transplante. Pode falar, eu sou médica.

Rubem: Sim, ela vai... A família precisa fazer exame de compatibilidade. Ela vai entrar na lista de transplante hoje. Ela é status B. Ela não está em fase terminal, pode aguardar fazendo quimio e em casa, ela não está em falência. Mas é melhor a família ser testada quanto antes para termos um doador logo.

Eu: Por que tudo pode mudar muito rápido se tratando do fígado, já que ele apareceu muito rápido.

Rubem: Sim.

Eu: É genético?

Rubem: Acreditamos que sim, porque ela é saudável, ela não fuma, não bebe, não se alimenta mal.

Eu:A família da outra mãe dela é toda bem saudável, acredito que possa ser do paibiológico dela. Ele morreu em combate, ela nem o conheceu. Enfim... – ele nos explicou algumas coisas, a quimio delaia começar no dia seguinte. Ela já ficaria internada. Como ela ainda estavasedada, eu fui em casa fiz uma mala pra ela e uma pra mim e voltei para ohospital. Avisei no meu trabalho que precisaria me ausentar pela doença daminha filha, a Natalie cuidaria das crianças. Eu precisava avisar a três pessoas...Minha mãe, minha ex sogra e minha ex mulher.


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